A aula iniciou-se com a entrega das autorizações da visita de estudo que teria lugar na quarta-feira dia 22, e do dinheiro para esta, assunto que a professora solicitou que fosse tratado no final da aula.
De seguida, deu-se lugar à leitura do conto “Quem se contenta” de Ítalo Calvino, após a qual se regressou à analise d'
Os Lusíadas, ao estudo da dedicatória (p.32), onde Camões dedica a obra ao Rei D. Sebastião.
Foram abordados os seguintes pontos:
Estrofe 6
- Substituição de “rei” por “ó bem nascida segurança”, aqui encontra-se uma perífrase (dizer por varias palavras o que se pode dizer numa só;
- “…e vós”, aqui encontra-se uma apostrofe (chamar alguém);
- “…moura lança”, é uma sinédoque (parte pelo todo), onde a moura lança representa todos os mouros;
- “…pera” arcaísmo de para
- “Dar ao mundo por Deus, que todo o mande.
Pera do mundo a Deus dar parte grande”
Estes dois versos significam que deus dá ao mundo este rei (D. Sebastião), para este rei dar a Deus uma parte do mundo muito maior, alusão aos descobrimentos.
Estrofe 7
- “Vós”, nesta estrofe é uma anáfora por se repetir no primeiro e sexto verso no inicio destes.
Estrofe 8
- “Vós”, anáfora;
- “Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E, quando dece, o deixa derradeiro;”
Nos primeiros quatro versos desta estrofe, Camões pretende dar a ver a extensão do Império Português, pois abrange tudo o que o sol ilumina; onde o sol de põe – Portugal, onde o sol nasce – Oriente;
- “Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro
Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio:”
Nos últimos quatro versos desta estrofe, espera-se que o rei resgate todas as regiões que ainda estejam sobre o domínio de outras religiões.
Nestas três primeiras estrofes, o poeta enaltece o rei, através de qualidades e defeitos.
Estrofe 9
- Sujeito – D. Sebastião
- Predicado – Inclinai (metáfora). O poeta elevou tanto o rei que tem de pedir para este olhar para baixo, pois o poeta é inferior;
– Ponde, o poeta expressa o pedido de receber a atenção do rei, que se encontra aí no cimo e o poeta aqui em baixo;
- “Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno Templo;”
Aqui o poeta pretende dizer que vós, rei, apesar de jovem já tem a maturidade de uma pessoa de idade avançada.
- “Que” – anáfora, repetição no inicio dos versos dois e três da estrofe.
- “…vereis um novo exemplo” (perífrase), o poeta refere-se a'
Os Lusíadas.
Estrofe 10
- Nesta estrofe o poeta diz o que a sua obra não é, ou seja, enaltece as qualidades pela negativa; esta não é para ganhar fama (demonstração de humildade);
- “Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.”
Nestes versos, o poeta, diz que o rei verá se é melhor ser rei de todo o mundo ou se do povo português (pergunta retórica), a resposta está implícita, pois será muito melhor ser rei do povo português.
Estrofe 11
O poeta compara os feitos portugueses às antigas epopeias, afirmando que as histórias do povo de Portugal conseguem ser muito mais grandiosas que essas antigas epopeias imaginárias.
Após a análise das onze primeiras estrofes da dedicatória, passou-se ao estudo do Concílio dos Deuses no Olimpo, já iniciado em aulas anteriores. (p.35)
Estrofe 24 (início do discurso directo)
O Concilio dos Deuses ocorreu para decidir a sorte dos portugueses.
- “Eternos moradores do luzente” (perífrase), Deuses do Olimpo;
- “Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,”
Os Deuses nunca se esqueciam dos portugueses.
- “Deveis de ter sabido claramente
Como é dos Fados grandes certo intento”
Fados significa destino, ou seja, se os fados já tinham decidido que era o destino dos portugueses chegar à Índia, então aquela reunião era inútil.
- “Que por ela se esqueçam os humanos
De assírios, Persas, Gregos e Romanos”
Os Homens esquecer-se-ão dos feitos dos outros povos, e enaltecerão a forte gente do Luso. Aqui ela significa a forte gente do Luso.
Estrofe 25
Nesta estrofe faz-se uma alusão às vitórias Portuguesas sobre os Mouros e os Castelhanos.
- “…lhe”, é, novamente, a forte gente do Luso
Estrofe 27
- “Agora…”, expressão temporal que expressa o Presente;
- “…lenho leve…” – Aliteração, repetição de sons;
– Metonímia, consiste em representar uma realidade através do material de que essa realidade é feita;
- Súmula (resumo da situação dos portugueses) – Os portugueses meteram-se numa fraca embarcação, já passaram por pontos em que o dia é longo, por pontos em que o dia é curto, já deram a volta ao mundo, e já navegam o mar à tempo infinito para chegar a Oriente. Aqui Júpiter está a tentar influenciar os Deuses a favor dos portugueses.
Nesta estrofe a professora fez uma questão aos alunos: Sabendo o que eh uma epopeia, como eh que os primeiros quatro versos da estrofe servem a epopeia?
O facto da embarcação ser frágil vai engrandecer todos os feitos e dificuldades ultrapassadas, mas duvidosos, vias nunca usadas, caminhos desconhecidos; tudo para reforçar de todas as formas o valor intrínseco do herói. Grandes heróis, grandes feitos.
Estrofe 28
- “Cuja alta lei não pode ser quebrada”, argumento de autoridade/razão, não há hipótese da viagem dos portugueses falhar, pois está no destino;
- “…roxa entrada.”, simboliza o Oriente, o que o destino já lhes destinou. – reforçar ideias;
- “Nas águas tem passado o duro Inverno;
A gente vem perdida e trabalhada.
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra que deseja.”
Apelo às emoções/sentimentos, à compaixão, as gentes vêm cansadas, perdidos, esfomeados, já merecem que lhes mostrem a terra que procuram.
Estrofe 29
Continua o apelo à compaixão, os perigos por que já passaram os portugueses, agora merecem ser acolhidos em terra, para reabastecer de vida, força, comida.
Aqui termina o discurso directo.
Estrofe 30 (inicio do discurso indirecto)
“Na sentença um do outro difiria,” oposição de Baco ao destino dos portugueses, pois tem medo que a sua fama seja subjugada à fama dos portugueses.
Estrofe 33 (p.37)
Vénus opõe-se a Baco, pois ama os portugueses por terem tantas parecenças com os seus amados Romanos, e ouvindo os portugueses falar ela não tinha dificuldade em imaginar o latim.
Estrofe 36 (primeiros quatro versos)
Marte apoia Vénus, está de acordo com os seus argumentos, ou por causa do amor antigo que nutria por ela ou porque aquela gente o merecia, pelo seu valor. – Conjunção Disjuntiva “ou…ou”.
- “…porfia”, significa desacordo.
Terminou-se a aula a meio da estrofe 36, para se escrever o sumário. Após este foi-nos permitido sair.
Teresa Serra, Nº23, 12ºE