quarta-feira, 25 de março de 2009

Pastiches

A partir de: “Olha-me sorrindo uma criança.”

Alberto Caeiro:

Que inocência aquela,
De um olhar que me contempla
A passar por mim como se não fosse nada…
Alheia a toda esta irremediável certeza,
olha-me sorrindo uma criança.

Álvaro de Campos:

Olha-me sorrindo uma criança
certa, sim
Aquela que caí ali, sem um amparo.
Pobre tristeza… quem não a tem!

Ricardo Reis:

E no meu sonho
Olha-me sorrindo uma criança.
O seu destino
carregado agora em mim
E é quando acordo que vejo
Que com ela estou no meu fim.

Ana Catarina, 12H

terça-feira, 24 de março de 2009

Como fazer um relatório quando não se gosta de fazer relatórios:

Alguns trabalhos assumiram a forma de blogue, outros o formato de papel, bloco, caderno; outros ainda forma-me enviados por email. Isto significa que alguns destes bons trabalhos acabaram por não ser partilhados nem divulgados, o que é pena. Aqui está um exemplo de um que me chegou por email:

Um misto de balanço da matéria e do trabalho individual da aluna com uma ou outra reflexão que se pode relacionar com a visita de estudo pessoana, sob a forma de ficção.
O texto que se segue é Carolina do 12H, que usa o pseudónimo de Sahara e não gosta de fazer relatórios, pelo que encontrou esta forma inteligente de fazer, não o fazendo, o que lhe fora pedido que fizesse. :-)
Professora R




A arrastar os pés, Madalena percorreu as ruas por onde passeara com Mateus. Ainda tinha esperança de encontrá-lo algures, num sítio especial: na florista o "cantinho da Flor", onde ele trabalhara; na casa abandonada onde tinham acampado uma noite, na montanha onde costumavam ir para falar e pensar.
Desde que Mateus partira, que as ruas pareciam mais vazias e silenciosas. Ninguém falava do assunto, mas todos concordavam, silenciosamente, que o Nómada lhes fazia falta.
Com o livro que Mateus lhe deixara debaixo do braço, encaminhou-se para a colina. Sentou-se no muro de pedra, como fazia quando estava com o Nómada, e começou a ler.
Era um diário, com textos escritos pelo próprio Mateus, e algumas prosas e poemas copiados.
Madalena riu, ao recordar a obsessão de Mateus por Fernando Pessoa. Adorava-o; especialmente quando escrevia sob o nome de Alberto Caeiro: dizia que Alberto era realmente o mestre, porque não aprendera a sê-lo nem se esforçava para o ser, era-o e pronto.
A rapariga torceu o nariz: agora que pensava no assunto, Caeiro e Mateus eram muito parecidos... Tanto o Mestre como o Nómada viviam em paz consigo mesmos e com o mundo, porque eram livres de tudo: do passado, do futuro, dos outros e deles mesmos. Memórias não as tinham, espectativas também não, nem dos outros, nem deles mesmos.
Ao sentir que o rosto se lhe contorcia ameaçando choro, Madalena inspirou fundo e tentou controlar-se: quem lhe dera poder ser como o Mateus, sem passado também.
Recordou então aquela vez em que Mateus lhe dissera que ela era muito parecida com Álvaro de Campos, se bem que, ao esforçar-se por ser como Caeiro, passasse por vezes por Reis.
Na altura, Madalena torcera o nariz e decidira que Mateus era completamente doido, mas agora percebia que, de facto, ela se entregava demasiado ao sentimento e que, ao ver a paz em que Mateus vivia, saboreando moderadamente cada sensação, tentara ser como ele, dominando-se um pouco como fazia Reis.
Então, entre duas páginas do diário, Madalena encontrou uma fotografia de um café, que reconheceu como "A Brazileira". Na fotografia, Madeus estava sentado ao lado da estátua do poeta, usava um par de óculos partidos e um chapéu de côco. Na mesa estava pousado um bloco de notas, e o Nómada brindava alegremente a Fernando Pessoa com uma garrafa de absinto. No verso da fotografia, estava escrito: "Eu e o meu amigo Pessoa, em Flagrante delitro. Ai se a Ofélia e a Madalena sabem..."
Então a rapariga riu a bom rir, e começou a ler o texto que Mateus escrevera sobre a Lisboa Pessoana. De nada Mateus se esquecera: da rua, dos prédios, dos cafés e do Animatógrafo (Mateus comentara vezes sem conta que lhe custava acreditar que Pessoa frequentasse aquele lugar, mesmo sabendo que antes não fora o que é agora).
Os outros textos que Madalena encontrou no diário falavam de coisas estranhas: sendo que um diário serve normalmente para narrar o quotidiano das gentes, não fazia o menor sentido que Mateus escrevesse cartas a Pessoa e aos respectivos heterónimos, nem que reflectisse sobre a importância das pessoas, e a relevância que podiam ter entre elas...
Madalena encontrou também alguns textos pagãos, tão adorados por Mateus; porque estabeleciam uma ligação entre o homem e a natureza, e porque, através de outras religiões, ridicularizavam o cristianismo.
Havia também relatos de sonhos, ou melhor, pesadelos.
Quando acabou de ler, Madalena encolheu-se sobre o muro e, de queixo pousado nos joelhos, pensou em tudo o que aprendera com Mateus. Em todas as coisas que eram tão óbvias e indespensáveis, e de que, até à sua chegada, ela não se apercebera.
Era importante pensar em quem eles eram, e em quem queriam ser. Saber porquê e como fazer uma diferença, tornando especiais os lugares por onde passamos e as Pessoas com que vivemos. Descobrir que, pelas coisas que ainda não fizemos mas havemos de fazer, tudo isto já é especial.
Apercebeu-se de como era importante redescobrir as nossas ligações à natureza e as animais: o Homem já não se lembra, mas é tão bicho quanto o seu cão, gato, ou como a formiga que pisa; começou como todos eles e como todos eles há-de acabar, sem nunca, por toda a vida, se aperceber de que a sua alma vale tanto como a deles, e tanto os corpos de uns como doutros têm as mesmas limitações; no fim o mesmo fado, no início o mesmo berço.
Pensou se as Pessoas são realmente quem querem ser, se o conseguem ser. Reflectiu nas suas semelhanças com os heterónimos, e, percorrendo com a mente a história de cada um, procurou alguma lição que estes lhe pudessem ensinar.
Depois, com a cabeça a latejar e os olhos quentes de lágrimas, levantou-se do muro e saiu da colina. Atravessou a aldeia, e chegou à estrada principal. Lá, avistou o Padre, sentado no banco da paragem de autocarro. Sentou-se ao pé dele, e entreolharam-se.
Então, de repente, ouviu-se o som de pneus a derraparem, e subiu no ar o cheiro de borracha queimada. Levantarm-se os dois, expectantes, a ver se era Mateus quem chegava no Land Rover que parava no meio da rua. Os feirantes inclinaram-se para cima das bancas para espreitar, e as pessoas que estavam nos cafés inclinaram-se e retorceram-se nas cadeiras para verem.
Mas, inexplicávelmente, o jipe continuou a sua marcha; do Nómada, nem sinal.

(O resumo do meu trabalho é feito ao mesmo tempo que Madalena lê o diário de Mateus, e a minha reflexão é feita aquando da reflexão dela.)

Sahara

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Pastiches:

(Feito no âmbito de uma aula de português)
3 poemas com uma mesma frase/Verso sendo cada um dos textos ao estilo dos heterónimos de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis

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Olha-me rindo uma criança
Brincando no jardim,
a correr às voltas
lembra-me de mim
solto no passado, a minha cabeça
arde e arde
sem fim

Álvaro de Campos
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Olha-me rindo uma criança
e corre pelos bosques,
na sua alegria encontra
o porquê das coisas
existem porque existem
só isso...

Alberto Caeiro
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Olha-me rindo uma criança
mas não a quero conhecer
quero pois sim,
como ela, viver
o momento presente

Ricardo Reis

Miguel Martinho, 12H

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sumários da semana de 23 a 27 de Março

Balanço do trabalho do 2º período período.
Entrega e devolução dos últimos trabalhos.
Auto-avaliação e avaliação.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pastiches:

Poemas


Hoje acordei e julguei-me cego,
Houve em breve momento em que o olhar
Não me mostrou nada

Palpei à minha volta os lençóis
E a cama
Senti o calor da luz
Que entrava em jogos pela janela
E porém não vi o sol.

Depois, subitamente, tornei a ver.
E as coisas estavam lá todas,
Inteiras.
E, ainda assim, metade delas apenas.

Creio que fui sempre cego,
E só agora me apercebi disso.
Se calhar há mais no vento do que o vento.


Alberto Caeiro




Ficou-me nas linhas,
O que me morreu no corpo.
Ao som mecânico e ritmado
Da máquina de escrever,
Vou cantando os dias que já não tenho,
E a pena de os não ter.

Por um breve momento em que o olhar
É cego para o teclado
E para 5 mãos,
Vejo nas letras
O meu corpo de menino.

Nas páginas, vive,
Mas fora delas, como lembrança que é,
Está morto.
Onde está o corpo da minha criança?
Quero ir buscá-lo,
Vestir-me na sua pele!
Mas está onde,
O cadáver da minha infância?
Algures no que já foi,
Decerto.
Como lá chegar, desde a terra das coisas
Que ainda são,
Só a máquina de escrever o sabe.
Tec – tec – tec – tec…

Álvaro de Campos





Trabalho realizado por:

Carolina – nº8
Joana costa – nº15

Sumários das aulas entre 16 e 20 de Março

Teste.
Teste de recuperação.
Entrega e correcção.
Avaliação de trabalhos.
Inscrição dos alunos na plataforma "moodle".

terça-feira, 17 de março de 2009

Concurso

Mês da Juventude 2009
Regulamento – Concurso de Graffitis

O concurso de Graffitis encontra-se inserido no Mês da Juventude, evento este que tem como objectivo dinamizar e interagir com a população jovem da freguesia e arredores.

Tema:
Desporto, Jovens, Freguesia da Pena

Os participantes deverão elaborar um Graffiti em que englobem o Desporto, Jovens e a Freguesia da Pena

Destinatários:
Todos os Writters, individualmente ou em Crews, até 3 Writters, jovens que possuam até 30 anos de idade inclusive.



1ª Fase do Concurso:

Selecção
Serão seleccionados pela Organização (Junta de Freguesia da Pena) 5 trabalhos cujos autores terão oportunidade de participar na fase final do concurso, ou seja, na execução dos Graffitis.

Formato:
Os participantes deverão apresentar um projecto em tamanho A4 do Graffiti a executar, incluindo todos os pormenores definidos

Prazo de candidatura:
Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail geral@jf-pena.pt, em formato JPEG ou PDF, ou por correio para a morada Rua do Saco nº1-A 1150-283 Lisboa, com respectiva identificação (nome, idade (a comprovar se necessário), morada, freguesia, e-mail e telefone) até às 12h do dia 23 de Março de 2009.
A Organização informará até ao final do dia 25 de Março de 2009, via e-mail e/ou telefone, os participantes cujos trabalhos foram seleccionados.



2ª Fase do Concurso:

Custo de candidatura e participação:
Não existirá qualquer tipo de custo para a inscrição neste concurso.

Critérios de Avaliação:
a) Correspondência ao tema;
b) Nível Técnico
c) Nível estético e artístico;

Cada membro do júri avaliará todos os critérios de 0 (mau) a 5 (bom), sendo o vencedor o participante que somar mais pontos


Material:
Cada participante eleito deverá fazer-se acompanhar de luvas descartáveis máscaras e águas.
A Organização facultará Latas de Aerossol nas 7cores do arco-íris.

Regras do Concurso:
Os trabalhos escolhidos serão elaborados no Muro interior do Quintalinho no Grupo Desportivo da Pena, sendo assim realizados ao ar livre, no dia 26 de Março de 2009.

Não haverá um limite de cores a utilizar, existirá isso sim a obrigação da utilização das cores da freguesia – Azul e Amarelo.

Os participantes escolhidos ficarão obrigados a cumprir com o trabalho apresentado anteriormente

Júri:
Será composto por um membro do executivo e membro do Grupo Desportivo da Pena
As decisões do júri são soberanas e solidárias, não sendo admitido qualquer tipo de recurso sobre a escolha final.

Esclarecimentos:
Junta de Freguesia da Pena

Rua do Saco, 1-A 1150-283 Lisboa
Tel. 21 882 01 10 e-mail: geral@jf-pena.pt
Fax. 21 882 01 19

quarta-feira, 11 de março de 2009

Trabalhos individuais:

Bom dia, terminado o prazo de emprega dos trabalhos individuais e tendo feito uma "viagem" geral pelos mesmos, inicio hoje a avaliação, começando desta vez pelos últimos da ordem alfabética e alternando depois com os primeiros, e assim sucessivamente.
Risoleta

terça-feira, 10 de março de 2009

Matriz do teste (1ª página):

Clicar sobre a imagem para aumentar:

Matriz do teste (2ª página):



Quando na matriz se fala em Fernando Pessoa, pode tratar-se do ortónimo ou de um dos heterónimos.

Feira do Livro usado

Do Centro de Recursos, recebi a seguinte informação:



Estamos a divulgar uma "Feira" do Livro Usado - a decorrer de 23 a 27 de Março, na Biblioteca/Centro de Recursos - aberta a toda a comunidade escolar. Esta iniciativa consiste na simples troca de livros, obras que todos temos em casa com algum interesse para alunos ou outros professores, livros repetidos, livros que já não se abrem há vários anos e que precisam de arejar e conhecer outro dono... Na semana de 16 a 20 de Março, a Biblioteca recolhe esses livros, entrega um talão com o nº de livros e a identidade; na semana seguinte, vamos pô-los à disposição de quem vier munido com um talão.

Obrigada.

Julieta Silva
http://arteziletras.blogspot.com/2009/03/feira-do-livro-usado-na-biblioteca.html

Assunto: ART POSTAL

Transcrevo de e-mail recebido da Escola Secundária Artística Soares dos Reis:

Vimos por este meio, solicitar a Vª EXª a divulgação junto de toda a comunidade escolar, do blog sobre arte postal, que foi criado pela Área de Produção Artística e o Departamento das Línguas da Escola Artística de Soares dos Reis.
O endereço é: www.languageallart.blogspot.com
Grata pela atenção
Os nossos melhores cumprimentos
Paula Gonçalves


http://www.languageallart.blogspot.com/

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sumários da semana de 9 a 13 de Março

Caracterização e classificação de personagens.
Espaço físico, social e psicológico.
A maçã e a moeda como símbolos.
Felizmente há Luar, o pós-invasões francesas e a conspiração de 1817.
Contexto histórico do drama,símbolos e intemporalidade.
Leituras dramatizadas, análise de excertos da peça.
Leitura de "Redacções da Guidinha", de L S Monteiro e de poemas de Pessoa sobre Salazar.
Análise e esclarecimentos sobre a matriz do teste.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ainda a propósito do senhor poeta de sempre:Pessoa

Olá professora,

O poema de que lhe falei hoje na aula, e que coloquei no meu blog há alguns dias é o seguinte:

Apontamento II

O lago todo e a lua
a lembrar-me Pessoa desencontrado
aqui.

O tempo de escrever como outro
tempo
largo e de lago
espelhado em mil distâncias
e montanhas

Capítulo: "Apontamentos desiguais", Ana Luísa Amaral. in: Entre dois rios e outras noites

Nadine

Sumários das aulas entre 26 de Fevereiro e 6 de Março

Leitura de algumas entradas do Dicionário das origens das palavras relacionadas com a matéria em estudo.
Introdução ao estudo de Felizmente há Luar.
Leituras dramatizadas do texto.
Falas e notas cénicas.
Didascálias técnicas e didascálias de teor psicológico.
Estudo do contexto político e da biografia de Luís de Sttau Monteiro.
Leitura de uma entrevista com o dramaturgo.
Biografia de Sttau Monteiro, O estado novo, O herói explícito: General Gomes Freire de Andrade e o implícito: general Humberto Delgado.
Contexto histórico da acção e contexto "metafórico" da peça. Drama/fábula/parábola.
Ligações e oposições Igreja e estado.
Censura e repressão.
Caracterização e classificação de personagens.
Espaço físico, social e psicológico.
A moeda símbolo.