terça-feira, 23 de junho de 2009

Prémio de Poesia:

Para o caso de interessar a alguém:

http://www.nosside.com/


Boas férias.
Espero que os exames estejam a corerr bem, vão dando notícias!
Beijinhos
A professora:
Risoleta

segunda-feira, 15 de junho de 2009

45 minutos de leitura silenciosa em Memorial do Convento

Entra "El-rei", o silêncio toma conta do palácio. Príncipes e fidalgos apresentam-se de olhos colocados nos livros, atentos, não reagem perante a presença imponente de D. João V. Sem barulho, como que se o palácio ninguém tivesse, injustiças são reflectidas, o rei é desrespeitado. Ninguém olha, ninguém venera, só as linhas compridas de livros proibidos são fervorosamente devoradas durante quarenta e cinco minutos intermináveis. Todos cumprem à risca o programado, El-Rei difama sozinho e continua com a ridícula construção da Basílica de S. Pedro. Furioso, deita abaixo os alicerces de toda aquela maqueta trabalhada. No palácio o estrondo é ouvido, mas como se nada fosse, ninguém se move, ninguém respira, ninguém corre em auxílio do rei. D.João V, como vários alunos da António Arroio, não saboreou o momento, ruídos eram ouvidos nos corredores, ainda que por breves instantes. Uma sala repleta de livros e silêncio, lábios quietos, apenas o virar de páginas era ouvido. Senti que no silêncio encontramos algo que raramente procuramos. Concentrados em páginas breves ou longas, percorremos e saboreámos segundo por segundo aqueles quarenta e cinco minutos de algo que parecia à partida impossível. Li um excerto sobre "A Profecia Maia" relativa a 2012. Embora concentrado nas linhas quisesse ter estado, não consegui. O silêncio, o giz parado, o "aristo" na mochila, o compasso guardado e a professora a ler Mia Couto levaram-me para outra dimensão, longe de tudo, longe da sala de geometria, longe de todo o trabalho que temos de cumprir. Durante quarenta e cinco minutos em nada pensei, profundo fui e sobre o que li ainda não sei. Fragmentos sobre 2012 ficaram, mas da experiência ficou ainda mais. Concordo plenamente com a ideia e repeti-la deveríamos mais vezes. Pode ser que da próxima El-rei e quem não aderiu à ideia se junte e perceba que para além de linhas e letras os livros dizem muito mais...

Miguel Rosa, 12 H

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Relatório da aula de 27 de Maio Evento de Gestão

Relatório da aula de 27 de Maio
Evento de Gestão


Por pertencer ao grupo de Gestão das Artes e estar envolvida no projecto sobre a “Liberdade de Expressão”, não me foi possível comparecer na aula de Português de quarta-feira, dia 27 de Maio.
Por essa mesma razão, venho apresentar o relatório desse mesmo dia, mas do evento que realizei em grupo, com as minhas colegas Inês, Joana, Márcia e Teresa.
Começámos a organizar os materiais logo de manhã, até à chegada da botija de hélio que deveria ter sido entregue no dia anterior, mas que por motivos técnicos, não aconteceu.
Quando recebemos o hélio, começámos a encher o primeiro saco de 100 balões; Quando terminámos de encher esse primeiro saco, já a caixa gigante de cartão estava pronta para começar a receber os balões.
Iniciámos, então a recolha de mensagens nos balões. Abordámos algumas pessoas, na sua grande maioria alunos, e a adesão das pessoas foi imediata.



Depois dos primeiros grupos de pessoas que abordámos com os balões pedindo que deixassem uma mensagem livre, mas livre em tudo, principalmente livre de preconceitos, diversas pessoas começaram a querer aderir ao evento, pedindo, também, um balão para elas.
Passámos o tempo todo a recolher balões e mensagens, até que, por volta das 14h15, eu e a Inês nos dirigimos ao Concelho Executivo para fazermos a chamada requerida anteriormente pelo Instituto Nacional de Aviação Civil, informando que íamos lançar os balões e procurando permissão para fazermos a largada.
Por motivos de interferir com a rota de um avião, foi-nos pedido que adiássemos a largada das 14h30, para as 14h40, de forma a funcionar tudo nas mais perfeitas condições. Assim o fizemos, recolhemos os últimos balões escritos, aguardando a chamada de atenção por parte da professora Benedita Salema de que já era tempo de deixar as mensagens seres livres…
Era tempo de libertar a expressão de cada um...E assim foi!



Voaram cerca de 390 balões algures nos céus de Lisboa, no dia em que cada um daqueles que participou neste evento foi livre de se expressar; Fosse por meras palavras, grandes textos ou mesmo desenhos…Fosse o que fosse, foi livre. Nasceu para ser livre e assim foi até que o hélio se acabasse, ou que o balão rebentasse no ar…Mas foram livres enquanto duraram!
Nunca nos passou pela cabeça que houvesse tanta adesão por parte das pessoas. Aproveito estar a fazer este relatório para agradecer, mais uma vez, aos nossos colegas que nos ajudaram ao longo de toda a fase final do evento (eles sabem quem são). Sem a ajuda deles, teria sido muito mais difícil a realização deste projecto, e digo, com toda a certeza, que não teria corrido tão bem!
Finalizo este relatório afirmando que este evento foi bem sucedido porque movemos um conjunto de pessoas em volta de algo, que de alguma maneira, por bons ou maus motivos, os cativou.


Inês Antunes
Nº12
12ºE

terça-feira, 26 de maio de 2009

Relatório de Português: Uma aula sobre Jazz e música barroca pelo crítico de Jazz Leonel Santos, pai do Afonso


Relatório de Português

Iniciámos a aula do dia quinze de Maio de 2009 sem a habitual leitura do diário de Saramago seguida por um pequeno conto, foi uma aula especial em que tivemos o prazer de receber um crítico de Jazz, Leonel Santos (pai do Afonso, nº1) que veio com o objectivo de nos explicar um pouco sobre a relação entre o Jazz e a música barroca. E como era uma aula aberta também tivemos a presença da nossa professora e DT Rita Bastos e do presidente do conselho executivo da escola, professor José Paiva e ainda outra professora da escola e uma aluna de outra turma.

A aula começou com a apresentação do nosso crítico de Jazz feita pelo Afonso Botelho (seu filho). Ele começou por nos apresentar o tema que o nosso convidado nos iria transmitir, a música barroca e o jazz. De seguida descreveu-nos resumidamente a vida jazzistica de Leonel Santos. Nascido a 7 de Abril de 1955 é um dos críticos de jazz em Portugal, trabalha na área de informática e é licenciado em Antropologia.

Ouviu jazz pela primeira vez com 16 anos e desde então não parou de encher com jazz os ouvidos dos que o rodeavam . Em 1986 e 1987 alarga o seu auditório com um programa de rádio pirata denominado de “Jazzirico” na Rádio Imprevisto. Em 1988 participa em“Impróprio para Consumo”, programa de divulgação de músicas mais ou menos marginais com uma hora de jazz a seu cargo, na Rádio Saturno (Loures). Em 1991 escreveu no Diário de Notícias na área do jazz, foi colaborador da Revista da Música e da revista Áudio. Em 2002 funda aquilo que viria a ser a primeira revista do jazz em português, a Alljazz como director de redacção, em 2005 é colaborador da revista Jazz.pt e em 2007 da Jazzlogical

Apôs esta breve apresentação da vida de Leonel Santos pelo Afonso Botelho nº1, o nosso crítico agradeceu e retomou a palavra começando por nos contar as origens do Jazz. Contou-nos que o jazz nasceu por volta de 1900, princípios do século XX, na mesma época em que se deu fim à escravatura. Pensa-se que o Jazz teve início no Mississipi passando depois para Chicago e pela costa leste. Foi criado por netos de ex escravos, músicos de guerra. No fim da guerra estes músicos voltaram para as suas casas com os seus instrumentos usados durante a guerra e começaram a exprimir-se pela música. Passaram a ser requisitados para tocarem em festas, formavam bandas compostas só por instrumentos de metais e passaram de bandas militares para bandas de rua.

A cultura europeia escrevia as músicas, transmitia o seu sentimento por escrito e a cultura africana transmitia o seu sentimento na música pelo improviso. E foi com a mistura destas duas culturas que nasceu o jazz, uma música híbrida.

O Jazz é um tipo de música em constante evolução, nunca estará ultrapassado porque absorve todas as características e formas musicais diferentes. Está sempre em renovação buscando o rock, a música cigana e outros tantos estilos.

Leonel Santos falou-nos também na característica essencial do Jazz: a improvisação. E é essencial porque é o contributo “negro”, a base do jazz.

Para ficarmos mais esclarecidos falou-nos de um filme sobre jazz onde se vê como as plateias eram compostas só por “brancos” e o palco só por “pretos” para dar um exemplo de como eram as orquestras nos anos vinte. Como o jazz passou a ser uma música popular, no início era tocado em cabarés e lugares mal frequentados, mas depois passou a ser música para festas em família.

Na primeira metade do século XX as músicas das orquestras de jazz passaram a ser mais escritas do que improvisadas, mas um grande músico conseguiu cruzar os dois elementos.

O nosso crítico depois falou-nos do jazz no sul dos Estados Unidos durante a guerra mundial. Falou-nos da rápida divulgação do jazz, que passou a ter lugar nos bailes e na música popular do país, o jazz era tocado por todos e o orgulho do negro americano tinha-se dissolvido pois o jazz já não passava o sentimento pretendido. Revoltados com essa situação os negros criaram o bebop, um novo estilo de jazz. Era um jazz de clube que só os melhores conseguiam tocar, conseguindo o título de artistas e passando a ser reconhecidos por toda a sociedade.

O Jazz nunca parou de evoluir, como nos conta Leonel Santos passou por vários estilos como o “cool jazz”, “rock jazz” e também foi buscar influências a músicas indianas, barrocas e outras.

A seguir às explicações sobre o percurso do jazz Leonel Santos pôs-nos a ouvir Miles Davis «Time After Time» do CD You´re Under Arrest, Sony, 1985 e durante a música contou-nos que foi a primeira música de Jazz que ouviu ao vivo e que o fascinou completamente. Ouvimos depois
- Uri Caine «Turkish Rondo from Piano Sonata in A Major» do CD Uri
Caine Plays Mozart
Winter & Winter, 2006 que cruza o Jazz com música barroca e por fim ouvimos Mário Laginha «Fuga em lá maior» do CD Canções e Fugas, Universal, 2006. No meio da música tocou para a saída, mas como estávamos todos concentrados a ouvir Jazz ficámos até ao fim e só quando a música terminou demos por encerrada a nossa aula.

Minouche Martins nº15, 12ºA

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sumários da semana de 25 de Maio

Leituras expressivas pelos alunos.
Apresentação do trabalho da última aula (conclusão): Perguntas e respostas sobre Memorial do Convento.
Revisão de alguns aspectos: linguagem e narrador.

Conversa com os alunos sobre os acontecimentos da última sexta-feira.
Apresentação da matriz do teste.
Revisão: Personagens, espaço e tempo.

A matriz do teste.
Revisões sobre a dimensão simbólica, crítica e o estilo. Narrador, espaço e tempo.
Audição de um solo de guitarra por um aluno.

Leituras do Dicionário da Origem das Palavras e dos Cadernos de Lanzarote.
Esclarecimentos de dúvidas sobre a matéria do teste.

Leitura expressiva pelos alunos.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Avaliação do 3º período, 2º teste

I Parte: (80)

Conteúdos: Excerto de Memorial do Convento, perguntas de interpretação e sobre categorias da narrativa ( Acção, narrador, espaço, tempo, personagens)
Objectivos: Compreender o texto, relacioná-lo com a obra, identificar diferentes aspectos das categorias da narrativa.

II Parte: (70)
Conteúdos: Texto de outro autor relacionado com a temática do excerto do I grupo
- Afirmações verdadeiras e falsas
- Enunciados com interpretação e análise estilística e da linguagem, em duas colunas, para fazer corresponder um lado ao outro.
Objectivos: Analisar, interpretar, compreender os processos de construção do texto, relacionar e distinguir o certo do errado.

III Parte: (50)

Conteúdos: Texto de reflexão à volta de um dos seguintes temas possíveis:
- A dimensão simbólica e mítica e a condição humana
- Relação: título e conteúdo
- O sagrado,o profano, o religioso, o mágico.
- O papel da História
- O povo e o convento
- A dimensão crítica do romance
Objectivos: Conhecer as temáticas inerentes a esta obra, criar um texto com reflexão própria e original, estruturá-lo de forma coerente, criativa e gramaticalmente correcta.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Música Barroca – texto de reflexão

Ao ouvir música barroca, fecho os olhos e tento perceber a mensagem que me transmite. Talvez luxo, bailes, festas…a corte, sim a corte! Poderá ser isso, mas de repente, uma outra música barroca já me transmite algo diferente.
Ah!...as vozes! O mistério, os graves, os agudos, já é o oposto da primeira (penso eu). Recordo-me das características que qualificam o estilo, em especial o “contraditório”.
A música continua a tocar. Tento decifrar o enigma que ela própria é. Por momentos o silêncio, o início de outra música. Agora uma sinfonia de Bach e um piano. Mestre! É a primeira palavra que me vem à cabeça, no instante ao ouvir as primeiras notas tocadas naquele magnífico instrumento.
Nesta, sinto uma personalidade, uma atitude irreverente que tenta exaltar-se a cada nota tocada. Em oposição, a melodia remonta, tal como a primeira, aos bailes luxuosos de uma noite na corte. No entanto, sinto na perfeição o enquadramento no desejo de alguém com ambição de sair de uma bolha isolante, mas sem coragem suficiente para o fazer. São dois solitários, a música fazendo companhia ao seu criador, que a faz crescer a cada tecla do piano, numa sala ampla, ornamentada, dramatizada.
Ela [a música] é uma criança em crescimento. Um dia sossegada e calma, noutro, espalha alegria e energia. Um dia questiona-se sobre as verdades universais, noutro aceita não ter conclusões. Pode sentir-se capaz de tudo e no momento seguinte só deseja fugir aos confrontos, enfim, muitas atitudes diferentes numa pessoa só.
Continuo de olhos fechados, a música a tocar…
Sinto-me, por momentos, num dos bailes, a dançar com alguém. Oiço a música e sigo o que me diz, faço-o. Movimentos, passos, uma atitude serena e harmoniosa. Volto a mim, dou comigo a cambalear a cabeça…continuo com os olhos fechados.
Acabaram-se as músicas. Terei chegado a alguma conclusão? Sim, talvez… não tenho a certeza. É um estilo de música um pouco antagónico pois encontramos diferenças de umas para outras.
É luxuosa e exuberante? Sim!
É solitária e reflexiva? Também!
É uma criança a correr alegre e um velho a reflectir sobre a vida!
É a antítese e o paradoxo!
É a razão e a liberdade!
É a vida e a morte!
É a alegria e a tristeza!
É a companhia e a solidão!
É …

Poderia continuar a tentar perceber a música barroca, mas abro os olhos e sinto-me bem. Durante aqueles momentos, enquanto viajava e vivia o desafio de encontrar significado e efeito da música em mim, vivi emoções, várias vidas, mas quanto a uma conclusão certa, não.
Talvez não precise de ser percebida mas sim simplesmente sentida.

Diana, 12A

terça-feira, 19 de maio de 2009

Música. Bach. Cravo...

Música. Bach. Cravo...
O cravo faz-me imaginar um palácio com grandes janelas que vêm desde o tecto até ao chão. Ouve-se o som do cravo e muitos pares estão envolvidos numa valsa contínua por toda a sala. Vestidos elaborados, teatralidade no ambiente, decoração pormenorizada... Já estiveram dentro de Palácio de Inverno de Catarina II? É uma dessas salas recheadas de gente fina, bem vestida, com perucas, decotes e demasiada base nos rostos.
Música. Bach. Cravo...
A música do Bach transformada em jazz? É uma ideia muito inovadora. Mas não aprecio muito. Bach é Bach. É não é jazz. Para além disso não gosto de jazz. Aprecio muito mais a polifonia, trios e variações do Sr. Johann, do que ritmos melancólicos do jazz.
Música. Bach. Cravo...
Música clássica? Eu estou ligada a ela durante a minha vida toda. Faço trabalhos de casa ao som de Beethoven, Mozart, Poulenc, Doppler e Chaikovski, entre outros, que vem do quarto da minha mãe. Ouvi dizer que a música clássica e o canto gregoriano desenvolvem muitas capacidades nas pessoas que os ouvem. Não sei se isso é verdade, mas eu sinto-me mais concentrada com esse tipo da música como fundo nos meus estudos.

Marishka

O barroco

"O barroco revela a busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, tudo decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística.”
“A arte do conflito” causa uma mudança no homem. Desde a literatura à música, passando pelas artes plásticas, as obras são carregadas de poesia, de uma linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo: a estética barroca.
Qual a ponte entre estes palcos? Qual a ponte entre as páginas de um livro, e os sons produzidos pelos instrumentos musicais, em harmonia, ou numa pura confusão organizada?
“Conceptismo: marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista e que utiliza uma retórica aprimorada. Os conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objectos, procurando saber o que são, assim, a inteligência, lógica e raciocínio ocupam o lugar dos sentidos. “ A minha resposta… O desdobramento em temas e variações, o rebuscado organizado, os significados.

A literatura barroca é caracterizada pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero. Trabalhada ao extremo, recorre a muitos recursos estilísticos. Já a música barroca confunde-se com o nascimento da ópera. Em torno da personagem soberana da ópera, girava uma corte de arquitectos e maquinistas para auxiliar no suporte técnico, à encenação. Pode-se dizer que o barroco musical uniu a música ao espectáculo, ao teatro.
Ao recriar uma escrita barroca, Saramago recria os caminhos do Fantástico, da imaginação e do sonho (características plenas do Barroco).
Mafra torna-se um símbolo de Portugal, na sua obra Memorial do Convento. O tempo de D. João V coincide com a monumentalidade das obras de arte, uma expressiva teatralidade de atitudes e gestos. Dos materiais à decoração, aos rituais da coroa portuguesa, tudo é exposto no seu livro e, consequentemente, críticado.

Sara Alves, n.º20, 12ºA

Estética Barroca

Ao ouvir a música barroca, o pensamento que mais me ocorreu foi que vou ter saudades do ballet (este vai ser o meu último ano de dança clássica) e fez-me lembrar os grandes musicais antigos onde era chique e ficava bem apreciar ballet.
Trouxe-me também muito à memória as encenações a que assisti (durante anos, pelo menos uma vez por ano) no palácio de Queluz, onde nos mascarávamos de elementos da corte e representávamos. Era um retrato muito fiel à época (dentro do possível), pelo menos a mim parecia que os senhores tinham mesmo vivido na época onde tudo era assim.
Quando leio no Memorial do Convento as partes referentes ao rei, vejo-o mesmo como a personagem que Saramago descreve e parece perfeitamente real que tudo seja uma grande brincadeira, como uma encenação no palácio de Queluz.
Passávamos pelo menos umas 2 ou 3 horas a arranjar-nos para depois nos pavonearmos pelo salão, a ouvir a música e histórias e se não me engano, também tínhamos um banquete... Por um dia entrávamos na vida dos reis e brincávamos à realidade deles. E no fundo o rei de Saramago parece-me tão real quanto as minhas brincadeiras, parece até que poderia ter entrado nelas comigo.

Andreia Guerra 12H

Barroco na literatura e na música. Como é possível encontrar essa estética da literatura na música?

A estética Barroca busca novidade e surpresa e um gosto especial pela dificuldade, deixando saltar à vista a ideia de que nada é estável e que tudo tem de ser decifrado. Esta estética tem tendência para o artifício e o engenho. A literatura Barroca caracteriza-se pelo uso da linguagem dramática, expressando exagero na sua linguagem, usando hipérboles, metáforas e antíteses. Esta literatura tem tendência a invocar temas muito religiosos usando uma linguagem específica.
À medida que as músicas entoavam pela sala enchendo os meus ouvidos de bom som, o que mais senti na música Barroca, foi a variação entre agudos e graves, um ritmo variado no decorrer da música, chegando a ter momentos de grande exaltação e momentos de profunda calma. Senti também compassos alternados e senti a presença de um género de "dégradé" musical.
Uma das principais características da música Barroca é a homofonia, que surgiu através da Ópera onde era utilizado o canto homófono, ou seja, o solo vocal, com baixo contínuo – acompanhamento realizado a partir de indicações abreviadas na partitura, cuja realização era confiada à perícia do executante. Assim, a homofonia tornou-se num ponto-chave da revolução da estética musical Barroca.
Na minha opinião, é muito difícil encontrarmos relação entre a literatura e a música, porque são ambas tão distintas (isto, a meu ver). Há muitas coisas em que um livro me faz pensar completamente diferentes daquelas em que penso quando oiço música. Mesmo assim é possível encontrar alguma relação entre a música e a literatura Barrocas, através das mudanças repentinas de linguagem, ou seja, na literatura tanto podemos ter uma linguagem bastante complexa e religiosa como podemos ter uma linguagem popular e na música tanto sentimos momentos de grande fúria como de profunda calma ou paz interior, e penso que é através dessa mudança repentina que podemos relacionar estas duas artes bastante diferentes uma da outra, pois foi o que mais senti ao ouvir as músicas colocadas na aula: a mudança repentina de ritmos e de notas musicais tal como sinto na literatura.

Nadine de Rocha Vitorino nº16 12ºA

Amanhã traz um livro e lê



OUVIR O SILÊNCIO A LER
O CP aprovou recentemente uma proposta que só não é inédita porque já foi experimentada com muito sucesso numa escola, e que temos esperança que depois da nossa possa ter continuidade em outras. Trata-se de, durante 45 minutos (entre as 10.30 e as 11.15 do dia 20 de Maio, quarta-feira) toda a escola (mas toda mesmo: alunos, professores, nas aulas, no centro de recursos, conselho executivo, sala de professores, funcionários de acção educativa, secretaria, bar, papelaria, refeitório, jardim) fazer uma pausa para leitura (em silêncio). Cada um traz um livro e lê. Onde estiver. A única pessoa que não vai estar a ler será alguém dos audiovisuais que andará pelo meio do silêncio a gravá-lo. Por isso pedimos aos professores que durante esses 45 minutos mantenham as portas das salas abertas, para que o silêncio entre, se instale a ler e possa circular com o ar.
Tipo de colaboração que pedimos aos professores:
- Que os directores de turma façam o favor de divulgar e motivar para a iniciativa: os alunos, professores das suas turmas e especificamente o professor que estiver a dar aula à turma nesse dia.
Que convidem os encarregados de educação que puderem e quiserem juntar-se-nos.
- Que todos os professores e especialmente os de Português estimulem os alunos, com alguma antecedência, e os vão lembrando, a trazerem um livro para lerem nesse dia.
Que convidem, se quiserem, personalidades de fora da escola (artistas, criadores de qualquer área, ex-alunos, a juntarem-se a nós)
- Que os colegas que estiverem em aula nesse segmento façam o favor de deixar as portas das salas abertas a fim de deixar o silêncio circular contagiando toda a escola e para se poder registar o momento pelo sector dos audiovisuais.
- Que tragam todos um livro para ler.
- A todos, apenas se lhes pede que estejam na escola a ler o que lhes apetecer. Na sala de aula, para quem for o caso disso, ou nos outros espaços.
- Que quem puder traga, para além do que vai ler, mais livros (de leitura que considere cativante e agradável) e que não tenha pena de perder, e os deixe nos dias anteriores no CR para nesse dia se poder distribuir com facilidade sem a burocracia demorada da requisição, aos eventuais esquecidos. Também podem deixar os livros nesse dia pelos vários espaços da escola para serem recolhidos por quem quiser/necessitar, eventualmente também por funcionários.

Neste dia, durante estes quarenta e cinco minutos, vamos esquecer os programas, os testes, os aborrecimentos, as mágoas, as zangas, os medos, o passado e o futuro, os ruídos e os deveres e…vamos ler. Em silêncio. Fora e dentro de nós. A ver o que acontece.

Sumários da semana de 18 de Maio.

Síntese de alguns aspectos estudados: A ironia e a caricatura, estilo, registos de língua, campos lexicais, verdade e verosimilhança, os mitos e os símbolos, o amor místico, moral e transgressão, o tempo, sagrado e profano, religião, magia, crendice e fanatismo.

As personagens: O poder, heróis individuais e herói colectivo. Características.
O picaresco.

12H:
Sessão de esclarecimento da Escola de Castelo Branco.
Exercícios de leitura e articulação.


Espaço social e simbólico, tempo do discurso e tempo da história.
Exercício de perguntas e respostas mútuas sobre o Memorial do Convento, por escrito e oralmente.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sumários da semana de 11 de Maio

Memorial do Convento: A dimensão simbólica.
Leituras da obra e de textos adjacentes, nomeadamente "Perguntas de um operário letrado", de Bertolt Brecht.
Análise de texto. A escrita barroca, os paradoxos, o intertexto.

Os planos narrativos.
Quadros da época.

Síntese de alguns aspectos estudados: A ironia e a caricatura, estilo, registos de língua, campos lexicais, verdade e verosimilhança, os mitos, o amor místico, moral e transgressão, o tempo, sagrado e profano, religião, magia, crendice e fanatismo.

12A:
Aula aberta: Conferência informal/demonstração com o crítico de jazz Leonel Santos. Jazz e música barroca. Audição de excertos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ouvindo música de Scarlatti

Ornamentação ou desornamentação?

Confusão, confusão, acelera, quase pára e volta, acelera de novo, mistura, mistura, ora entra voz fina ora entra grave, entra pelos ouvidos cantado em contratenor, falam italiano. Entram instrumentos, ora um ora outro, agora tudo ao mesmo tempo, um por cima do outro, imprevistos, imprevistos, por fim e melodioso e agradável.
Escreve, escreve sem pausas, a personagem começa a falar mal aparece a maiúscula e rompesse os cânones. Fala, fala, contamos histórias, ironiza, ironiza, analepses, prolepses e repete. Critica, critica, dá valor a quem o mereceu.

Ana Fidalgo

Excerto do relatório da aula de 30 de Abril do 12A:

"[...]
Finalizámos a aula com um género de debate, em que o que estava em discussão era uma questão que surgira durante a leitura de uma pádina dos Cadernos de Lanzarote de José Saramago: existe realmente relação entre autor e narrador? A esta questão surgiram bastantes ideias, respostas, outras questões, etc. Uns contra, outros a favor, as opiniões foram variadas:

“Como se sustenta uma história sem narrador.” – Diana

“Ao invés da escrita, a pintura não precisa de intermediários.” – Minouche

“Um livro também pode transmitir sensações (tal como a pintura).” – Nadine

“Há narrador em ambas, mas na escrita o autor pode ser o narrador. Enquanto que na pintura, o pintor assume o narrador como sendo o observador.” – Afonso (concordando também a Diana)

“Tanto o escritor como o pintor podem criar heterónimos e escrever/pintar como esse heterónimo escreveria/pintaria.” – Ricardo

De entre várias opiniões, a professora problematizou se na pintura também pode existir história (como exemplo da própria: um “borrão” tem história?) e se “Existe história sempre na excrita e nunca na pintura?”

Foi também dado o exemplo da Guernica de Picasso, em que o próprio pintor é autor e narrador, de pontos de vista diferentes. Sendo que é autor porque pintou o quadro e é narrador porque conta os acontecimentos segundo aquilo que sabia e viu. Houve ainda outra opinião:

“Existe, da parte do homem, uma necessidade de contar uma história. Quer através de escrita quer da pintura.” – Afonso

No fim da aula, a professora levantou uma questão importante (visto que fomos mais além do esperado) para a qual todas as opiniões convergem e nos remetem:

“O que é uma história?”





Mariana Silva 12ºA

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dois Excertos de Odes, Álvaro de Campos

(A propósito de uma passagem do livro Memorial do Convento: "noite e antiquíssima e idêntica, vem").

Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lentejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter connosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, xintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde — quem sabe? — Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso é inútil.

Vem, Noite silenciosa e estática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como uma brisa na tarde leve,
Tranquilamente com um gesto materno afagando.
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua máscara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem.

A lua começa a ser real.

Sumários da semana de 11 de Maio

Felizmente há Luar: A dimensão simbólica.
Leituras da obra e de textos adjacentes, nomeadamente "Perguntas de um operário letrado", de Bertolt Brecht.

Análise de texto. A escrita barroca, os paradoxos, o intertexto.

OUVIR O SILÊNCIO A LER


(Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0yntD27Lu8FsyEwjPYTrM3lDBu1nOH1kljOtoyAfyVTZh47ee3HkcG-jtR4mrVLvlO_yCaS0VBgrUL2n-LPExcvgY2rm52wOEEpmeJkDUshto3POHsOGA6A3-oyhkU0XboJIrDgrtyTVc/s400/metro+paris.jpg)
O CP aprovou recentemente uma proposta que só não é inédita porque já foi experimentada com muito sucesso noutras escolas, e que temos esperança que depois da nossa possa ter continuidade em outras. Trata-se de, durante 45 minutos (entre as 10.30 e as 11.15 do dia 20 de Maio, quarta-feira) toda a escola (mas toda mesmo: alunos, professores, nas aulas, no centro de recursos, conselho executivo, sala de professores, funcionários de acção educativa, secretaria, bar, papelaria, refeitório, jardim) fazer uma pausa para leitura (em silêncio). Cada um traz um livro e lê. Onde estiver. A única pessoa que não vai estar a ler será alguém dos audiovisuais que andará pelo meio do silêncio a gravá-lo. Por isso pedimos aos professores que durante esses 45 minutos mantenham as portas das salas abertas, para que o silêncio entre, se instale a ler e possa circular com o ar.


São bem vindos todos os encarregados de educação que puderem e quiserem juntar-se-nos.


Que convidem, se quiserem, personalidades de fora da escola (artistas, criadores de qualquer área, ex-alunos, a juntarem-se a nós)

- Que os professores que estiverem em aula nesse segmento façam o favor de deixar as portas das salas abertas a fim de deixar o silêncio circular contagiando toda a escola e para se poder registar o momento pelo sector dos audiovisuais.

- Que tragam todos um livro para ler.

- A todos, apenas se lhes pede que estejam na escola a ler o que lhes apetecer. Na sala de aula, para quem for o caso disso, ou nos outros espaços.

- Que quem puder traga, para além do que vai ler, mais livros (de leitura que considere cativante e agradável) e que não tenha pena de perder, e os deixe nos dias anteriores no CR para nesse dia se poder distribuir com facilidade sem a burocracia demorada da requisição, aos eventuais esquecidos. Também podem deixar os livros nesse dia pelos vários espaços da escola para serem recolhidos por quem quiser/necessitar, eventualmente também por funcionários.



Neste dia, durante estes quarenta e cinco minutos, vamos esquecer os programas, os testes, os aborrecimentos, as mágoas, as zangas, os medos, o passado e o futuro, os ruídos e os deveres e…vamos ler. Em silêncio. Fora e dentro de nós. A ver o que acontece.



No segmento seguinte haverá um debate/mesa-redonda no Centro de Recursos sobre “Silêncio e criação” com os convidados e algumas turmas (porque, infelizmente, não cabem todas)

sábado, 9 de maio de 2009

TPC (para os que faltaram à aula sobre a estética barroca)...

... a propósito da obra Memorial do Convento:


Construção de um texto pessoal a partir da audição de música barroca (nas ligações à direita neste blogue, que incluem excertos de música de Domenico Scarlatti, o compositor que esteve na corte de D. João V), ancorado (mas não reproduzindo) em conhecimentos já assimilados sobre o barroco em geral, na literatura, na música e tendo em conta que a própria escrita de Saramago no Memorial... possui características barrocas.
O texto pode ser de reflexão, poético, narrativo ou em diálogo, mas sempre reflectindo o efeito em ti produzido pela música característica desta estética.

Texto de apoio:

ALGUNS TÓPICOS SOBRE O BARROCO NA VIDA, NA LITERATURA, NA MÚSICA:

- Estética de formas aparentes, luxuosa, de fausto e esplendor.
- Preocupação com a salvação da alma, mas também com os prazeres materiais da ostentação, do luxo que o poder confere, assim criando uma tensão permanente.
- A busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, pregando a ideia de que se nada é estável, tudo deve ser decifrado.
- Tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística.
- A literatura barroca caracteriza-se pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero.
- O barroco é conhecido como "a arte do conflito", pois (por causa do Renascimento) o homem estava dividido entre dois valores (o teocentrismo e o antropocentrismo). Por isso, o barroco pode ter uma vertente pessimista e outra luminosa. Por causa dessa mudança na mentalidade, o homem entra numa grande depressão dado que já não pode recorrer a Deus. Este conflito vai reflectir-se nas artes da época: relevo na arquitetura, movimento na escultura, luz e sombra na pintura, contraponto e ornamentação na música e antíteses e paradoxos, hipérboles, metáforas e antíteses na literatura.
- A esta angústia não são estranhos fenómenos como as pestes, com a constante ameaça de morte e a Inquisição, pela mesma razão. Esses aspectos são visíveis no Memorial do Convento
- O homem encontra-se dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu. Conflito existencial gerado pelo dilema da divisão entre o prazer pagão e a fé religiosa.
- A extravagância e o exagero nos detalhes.
- Contradição- é a arte do contraditório, onde é comum a idéia de opostos: bem ou mal, pecado ou perdão, homem ou Deus. Linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras de estilo para melhor expressarem a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna.
- Regido por duas filosofias: Cultismo e Conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas e excesso de figuras de estilo. Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visavam melhor explicar o conflito dos opostos numa verdadeira arquitectura de ideias, tal como fomos referindo durantes as aulas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sumários da semana de 4 de Maio

O barroco na música e na literatura. Tema e variações.
Ornamentação e desdobramento. Em Memorial do Convento, no Barroco e no Jazz.
Tema e variações: Audição de música de Scarlatti, de música de Bach e de música de jazz a partir de temas de Bach.
Criação de um texto com uma reflexão sobre a estética barroca na música, na literatura e no livro Memorial do Convento.

Memorial do Convento:
Leituras.
Os novos heróis.
A repressão.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sumários da semana de 26 de Abril:

1º teste do 3ºperíodo.

Leituras de Memorial do Convento.
Análise do episódio do voo: as figuras de estilo, como a comparação, a ironia, a personificação e o paradoxo.
Aspectos sociais; a Inquisição e a música.
O intertexto.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ESTRUTURA e cotação DO 1º TESTE:

I Grupo:
Objectivo: mostras que conheces o romance.
- Nove perguntas sobre o Memorial do Convento para responderes com V/F e justificares (se for verdadeiro) ou corrigires (se for falso).
II Grupo
Objectivo: Analisas o texto e respondes coerentemente às questões.
- Excerto da obra (uma parte do manual, lida na aula) com quatro perguntas de interpretação).
III Grupo
Objectivo: Desenvolves com imaginação, mas tendo em conta o que conheces da obra, um assunto do Memorial do Convento .
- Criação de um texto a partir de uma de três propostas (150 a 200 palavras).
Cotação:
I Grupo: 90
II Grupo: 60
III Grupo: 50

quarta-feira, 22 de abril de 2009

NOTÍCIAS DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA

Há mais uma visita de estudo à vista:

Curso de Arquitectura no ISCTE, Lisboa
2ª feira, dia 4 de Maio, das 10h00 às 12h30

“Pretende-se com esta visita o conhecimento do curso de arquitectura para os alunos interessados na área de arquitectura, nas suas dimensões académicas e sócio relacionais: a assistência a aulas práticas de todos os anos para lhes dar uma noção dos trabalhos desenvolvidos ao longo do curso, a interacção com os colegas universitários para partilha de experiências e conselhos.”

Esta visita interessa aos alunos que pretendam seguir para arquitectura. Aguardo as vossas inscrições!



Informo que ainda temos alguns (poucos) lugares vagos para a ESAD nas Caldas da Rainha no próximo dia 30
e para a ESART em Castelo Branco que vai ser no dia 6 de Maio (ainda estou à espera das inscrições dos alunos de som para irem conhecer o curso de MÚSICA ELECTRÓNICA E PRODUÇÃO MUSICAL).



Luisa Mota
Serviço de Psicologia e Orientação
E.S.A. António Arroio
http://spo.luisamota.googlepages.com

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sumários da semana de 20 de Abril

Leituras em voz alta.
Leituras do dicionário etimológico e do diário de Saramago.
A subvsersão da história, da escrita e do estatuto do narrador em Saramago.
A ideologia.
O humor e a sátira.
O sagrado e o profano.

Dia mundial do livro: leitura de excertos de um livro sobre os prémios Nobel da Ciência, nomeadamente sobre um padre cientista, a propósito de Padre Bartolomeu. (O Legado de Nobel, de Raquel Gonçalves-Maia)
Leituras em voz alta.
A Inquisição.
Características da linguagem: o estilo rebuscado e barroco e as expressões populares, comparações, metáforas e enumerações.
O narrador e o universo feminino.
Narrador testemunhal ou omnisciente.
O intertexto.

Sumários da semana de 14 de Abril

Introdução ao estudo de Memorial do Convento: José Saramago- alguns dados biográficos.
Memorial do Convento: Ficção, História e fantástico.
Leitura de excertos da obra.
As personagens de Baltazar e Bartolomeu de Gusmão.
Os "elementos" no Memorial.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

CONCURSO

De: ServicoPedagogico [mailto:servicopedagogico@gmail.com]
Enviada: quarta-feira, 15 de Abril de 2009 12:26
Para: servicopedagogico@gmail.com
Assunto: FW: FW: Serviço Pedagógico Águas Livres do Museu da Água da EPAL


Ex.mo(a) Senhor(a) Director(a),


O Museu da Água da EPAL vai premiar alunos do ensino secundário, de todo o país, com computadores portáteis e com uma visita a um dos quatro núcleos do Museu da Água.

Para concorrer os alunos terão de desenvolver um trabalho de investigação, individualmente, mas com a supervisão dos seus professores, sobre a importância da Gestão dos Recursos e/ou a Globalização, sob o mote “O Mundo é a nossa casa”, da obra homónima do arquitecto Júlio Moreira.

Aos autores dos cinco melhores trabalhos será oferecido um computador portátil e à turma da qual o aluno fizer parte será também premiada com uma visita gratuita à Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, núcleo do Museu da Água, onde irá decorrer a cerimónia oficial da entrega dos prémios, no dia 1 de Junho de 2009.

Os alunos deverão enviar os seus trabalhos até dia 15 de Maio de 2009 (ver regulamento em anexo).

Em caso de dúvida contacte-nos através do n.º de telefone 21 315 30 66, ou consulte o nosso site em www.servicoaguaslivres.com e/ou envie-nos um e-mail para servicopedagogico@epal.pt.

Não perca esta oportunidade. Boa sorte!

Com os melhores cumprimentos,
Serviço Pedagógico Águas Livres

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Avaliação do 3º período:

A avaliação incidirá prioritariamente, conforme combinado, sobre:

- Dois testes
ou
- Um teste e um trabalho individual

E ainda:
- Os relatórios de aula prosseguirão, mas deixarão de ser lidos; serão publicados no moodle ou no blogue, para consulta após correcção, se for caso disso.
- leituras em voz alta de excertos do Memorial do Convento previamente preparadas em casa.
- Pequenos trabalhos propostos pela professora e elaborados na aula (diários, oficina de escrita e outros). Eventual apresentação dos mesmos, caso haja tempo (o período vai ser muito curto...).
- Os alunos que por alguma razão não elaboraram nenhum relatório de aula ao longo do ano, devem agora fazê-lo.
- Assiduidade, pontualidade.

Os critérios de avaliação serão os já definidos no primeiro período e aqui publicados.

Critérios de classificação dos trabalhos individuais:

- Trata o tema do programa (Memorial do Convento, de José Saramago)
Total: 4 pontos (0: Insuf; 1: Suf-; 2: Suf; 3: Bom; 4: Muito Bom)

- Relaciona o programa com o quotidiano
Total: 4 pontos (0: Insuf; 1: Suf-; 2: Suf; 3: Bom; 4: Muito Bom)


- Inclui texto do aluno
Total: 4 pontos (0: Insuf; 1: Suf-; 2: Suf; 3: Bom; 4: Muito Bom)


- Reflecte de forma pessoal
Total: 4 pontos (0: Insuf; 1: Suf-; 2: Suf; 3: Bom; 4: Muito Bom)


- Apresenta originalidade/criatividade
Total: 4 pontos (0: Insuf; 1: Suf-; 2: Suf; 3: Bom; 4: Muito Bom)


MÁXIMO TOTAL: 20

DESCONTOS:
- Não respeita os prazos (primeiro e segundo): 0,5 valor por dia
- Não repeita o mínimo de entradas: 0,5 valor por entrada
- Problemas de correcção escrita: Insuf: 2 valores; Suf-: 1 valor
- Não faz o balanço intermédio e final: 1 valor por cada balanço não feito

Calendário do 3º período:

1º teste:
Turmas A e E: 27 de Abril
Turma H: 28 de Abril


2ºteste:
Turma A: 1 de Junho
Turma E: 27 de Maio
Turma H: 2 de Junho

- 1ªapresentação dos trabalhos individuais: 4 de Maio
- Conclusão dos trabalhos individuais: 29 de Maio

Ler

por:José Saramago

Isto a que chamam o meu estilo assenta na grande admiração e respeito que tenho pela língua que foi falada em Portugal nos séculos XVI e XVII. Abrimos os Sermões do Padre António Vieira e verificamos que há em tudo o que escreveu uma língua cheia de sabor e de ritmo, como se isso não fosse exterior à língua, mas lhe fosse intrínseco.

Nós não sabemos ao certo como se falava na época, mas sabemos como se escrevia. A língua então era um fluxo ininterrupto. Admitindo que possamos compará-la a um rio, sentimos que é como uma grande massa de água que desliza com peso, com brilho, com ritmo, mesmo que, por vezes, o seu curso seja interrompido por cataratas.

Chegam dias de férias, uma boa ocasião para entrar nesta água, nesta língua escrita pelo Padre Vieira. Não aconselho nada a ninguém, mas digo que vou mergulhar na melhor prosa e vou desaparecer estes dias. Alguém quer acompanhar-me?



in:
http://caderno.josesaramago.org/2009/04/08/ler/

Ainda sobre a pontuação:

http://ijotakapa.blogspot.com/2008/03/ainda-propsito-de-saramago-e-pontuao.html

A pontuação em Saramago


in: http://74.125.77.132/search?q=cache:MxyN0kILe3cJ:www.ciberduvidas.pt/idioma.php%3Frid%3D1691+neste+texto+saramago+usa+a+pontua%C3%A7%C3%A3o&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&client=firefox-a

[O Nosso Idioma]
Saramago
O escritor que brinca com a pontuação *
Isabel Coutinho

Vamos fazer um jogo: «A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço, e por fim disse, Guarda-me na tua lembrança, nada mais, e Jesus, Não esquecerei a tua bondade, e depois, enchendo-se de ânimo, Nem te esquecerei a ti, Porquê, sorriu a mulher, Porque és bela, Não me conheceste no tempo da minha beleza, Conheço-te na beleza desta hora. O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se, Sabes quem sou, o que faço, de que vivo, Sei, Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo, Não sei nada, Que sou prostituta, Isso sei, Que me deito com homens por dinheiro, Sim, Então é o que eu digo, sabes tudo de mim, Sei só isso.»

Ao fim das primeiras linhas, o leitor atento terá percebido que está a ler qualquer coisa que saiu da imaginação do escritor português José Saramago. Trata-se de um excerto de O Evangelho segundo Jesus Cristo, romance publicado em 1991, onde é visível a maneira peculiar como o prémio Nobel da Literatura usa a pontuação na sua escrita.

Peculiar porquê? Porque é usada de uma forma não canónica, apesar de o escritor já fazer parte do cânone literário: falta no texto o travessão para identificar o interlocutor no diálogo e somos apenas ajudados pelo início das falas de cada personagem ser assinalado por uma capitular. Também aqui se vê a frase característica da escrita de Saramago, quase sem pontos finais e cadenciada na pausa por vírgulas.

Mas se tem a ideia de que José Saramago eliminou nos seus textos a pontuação, os académicos e o autor dizem-lhe que essa ideia é errada. O prémio Nobel da Literatura português inovou na maneira como utiliza o ponto final e a vírgula – ele prefere chamar-lhe os sinais de pausa –, marcando a frase com um outro ritmo dado pela oralidade. Saramago subverteu a norma: pôs tudo em estado de desordem, revolucionou.

Se este é um aspecto claramente inovador da sua obra, não está isento de controvérsia. Para o professor universitário Carlos Reis, da Universidade de Coimbra e reitor da Universidade Aberta, só os comentadores apressados e os críticos que o não leram é que dizem que Saramago não usa pontuação — «um disparate sem remissão possível». Saramago «usa pontuação, mas reinventa-a de acordo com um outro ritmo prosódico, que é o da oralidade de quem fala a língua», explica. O autor redescobre sentidos ocultos nas palavras que o nosso uso quotidiano nelas acabou por desgastar, diz.
Manuel Gusmão, crítico literário e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, também considera inovador o tipo de frase que veio a caracterizar o escritor: uma frase onde podemos «encontrar o narrador a dialogar com uma ou mais personagens, ou duas personagens que dialogam». Saramago, conclui Gusmão, traz assim o diálogo para o interior da instância narrativa — «como se também ele concordasse que a unidade mínima da linguagem em acção é o diálogo».

Onde está o princípio?

Tudo terá começado no «ensaio de romance» Manual de Pintura e Caligrafia, publicado em 1977. Essa é a opinião da professora universitária Ana Paula Arnaut, da Universidade de Coimbra, que acaba de publicar José Saramago. Foi nessa obra que o autor ensaiou, pela primeira vez, a sua técnica de construção romanesca e nunca mais a abandonou. Todos os seus futuros romances estão contidos em Manual de Pintura e Caligrafia, tal como todos os seus grandes temas futuros estão lá. Desde o «ateísmo confesso», passando pelo «papel de primordial importância concedido à mulher» até ao carácter humanista e humanitário. Arnaut diz que estão lá também as marcas que pautarão o estilo saramaguiano – um «peculiar uso dos sinais de pontuação ou outras entropias sintácticas e semânticas».

Mas, a acreditar nas palavras do Nobel, foi durante a escrita de Levantado do Chão, romance publicado em 1980, que José Saramago se viu perante uma outra forma de narrar. Já tinha escrito vinte e tal páginas, quando lhe surgiu esta nova maneira de contar e voltou atrás, reescrevendo tudo desde o princípio para uniformizar o estilo.

O escritor já explicou várias vezes esse processo. «Era como se eu lhes estivesse a contar a eles a história que eles me tinham contado. E, como você sabe, quando falamos, não usamos sinais de pontuação. Temos pausas [de respiração] e até, como eu digo nos meus livros, os dois únicos sinais de pontuação, o ponto e a vírgula, não são sinais de pontuação, são uma pausa, uma pausa breve e uma pausa longa. No fundo, como também digo muitas vezes, falar é fazer música», disse em 2004 numa entrevista ao semanário Expresso. O escritor não estava a dizer mais do que já tinha escrito em Cadernos de Lanzarote – Diário II (1994): «(...) É como narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não precisa de pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras.»

Na entrevista publicada sábado no semanário Sol, o escritor explica mais um pouco: «O processo não é mecânico, não passa automaticamente de livro para livro, há ligeiríssimas diferenças – tão ligeiras, que se calhar só eu consigo aperceber-me delas. O leitor comum achará que é o mesmo: Ah, ele eliminou a pontuação.»

Essas diferenças fazem a obra do escritor dividir-se por vários ciclos, diz Arnaut. O primeiro ciclo caracterizado por marcas de «portugalidade intensa», directa ou indirectamente enraizado na realidade portuguesa, vai desde o Manual Pintura e de Caligrafia (1977) até O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991). E é em alguns dos livros deste ciclo, veja-se Memorial do Convento e História do Cerco de Lisboa, que aparecem páginas e páginas sem parágrafos, onde o escritor deixa de usar de forma canónica a pontuação (e o leitor pode ter de ler várias vezes para perceber e se só dias mais tarde recomeça a leitura pode ter de voltar atrás).

Um segundo ciclo começa com Ensaio sobre a Cegueira (1995) e vai até Ensaio sobre a Lucidez (2004), momento em que o escritor passa para temas mais universais e há uma maior aproximação ao cânone do português. Encontramos uma maior linearidade na exposição dos acontecimentos, a clareza passa por maior narratividade e o leitor comum já não voltará atrás na sua leitura.

O terceiro ciclo inicia-se em 2005 com a publicação de As Intermitências da Morte. E a autora da obra José Saramago explica: «Romance em que o autor parece abandonar o tom e a cor cinzentos que caracterizavam os romances anteriores para adoptar tonalidades narrativas que chegam a despertar o sorriso aberto nos leitores. Além disso, verificamos uma maior aproximação ao que se diz ser a pontuação correcta.»

José Saramago chamou-lhe, aliás, «uma espécie de ressimplificação», situando-a a partir de Ensaio sobre a Cegueira, numa conversa com Carlos Reis (in Diálogos com José Saramago). «Hoje verifico que há como que uma recusa minha de qualquer coisa em que eu me divertia, que era uma espécie de barroquismo, qualquer coisa que eu não conduzia, mas que de certo modo me levava a mim; e estou a assistir, nestes últimos dois livros (o Ensaio sobre a Cegueira já mostra isso muito claramente e este que estou a escrever também), a uma necessidade maior de clareza.»

O romance histórico

E tudo o que Saramago faz é inovador? Ana Paula Arnaut responde que a questão não é tanto se já foi feito, mas a forma e a intensidade como é feito: «Não uma coisa nova, mas de uma maneira nova.» Por exemplo, no romance de José Cardoso Pires O Delfim, já está tudo lá de uma maneira embrionária.

Mas o que há de mais inovador na obra do Nobel português? O modo como José Saramago «perturbou a tradição do romance histórico», diz Manuel Gusmão; ou fez «a inscrição da História na ficção», diz Carlos Reis. E falamos agora daquela que é uma das mais interessantes características da produção saramaguiana: a subversão da «história oficial», de acordo com três ingredientes fundamentais – as traves mestras da história, a sua extraordinária capacidade imaginativa e «fontes menos oficiais», explica Ana Paula Arnaut.

Saramago tem uma «extraordinária capacidade» para descobrir «sentidos novos e temas por inventar» numa ficção e num teatro que se tornaram referências canónicas da nossa literatura, afirma por sua vez Carlos Reis. Saramago «reclama» a história, porque a chama de novo à nossa atenção, dando-lhe uma nova leitura.

O Nobel português inventa factos, mistura o maravilhoso com o empírico, o conhecimento do presente com o reconhecimento ou as novas versões do passado, diz Gusmão. «Joga ironicamente a ficção contra o relato histórico", mostrando "como uma tradição e história dos pobres, dos explorados, oprimidos e vencidos se pode construir contra a história dos vencedores».

A sua inovação no romance é ao mesmo tempo «erudita e popular», explica a professora Maria Alzira Seixo, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É erudita, porque «tem bases historiográficas sólidas», quer nos livros sobre eventos do passado, quer nos romances onde procedeu a investigações próprias e elabora conjecturas para a compreensão de uma época ou de uma figura. E é popular, «pois inventa uma expressão oralizada, que tem a ver com o saber tradicional comunitário (como em Levantado do Chão), criando a sua frase característica», explica Alzira Seixo. E, apesar de os seus livros serem poeticamente muito elaborados, não deixam de ser pedagógicos, transmitindo ensinamentos com uma forte dimensão ética e ao alcance de todos. «São ainda um exemplo raro, na pós-modernidade, da criação literária que se alia a valores humanos e colectivos, como bem se vê em Ensaio sobre a Cegueira e As Intermitências da Morte.»

Como os mais novos o vêem

Numa literatura em que Saramago se tornou um cânone, os escritores mais novos já ganham prémios com o nome de Saramago e é normal que lhes perguntemos o que acham do Nobel. O primeiro inquirido é José Luís Peixoto, que recebeu o Prémio Literário José Saramago 2001. É o «conhecimento do humano», aquilo que Peixoto encontra de «mais intenso e original» na obra do Nobel português. O domínio da narrativa e da língua são colocados ao serviço desse elemento central: «O ser humano, tanto no que toca à sua força, como às suas fragilidades e contradições.» Saramago inovou na forma como, em cada livro, construiu novas parábolas que se distinguem pela grande ironia e imaginação com que são construídas.

O premiado em 2005, Gonçalo M. Tavares, diz que o que há de mais «estimulante na obra de José Saramago é o desenvolvimento ficcional de uma ideia impossível». «O desenvolvimento desta espécie de realidade paralela é de tal forma minucioso e pormenorizado, que a certo momento o leitor esquece que se partiu de uma hipótese inverosímil e parece estar perante algo que sempre foi assim», continua o escritor. «Olhamos de novo para a realidade e sem uma epidemia de cegos parece que algo falta ou que algo mente.»

Válter Hugo Mãe, o escritor que assina sem maiúsculas (não é uma influência de Saramago), que ganhou o prémio em 2007, diz que o seu grande feito, naquilo em que acrescenta algo à literatura portuguesa e mundial, tem a ver com «a busca incessante de chegar ao colectivo dos homens, seduzindo-o para a grande história humana no sentido de amigar as gentes e combater toda a exclusão». Nos livros de Saramago, o homem é universal, visto a partir das suas raízes, como qualquer anónimo enredado numa aventura. O escritor distingue-se assim «por levar à literatura uma grande coerência ideológica, extremamente humanista, que recupera a força das grandes histórias numa projecção sempre colectiva e nada egocêntrica». E isso é muito raro num escritor, diz Válter Hugo Mãe. Ponto final
* in Público do dia 23 de Abril de 2008 — 24/04/2008
Sobre o Autor

Jornalista portuguesa.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Moodle e outros avisos


Caros alunos/as:
Após o esforço que fizemos nas últimas aulas do final do período relativamente à vossa inscrição na minha página do moodle, no que se refere aos alunos do 12 E falta ainda que actualizem os vossos emails para poderem receber as informações que eu lá colocar. Para isso devem entrar na vossa área com o número do cartão (sem a letra) e aí actualizarem o perfil colocando o vosso email actual e verificando com atenção se o escreveram bem.
Tenham umas boas férias e uma Páscoa Feliz!
Risoleta

PS Não se esqueçam de ler o Memorial do Convento !
E quem quiser prosseguir com o trabalho individual (conforme combinado) pode recomeçar quando quiser, o mais tardar na primeira semana de aulas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Pastiches

A partir de: “Olha-me sorrindo uma criança.”

Alberto Caeiro:

Que inocência aquela,
De um olhar que me contempla
A passar por mim como se não fosse nada…
Alheia a toda esta irremediável certeza,
olha-me sorrindo uma criança.

Álvaro de Campos:

Olha-me sorrindo uma criança
certa, sim
Aquela que caí ali, sem um amparo.
Pobre tristeza… quem não a tem!

Ricardo Reis:

E no meu sonho
Olha-me sorrindo uma criança.
O seu destino
carregado agora em mim
E é quando acordo que vejo
Que com ela estou no meu fim.

Ana Catarina, 12H

terça-feira, 24 de março de 2009

Como fazer um relatório quando não se gosta de fazer relatórios:

Alguns trabalhos assumiram a forma de blogue, outros o formato de papel, bloco, caderno; outros ainda forma-me enviados por email. Isto significa que alguns destes bons trabalhos acabaram por não ser partilhados nem divulgados, o que é pena. Aqui está um exemplo de um que me chegou por email:

Um misto de balanço da matéria e do trabalho individual da aluna com uma ou outra reflexão que se pode relacionar com a visita de estudo pessoana, sob a forma de ficção.
O texto que se segue é Carolina do 12H, que usa o pseudónimo de Sahara e não gosta de fazer relatórios, pelo que encontrou esta forma inteligente de fazer, não o fazendo, o que lhe fora pedido que fizesse. :-)
Professora R




A arrastar os pés, Madalena percorreu as ruas por onde passeara com Mateus. Ainda tinha esperança de encontrá-lo algures, num sítio especial: na florista o "cantinho da Flor", onde ele trabalhara; na casa abandonada onde tinham acampado uma noite, na montanha onde costumavam ir para falar e pensar.
Desde que Mateus partira, que as ruas pareciam mais vazias e silenciosas. Ninguém falava do assunto, mas todos concordavam, silenciosamente, que o Nómada lhes fazia falta.
Com o livro que Mateus lhe deixara debaixo do braço, encaminhou-se para a colina. Sentou-se no muro de pedra, como fazia quando estava com o Nómada, e começou a ler.
Era um diário, com textos escritos pelo próprio Mateus, e algumas prosas e poemas copiados.
Madalena riu, ao recordar a obsessão de Mateus por Fernando Pessoa. Adorava-o; especialmente quando escrevia sob o nome de Alberto Caeiro: dizia que Alberto era realmente o mestre, porque não aprendera a sê-lo nem se esforçava para o ser, era-o e pronto.
A rapariga torceu o nariz: agora que pensava no assunto, Caeiro e Mateus eram muito parecidos... Tanto o Mestre como o Nómada viviam em paz consigo mesmos e com o mundo, porque eram livres de tudo: do passado, do futuro, dos outros e deles mesmos. Memórias não as tinham, espectativas também não, nem dos outros, nem deles mesmos.
Ao sentir que o rosto se lhe contorcia ameaçando choro, Madalena inspirou fundo e tentou controlar-se: quem lhe dera poder ser como o Mateus, sem passado também.
Recordou então aquela vez em que Mateus lhe dissera que ela era muito parecida com Álvaro de Campos, se bem que, ao esforçar-se por ser como Caeiro, passasse por vezes por Reis.
Na altura, Madalena torcera o nariz e decidira que Mateus era completamente doido, mas agora percebia que, de facto, ela se entregava demasiado ao sentimento e que, ao ver a paz em que Mateus vivia, saboreando moderadamente cada sensação, tentara ser como ele, dominando-se um pouco como fazia Reis.
Então, entre duas páginas do diário, Madalena encontrou uma fotografia de um café, que reconheceu como "A Brazileira". Na fotografia, Madeus estava sentado ao lado da estátua do poeta, usava um par de óculos partidos e um chapéu de côco. Na mesa estava pousado um bloco de notas, e o Nómada brindava alegremente a Fernando Pessoa com uma garrafa de absinto. No verso da fotografia, estava escrito: "Eu e o meu amigo Pessoa, em Flagrante delitro. Ai se a Ofélia e a Madalena sabem..."
Então a rapariga riu a bom rir, e começou a ler o texto que Mateus escrevera sobre a Lisboa Pessoana. De nada Mateus se esquecera: da rua, dos prédios, dos cafés e do Animatógrafo (Mateus comentara vezes sem conta que lhe custava acreditar que Pessoa frequentasse aquele lugar, mesmo sabendo que antes não fora o que é agora).
Os outros textos que Madalena encontrou no diário falavam de coisas estranhas: sendo que um diário serve normalmente para narrar o quotidiano das gentes, não fazia o menor sentido que Mateus escrevesse cartas a Pessoa e aos respectivos heterónimos, nem que reflectisse sobre a importância das pessoas, e a relevância que podiam ter entre elas...
Madalena encontrou também alguns textos pagãos, tão adorados por Mateus; porque estabeleciam uma ligação entre o homem e a natureza, e porque, através de outras religiões, ridicularizavam o cristianismo.
Havia também relatos de sonhos, ou melhor, pesadelos.
Quando acabou de ler, Madalena encolheu-se sobre o muro e, de queixo pousado nos joelhos, pensou em tudo o que aprendera com Mateus. Em todas as coisas que eram tão óbvias e indespensáveis, e de que, até à sua chegada, ela não se apercebera.
Era importante pensar em quem eles eram, e em quem queriam ser. Saber porquê e como fazer uma diferença, tornando especiais os lugares por onde passamos e as Pessoas com que vivemos. Descobrir que, pelas coisas que ainda não fizemos mas havemos de fazer, tudo isto já é especial.
Apercebeu-se de como era importante redescobrir as nossas ligações à natureza e as animais: o Homem já não se lembra, mas é tão bicho quanto o seu cão, gato, ou como a formiga que pisa; começou como todos eles e como todos eles há-de acabar, sem nunca, por toda a vida, se aperceber de que a sua alma vale tanto como a deles, e tanto os corpos de uns como doutros têm as mesmas limitações; no fim o mesmo fado, no início o mesmo berço.
Pensou se as Pessoas são realmente quem querem ser, se o conseguem ser. Reflectiu nas suas semelhanças com os heterónimos, e, percorrendo com a mente a história de cada um, procurou alguma lição que estes lhe pudessem ensinar.
Depois, com a cabeça a latejar e os olhos quentes de lágrimas, levantou-se do muro e saiu da colina. Atravessou a aldeia, e chegou à estrada principal. Lá, avistou o Padre, sentado no banco da paragem de autocarro. Sentou-se ao pé dele, e entreolharam-se.
Então, de repente, ouviu-se o som de pneus a derraparem, e subiu no ar o cheiro de borracha queimada. Levantarm-se os dois, expectantes, a ver se era Mateus quem chegava no Land Rover que parava no meio da rua. Os feirantes inclinaram-se para cima das bancas para espreitar, e as pessoas que estavam nos cafés inclinaram-se e retorceram-se nas cadeiras para verem.
Mas, inexplicávelmente, o jipe continuou a sua marcha; do Nómada, nem sinal.

(O resumo do meu trabalho é feito ao mesmo tempo que Madalena lê o diário de Mateus, e a minha reflexão é feita aquando da reflexão dela.)

Sahara

________________________________________

Pastiches:

(Feito no âmbito de uma aula de português)
3 poemas com uma mesma frase/Verso sendo cada um dos textos ao estilo dos heterónimos de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis

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Olha-me rindo uma criança
Brincando no jardim,
a correr às voltas
lembra-me de mim
solto no passado, a minha cabeça
arde e arde
sem fim

Álvaro de Campos
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Olha-me rindo uma criança
e corre pelos bosques,
na sua alegria encontra
o porquê das coisas
existem porque existem
só isso...

Alberto Caeiro
---

Olha-me rindo uma criança
mas não a quero conhecer
quero pois sim,
como ela, viver
o momento presente

Ricardo Reis

Miguel Martinho, 12H

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sumários da semana de 23 a 27 de Março

Balanço do trabalho do 2º período período.
Entrega e devolução dos últimos trabalhos.
Auto-avaliação e avaliação.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pastiches:

Poemas


Hoje acordei e julguei-me cego,
Houve em breve momento em que o olhar
Não me mostrou nada

Palpei à minha volta os lençóis
E a cama
Senti o calor da luz
Que entrava em jogos pela janela
E porém não vi o sol.

Depois, subitamente, tornei a ver.
E as coisas estavam lá todas,
Inteiras.
E, ainda assim, metade delas apenas.

Creio que fui sempre cego,
E só agora me apercebi disso.
Se calhar há mais no vento do que o vento.


Alberto Caeiro




Ficou-me nas linhas,
O que me morreu no corpo.
Ao som mecânico e ritmado
Da máquina de escrever,
Vou cantando os dias que já não tenho,
E a pena de os não ter.

Por um breve momento em que o olhar
É cego para o teclado
E para 5 mãos,
Vejo nas letras
O meu corpo de menino.

Nas páginas, vive,
Mas fora delas, como lembrança que é,
Está morto.
Onde está o corpo da minha criança?
Quero ir buscá-lo,
Vestir-me na sua pele!
Mas está onde,
O cadáver da minha infância?
Algures no que já foi,
Decerto.
Como lá chegar, desde a terra das coisas
Que ainda são,
Só a máquina de escrever o sabe.
Tec – tec – tec – tec…

Álvaro de Campos





Trabalho realizado por:

Carolina – nº8
Joana costa – nº15

Sumários das aulas entre 16 e 20 de Março

Teste.
Teste de recuperação.
Entrega e correcção.
Avaliação de trabalhos.
Inscrição dos alunos na plataforma "moodle".

terça-feira, 17 de março de 2009

Concurso

Mês da Juventude 2009
Regulamento – Concurso de Graffitis

O concurso de Graffitis encontra-se inserido no Mês da Juventude, evento este que tem como objectivo dinamizar e interagir com a população jovem da freguesia e arredores.

Tema:
Desporto, Jovens, Freguesia da Pena

Os participantes deverão elaborar um Graffiti em que englobem o Desporto, Jovens e a Freguesia da Pena

Destinatários:
Todos os Writters, individualmente ou em Crews, até 3 Writters, jovens que possuam até 30 anos de idade inclusive.



1ª Fase do Concurso:

Selecção
Serão seleccionados pela Organização (Junta de Freguesia da Pena) 5 trabalhos cujos autores terão oportunidade de participar na fase final do concurso, ou seja, na execução dos Graffitis.

Formato:
Os participantes deverão apresentar um projecto em tamanho A4 do Graffiti a executar, incluindo todos os pormenores definidos

Prazo de candidatura:
Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail geral@jf-pena.pt, em formato JPEG ou PDF, ou por correio para a morada Rua do Saco nº1-A 1150-283 Lisboa, com respectiva identificação (nome, idade (a comprovar se necessário), morada, freguesia, e-mail e telefone) até às 12h do dia 23 de Março de 2009.
A Organização informará até ao final do dia 25 de Março de 2009, via e-mail e/ou telefone, os participantes cujos trabalhos foram seleccionados.



2ª Fase do Concurso:

Custo de candidatura e participação:
Não existirá qualquer tipo de custo para a inscrição neste concurso.

Critérios de Avaliação:
a) Correspondência ao tema;
b) Nível Técnico
c) Nível estético e artístico;

Cada membro do júri avaliará todos os critérios de 0 (mau) a 5 (bom), sendo o vencedor o participante que somar mais pontos


Material:
Cada participante eleito deverá fazer-se acompanhar de luvas descartáveis máscaras e águas.
A Organização facultará Latas de Aerossol nas 7cores do arco-íris.

Regras do Concurso:
Os trabalhos escolhidos serão elaborados no Muro interior do Quintalinho no Grupo Desportivo da Pena, sendo assim realizados ao ar livre, no dia 26 de Março de 2009.

Não haverá um limite de cores a utilizar, existirá isso sim a obrigação da utilização das cores da freguesia – Azul e Amarelo.

Os participantes escolhidos ficarão obrigados a cumprir com o trabalho apresentado anteriormente

Júri:
Será composto por um membro do executivo e membro do Grupo Desportivo da Pena
As decisões do júri são soberanas e solidárias, não sendo admitido qualquer tipo de recurso sobre a escolha final.

Esclarecimentos:
Junta de Freguesia da Pena

Rua do Saco, 1-A 1150-283 Lisboa
Tel. 21 882 01 10 e-mail: geral@jf-pena.pt
Fax. 21 882 01 19

quarta-feira, 11 de março de 2009

Trabalhos individuais:

Bom dia, terminado o prazo de emprega dos trabalhos individuais e tendo feito uma "viagem" geral pelos mesmos, inicio hoje a avaliação, começando desta vez pelos últimos da ordem alfabética e alternando depois com os primeiros, e assim sucessivamente.
Risoleta

terça-feira, 10 de março de 2009

Matriz do teste (1ª página):

Clicar sobre a imagem para aumentar:

Matriz do teste (2ª página):



Quando na matriz se fala em Fernando Pessoa, pode tratar-se do ortónimo ou de um dos heterónimos.

Feira do Livro usado

Do Centro de Recursos, recebi a seguinte informação:



Estamos a divulgar uma "Feira" do Livro Usado - a decorrer de 23 a 27 de Março, na Biblioteca/Centro de Recursos - aberta a toda a comunidade escolar. Esta iniciativa consiste na simples troca de livros, obras que todos temos em casa com algum interesse para alunos ou outros professores, livros repetidos, livros que já não se abrem há vários anos e que precisam de arejar e conhecer outro dono... Na semana de 16 a 20 de Março, a Biblioteca recolhe esses livros, entrega um talão com o nº de livros e a identidade; na semana seguinte, vamos pô-los à disposição de quem vier munido com um talão.

Obrigada.

Julieta Silva
http://arteziletras.blogspot.com/2009/03/feira-do-livro-usado-na-biblioteca.html

Assunto: ART POSTAL

Transcrevo de e-mail recebido da Escola Secundária Artística Soares dos Reis:

Vimos por este meio, solicitar a Vª EXª a divulgação junto de toda a comunidade escolar, do blog sobre arte postal, que foi criado pela Área de Produção Artística e o Departamento das Línguas da Escola Artística de Soares dos Reis.
O endereço é: www.languageallart.blogspot.com
Grata pela atenção
Os nossos melhores cumprimentos
Paula Gonçalves


http://www.languageallart.blogspot.com/

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sumários da semana de 9 a 13 de Março

Caracterização e classificação de personagens.
Espaço físico, social e psicológico.
A maçã e a moeda como símbolos.
Felizmente há Luar, o pós-invasões francesas e a conspiração de 1817.
Contexto histórico do drama,símbolos e intemporalidade.
Leituras dramatizadas, análise de excertos da peça.
Leitura de "Redacções da Guidinha", de L S Monteiro e de poemas de Pessoa sobre Salazar.
Análise e esclarecimentos sobre a matriz do teste.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ainda a propósito do senhor poeta de sempre:Pessoa

Olá professora,

O poema de que lhe falei hoje na aula, e que coloquei no meu blog há alguns dias é o seguinte:

Apontamento II

O lago todo e a lua
a lembrar-me Pessoa desencontrado
aqui.

O tempo de escrever como outro
tempo
largo e de lago
espelhado em mil distâncias
e montanhas

Capítulo: "Apontamentos desiguais", Ana Luísa Amaral. in: Entre dois rios e outras noites

Nadine

Sumários das aulas entre 26 de Fevereiro e 6 de Março

Leitura de algumas entradas do Dicionário das origens das palavras relacionadas com a matéria em estudo.
Introdução ao estudo de Felizmente há Luar.
Leituras dramatizadas do texto.
Falas e notas cénicas.
Didascálias técnicas e didascálias de teor psicológico.
Estudo do contexto político e da biografia de Luís de Sttau Monteiro.
Leitura de uma entrevista com o dramaturgo.
Biografia de Sttau Monteiro, O estado novo, O herói explícito: General Gomes Freire de Andrade e o implícito: general Humberto Delgado.
Contexto histórico da acção e contexto "metafórico" da peça. Drama/fábula/parábola.
Ligações e oposições Igreja e estado.
Censura e repressão.
Caracterização e classificação de personagens.
Espaço físico, social e psicológico.
A moeda símbolo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sumários das aulas de 16 a 20 de Fevereiro.

Preparação da visita de estudo à Lisboa de Fernando Pessoa.
Conclusão do estudo da poesia de Ricardo Reis: Leituras, análise de poemas e síntese das principais características.
Oficina de escrita.
Breve introdução ao estudo da peça Felizmente há Luar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Relatório da Aula de Português do dia 5 de Fevereiro




(Imagem enviada pelo aluno)
Tal como já vem sendo habitual às quintas-feiras, iniciámos a aula de Português pelas catorze horas e quarenta e cinco minutos na sala duzentos e quatro.
A primeira leitura foi feita pelo aluno Ricardo Coelho, após alguma agitação de parte da turma com o relatório da aula de dia dois de Fevereiro.
De seguida a professora informou que, tal como tinha combinado na aula anterior, já possuía as fotocópias para a preparação da visita de estudo à LIsboa Pessoana.
Algo que também já tem vindo a ser lido nas aulas de Português é o livro Exercícios de Estilo de Raymond Queneau, sendo que desta vez o texto denominava-se de "Apartes". Houve uma pequena explicação, da parte da professora, do que deve ser entendido por apartes. Estes pertencem sobretudo ao texto dramático, onde usualmente se convenciona que não são ouvidas pelas outras personagens, mas apenas pelo público presente.
Prosseguimos com a leitura pela professora de um livro novo que esta trouxera. Denominado Cadernos de Lanzarote e escrito por José Saramago, este é um diário deste já famoso escritor. O primeiro texto que ouvimos foi relativo ao dia 11 de Janeiro, e refere-se à primeira vez que o autor teve contacto com Ricardo Reis.
Falámos um pouco sobre José Saramago, que é proveniente de uma família humilde, e que por essas mesmas razões durante o discurso de agradecimento do prémio Nobel que recebeu, agradeceu sobretudo à sua família, mas em especial aos seus avós.
O texto que ouvimos começa com uma pequena descrição da escola Afonso Domingues. Esta era uma escola industrial que possuía diversos cursos e onde Literatura era uma disciplina leccionada. A acção decorre quando o autor possuía cerca de 16 ou 17 anos e foi nessa altura que na biblioteca da escola que “se começou a escrever Ricardo Reis”. Saramago recorda o facto de na altura não ter conhecimento do facto de Ricardo Reis ser um heterónimo de Fernando Pessoa.
As leituras prosseguiram com o Álvaro de Campos, de quem foram lidos diversos poemas. A "Ode Marítima" na página 185 do manual, foi lida pela professora e pela turma. Os alunos limitaram-se a ler algumas palavras relacionadas com o mar. Este poema para além de possuir alguma influência de Alberto Caeiro torna-se bastante interessante pelas suas intersecções. O poema, tal como é costume nos textos deste autor, possui um tom épico e deve ser lido de forma exaltada e entusiástica.
De seguida lemos o poema "Dactilografia", também este de Álvaro de Campos. Neste poema também foi feita uma leitura conjunta da professora com os alunos. Inicialmente apenas as palavras relacionadas com a fase futurista deste poeta foram lidas pela turma, sendo que de seguida fez-se uma nova leitura, onde os alunos apenas leram as palavras relacionadas com Fernando Pessoa ortónimo e o Decadentismo. Podemos classificar este poema como pertencente à terceira fase, ou seja, à fase intimista de Álvaro de Campos.
Virámos a página, ao encontro do poema "Acaso", para desta vez os alunos lerem apenas as palavras ligadas ao Futurismo. Este poema, de tom irónico, refere-se a uma visão pelo sujeito poético de uma rapariga loira numa rua, numa cidade, mas que após uma interpretação um pouco mais profunda, afinal já não o era. Aqui existe uma forte ideia de fragmentação do sujeito poético, também pelo facto de este também ser da terceira fase do Álvaro de Campos.
Continuando a vaga de Álvaro de Campos prosseguimos para o poema "Aniversário". Aqui as palavras que pertenciam aos alunos relacionavam-se com o aniversário, enquanto a professora continuou a ler o texto integral.
Após uma interrupção da parte do aluno (...) devido ao seu telemóvel não se encontrar em silêncio, continuámos a leitura com o poema "O que há em mim é sobretudo cansaço", onde foi proposto à turma que lesse a palavra cansaço de forma fatigada. Este poema, tal como os outros lidos nesta aula, pertence à parte intimista do poeta, pertencendo também ao modernismo.
Aqui o poeta afirma estar cansado, e após uma interpretação da turma, com o auxílio da professora, apercebemo-nos que este está cansado da sua fase anterior que se caracteriza sobretudo por ser eufórica.
Finamente, foi lido o poema "Apontamento" que se localiza na página 183 do manual. Aqui foi referido por alguns alunos que o poema já tivera uma interpretação musical. Este poema caracteriza-se sobretudo pelas constantes comparações entre a alma e um vaso que se partiu no chão, apostando na ideia de fragmentação do sujeito poético. Um poema que se caracteriza pela presença de Ricardo Reis, quando é referida a presença de divindade, pela falta de rimas, pelos excessivos paradoxos e pela fragmentação do eu.
Terminámos assim já perto da hora de tocar uma aula que se destinou quase por completo à leitura e à interpretação de poemas de Álvaro de Campos.

Afonso Botelho, 12A

Relatório do dia 4 de Fevereiro de 2009

Relatório da aula de Português do dia 4 de Fevereiro de 2009


A professora começou por esclarecer dúvidas dos alunos referentes à questão das obras da escola. Aconselhou-nos a manter a calma e confiar nos professores.

Em seguida foi-nos lido mais um capítulo do livro Figuras de estilo de Raymond Queneau com o título "Apartes". Este nome refere-se a uma das três falas do texto dramático sendo que as outras duas se denominam diálogo e monólogo. O diálogo consiste na fala de duas ou mais personagens; no monólogo a personagem fala consigo própria e os “apartes”são intervenções das personagens dirigidas ao público.

Interligando a matéria já dada com o capítulo a seguir previsto, a professora leu-nos um excerto do Diário de José Saramago intitulado Cadernos de Lanzarote e falou-nos de uma outra obra do mesmo autor (O ano da morte de Ricardo Reis), onde Saramago imagina que Fernando Pessoa morre e Ricardo Reis, que vive no Brasil, ao ler a notícia do seu falecimento, vem imediatamente para Portugal para assistir ao funeral do seu criador. Afinal, segundo a professora, Ricardo Reis encontra-se com o fantasma de Pessoa com o qual dialoga durante de algum tempo.

Posteriormente lemos os textos das páginas 182 e 184 do manual sobre o heterónimo Álvaro de Campos e o Futurismo, em que a professora destacou a diferença entre Caeiro e Álvaro de Campos, sendo o primeiro definido como naturalista, calmo, um apreciador da natureza e o segundo arrebatado, intenso e excessivo no modo de sentir, acabando por cair numa melancolia e nostalgia (a sua terceira fase, intimista) em que a sua poesia se aproxima da do ortónimo Fernando Pessoa.

Analisámos quatro poemas de Álvaro de Campos, sendo que todos se inserem na terceira fase (intimista).

O primeiro poema intitula-se "Dactilografia":
Encontrámos algumas marcas que remetem para o futurismo, como seja a linguagem técnica (plano, engenheiro e projecto) e também o” tic -tac das máquinas de escrever”.
A professora salientou o facto da sua poesia, nesta terceira fase, se aproximar do ortónimo Fernando Pessoa, pela sua nostalgia.

O segundo poema intitula-se "Acaso":
Neste poema destacámos a incapacidade do poeta viver o presente por se encontrar agarrado ao passado, ou seja, o poeta fixa-se num dado instante desse passado e acaba por não construir novas memórias. O poeta sente-se incapaz de viver de outro modo e transmite-nos a angústia que essa situação lhe provoca, uma vez que ele dela tem consciência.

O terceiro poema denomina-se "O que há em mim é sobretudo cansaço":
Neste poema o poeta exprime saturação pelo modo como os outros encaram a vida. Aquilo que para eles é importante provoca-lhe cansaço, tédio e aborrecimento. A posição assumida pelo poeta subverte a lógica do senso comum por desejar de forma diferente e coisas diferentes.

Por último analisámos o poema "Apontamento":
Este poema tem como tema a fragmentação do eu e a sua defesa e nele, destacam-se as seguintes ideias:
A alma, enquanto vazo vazio não tinha valor e só depois de estilhaçada ganhou verdadeira importância, pois ao partir-se ficou maior que o todo.

“ (…) Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso (…)”

“ (…) Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu (…)”


Cada “caco” (cada eu do poeta) tem a consciência de si próprio mas ignora a existência dos outros “cacos” (eus), não tendo consciência do todo.

“ (…) Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si-mesmos, não conscientes deles. (…) “


Trabalho realizado por: Ana Pinto 12º E

Alguns textos que poderão interessar os grupos que estão a organizar a visita de dia 19:

Sinopse:

“Existe uma Lisboa paralela a cada obra nascida dentro da cidade. Uma Lisboa que respira nas tábuas de Nuno Gonçalves ou nas odes de Álvaro de Campos. Talvez a olissipografia tenha deixado essa Lisboa de lado, mas tem sido a presença permanente da cidade na escrita de alguns autores o principal remissivo utilizado pelas gerações seguintes: o topónimo aterro evoca-nos, inevitavelmente, Eça de Queiroz; assim como a Rua do Arsenal é Cesário ou a Almirante Reis é Rodrigo Miguéis. (...)

Esta primeira geografia pessoana é mais do que uma viagem através da cidade onde Fernando Pessoa nasceu, viveu e morreu. É, sobretudo, uma nova aventura a partir de textos conhecidos e uma nova forma de os ilustrar. Dos cenários quotidianos, dos hábitos e referências que fizeram uma época, nos dá conta a recolha iconográfica. Mas, guiada pelos próprios textos de Pessoa, esta viagem a Lisboa recorta cada fotografia num cenário de inquietação e de fingimento. E mesmo os prédios pombalinos que alinham escritórios semelhantes entre si (os escritórios onde trabalhou), ou as casas que foi alugando ao longo da vida (inevitavelmente longe do coração da Baixa), recolhem, hoje, pacificamente, à nossa memória das frases pessoanas. ‘Oh, Lisboa, meu lar!’.”



Marina Tavares Dias, na introdução ao livro Lisboa de Fernando Pessoa.



*
“Escrevo atentamente, curvado sobre o livro em que faço a lançamentos a história inútil de uma firma obscura; e ao mesmo tempo o meu pensamento segue, com igual atenção, a rota de um navio inexistente por paisagens de um oriente que não há. As duas coisas estão igualmente nítidas, igualmente visíveis perante mim: a folha onde escrevo com cuidado, nas linhas pautadas, os versos da epopeia comercial de Vasques e C.ª, e o convés onde vejo com cuidado, um pouco ao lado da pauta alcatroada dos interstícios das tábuas, as cadeiras longas alinhadas, e as pernas saídas dos que sossegam na viagem.”
Bernardo Soares

*


"Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar

quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da

civilização e o alargamento da consciência da humanidade"

Fernando Pessoa


*
JOÃO PEREIRA COUTINHO
COLUNISTA DA FOLHA

Portugal é um país com vocação para o fado. Inevitável, dirão alguns: como é possível que um pequeno país europeu, dono do mundo no século 15, tenha sobrevivido à perda do Império com a cabeça limpa?
Resposta evidente: não sobreviveu. O Brasil, verdade seja dita, ainda animou as hostes a partir do século 16. Mas, quando Napoleão resolveu marchar para a Península Ibérica, o agudo sentido de decadência nunca mais abandonou os nativos.
Em 1807, o rei fazia as malas e fugia para o Brasil; o Brasil, poucos anos depois, declarava a independência; e as guerras civis em solo luso fizeram o resto. Ser português era sofrer: era lembrar a glória perdida e suspirar de tédio ou náusea. De Eça de Queirós a Oliveira Martins, não houve intelectual com pretensões que não tenha escrito sobre o “atraso” nacional.
Portugal era aquele sítio que dava vontade de morrer. Ou, então, dava vontade de matar.
Dito e feito: em 1908, o rei d. Carlos era assassinado a tiro.
Veio a República. E, com ela, veio um estado de violência revolucionária que durou até 1926, altura em que os militares acabaram com a festa e prepararam o caminho para Salazar.
O livro de Fernando Pessoa, “Lisboa - O que o Turista Deve Ver”, um inédito escrito em 1925 (em inglês), não pode ser entendido sem a História. Não pode ser entendido sem o forte sentido de “descategorização civilizacional” que não poderia deixar de entristecer um “patriota cosmopolita” como Pessoa. Será esse sentimento que o levará a exaltar Lisboa para consumo estrangeiro.
A Lisboa que o leitor tem nas páginas do livro é sempre excesso: os funcionários são “competentes”, “poliglotas”, “afáveis”; todos os edifícios são “belos”, ou “obras-primas”, ou exemplares “sem paralelo na Europa”.

Contornos
Confrontado com tais descrições, a primeira atitude é questionar se uma cidade assim tão perfeita existiu algum dia na Terra. Uma coisa é certa: para quem vive hoje em Lisboa, a cidade apresentada no livro ganha contornos fantasmagóricos. Sim, alguns elementos continuam no sítio: a belíssima Praça do Comércio continua a maravilhar os turistas e a albergar os serviços públicos; e, claro, os Jerónimos serão sempre os Jerónimos.
Mas, em contrapartida, onde está essa baixa pombalina que, em 1925, apresentava lojas “tão luxuosas como as suas congêneres européias”? Não está mais. E também não estão os hotéis do Rossio, que fugiram para a parte alta da cidade. Ou os cinemas da avenida da Liberdade, que hoje estão nos shoppings da periferia.
E se Pessoa, em 1925, se indignava com os lisboetas que não visitavam o frondoso Parque Eduardo VII, não sei o que diria ele hoje: “freqüentar o Parque Eduardo VII” é uma forma elegante para designar o negócio da prostituição na capital portuguesa.
Uma passagem, porém, despertou-me um sorriso irônico: ao passar pelo Chiado, em 1925, Pessoa prestava homenagem à estátua do poeta António do Espírito Santo. Quem diria que, em 2008, o poeta do Chiado seria outro. Neste caso, o próprio Fernando Pessoa, transformado em estátua e sentado à mesa de um café.

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LISBOA - O QUE O TURISTA DEVE VER
Autor: Fernando Pessoa
Tradução: Maria Aurélia Santos Gomes
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 39 (192 págs.)
Avaliação: regular


JOÃO PEREIRA COUTINHO
COLUNISTA DA FOLHA

*

«Amo, pelas tardes demoradas de verão, o sossego da cidade baixa, e sobretudo aquele sossego que o contraste acentua na parte que o dia mergulha em mais bulício. A Rua do Arsenal, a Rua da Alfândega, o prolongamento das ruas tristes que se alastram para leste desde que a da Alfândega cessa, toda a linha separada dos cais quedos - tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro, por essas tardes, na solidão do seu conjunto.

Vivo uma era anterior àquela em que vivo; gozo de me sentir coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros versos como os dele, mas a substância igual à dos versos que foram dele.

Por ali arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a dessas ruas. De dia elas são cheias de um bulício que não quer dizer nada; de noite são cheias de uma falta de bulício que não quer dizer nada. Eu de dia sou nulo, e de noite sou eu. Não há diferença entre mim e as ruas para o lado da Alfândega, salvo elas serem ruas e eu ser alma, o que pode ser que nada valha, ante o que é a essência das coisas. Há um destino igual, porque é abstracto, para os homens e para as coisas - uma designação igualmente indiferente na álgebra do mistério.»


(Livro do Desassossego: Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa / Fernando Pessoa)

*
(Alerto para algumas estranhezas deste texto, dado tratar-se de Português do Brasi):

[...]Também Fernando Pessoa, em o Livro do Desassossego, joga com o fingimento a partir de dados autobiográficos. Na detecção desta realidade fingida, o leitor situa-se num território instável, perdido entre os apelos da realidade e os apelos do mundo ficcional. No capítulo intitulado: "Autobiografia sem fatos", o narrador desses fragmentos de desassossego, Bernardo Soares, já estabelece as regras do jogo:

Invejo - mas não sei se invejo - aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nesta impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer ( Pessoa, 1986, 45).

As possibilidades de certeza sobre os fatos se entremostram e se desfazem, deixando um gosto amargo de frustração. O narrador compartilha uma cena de rua com um "passante", com quem já se deparara anteriormente em suas andanças pelas ruas de Lisboa. De uma frase casual trocada, nascem as apresentações:

A certa altura ele perguntou-me se eu escrevia. Respondi que sim. Falei-lhe da revista "Orpheu", que havia pouco aparecera. Ele elogiou-a bastante, e eu então pasmei deveras. Permiti-me observar-lhe que estranhava, porque a arte dos que escrevem em "Orpheu" sói ser para poucos ( Pessoa, 1986, 44 ).

Este dado histórico - referência a "Orpheu"- remete a Fernando Pessoa, mas não elucida o mistério sob as máscaras. Esclarece Leila Perrone-Moisés na "Introdução"9 de o Livro do Desassossego:

A intromissão desse dado histórico nos remete a Fernando Pessoa: seria ele quem teria encontrado Bernardo Soares e, nesse caso, seria ele o narrador desse encontro? Ou teria sido Bernardo Soares que encontrara Fernando Pessoa e lhe falara de Orpheu ? Afinal, ambos correspondem ao mesmo retrato falado: empregado de escritório e escritor. Vertiginoso encontro especular em que o dado real (Orpheu) autentica os dois interlocutores como existentes, ao mesmo tempo que indetermina a autoria do Livro, desrealizando-o (Perrone-Moisés, 25-26 ).

A busca, nessas notas "autobiográficas", de um centro ordenador dos conhecidos heterônimos, que poderiam não passar de uma farsa, sob o controle de Fernando Pessoa, perde-se em dispersão e labirinto. A identidade do narrador espalha-se em personagens fictícias, em que Fernando Pessoa não mantém, como se poderia esperar, o controle de um grupo de marionetes. E diz Leila Perrone-Moisés:"O que é certo é que o teatro pessoano nada tem de um divertimento farsesco. Ele não foi uma invenção artística concebida com distanciamento; foi um modo de viver (de escrever) inevitável e horrível para aquele que sofria de uma irreparável falta de ser" (Perrone- Moisés, 1986, 27 ).

A referência a nomes de pessoas e nomes de ruas que comprovadamente existem ou existiram passam para o texto um cunho de realidade. No percurso pelas ruas concretas de Lisboa, o Poeta recupera a presença de Cesário Verde, com quem compartilha seu isolamento:

A Rua dos Arsenal, a Rua da Alfândega, o prolongamento das ruas tristes que se alastram para leste desde que a da Alfândega cessa, toda a linha separada dos cais quedos - tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro, por essas tardes, na solidão do seu conjunto. Vivo uma era anterior àquela em que vivo; gozo de sentir-me coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros versos como os dele, mas a substância, igual a dos versos que foram dele (Pessoa, 1986, 121).

O Livro do Desassossego, ancorado na realidade, é, todavia, uma autobiografia fingida ou um fingimento autobiográfico, onde mesmo que Bernardo Soares fosse considerado uma simples máscara literária de Fernando Pessoa, não se poderia considerar esse diário íntimo de um retrato fiel de Fernando Pessoa. Esta nova máscara complica mais ainda a procura de certezas de um sujeito lúcido e ordenador:

Não é por ser um empregado de comércio doublé de escritor, por ser solitário, triste e irônico que Bernardo Soares se parece tanto com Fernando Pessoa. Ele se parece tanto com Pessoa por ser a mais fluída, a mais inconsistente, a mais mutante, a menos "personalidade" das "personalidades" pessoanas (Perrone- Moisés, 1986, 27).

Memória e fingimento: os jogos de
Fernando Pessoa e Roberto Drummond no exercício da escritura


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Sim, é o poente. Chego à foz da Rua da Alfândega, vagaroso e disperso, e, ao clarear-me o Terreiro do Paço, vejo, nítido, o sem sol do céu ocidental. Esse céu é de um azul esverdeado para cinzento branco, onde, do lado esquerdo, sobre os montes da outra margem, se agacha, amontoada, uma névoa acastanhada de cor-de-rosa morto. Há uma grande paz que não tenho dispersa fria- mente no ar outonal abstracto. Sofro de não ter o prazer vago de supor que ela existe. Mas, na realidade, não há paz nem falta de paz: céu apenas, céu de todas as cores que desmaiam – azul branco, verde ainda azulado, cinzento pálido entre verde e azul, vagos tons remotos de cores de nuvens que o não são, amareladamente escurecidas de encarnado findo. E tudo isto é uma visão que se extingue no mesmo momento em que é tida, um intervalo entre nada e nada, alado, posto alto, em tonalidades de céu e mágoa, prolixo e indefinido.

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(Alerto para alguma estranheza relacionada com o facto de o texto estar grafado com a grafia original, logo, de acordo com a norma da época em que foi escrito)

Amo, pelas tardes demoradas de verão, o socego da cidade baixa, e sobretudo aquele socego que o contraste acentua na parte que o dia mergulha em mais bulício. A Rua do Arsenakl, a Rua da Alfândega, o prolongamento das ruas tristes que se alastram para leste desde que a da Alfândega cessa, toda a linha separada dos cães quedos - tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro, por essas tardes, na solidão do seu conjuncto. Vivo uma era anterior aquela em que vivo; goso de sentir-me coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros versos como os d'ele, mas a substância igual à dos versos que foram d'ele.

Por ali arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a d'essas ruas. De dia elas são cheias de um bulício que não quer dizer nada; de noite são cheias de uma falta de bulício que não quer dizer nada. Eu de dia sou nulo, e de noite sou eu. Não há diferença entre mim e as ruas para o lado da Alfândega, salvo elas serem ruas e eu ser alma, o que pode ser que nada valha, ante o que é a essencia das cousas. Há um destino igual, porque é abstracto, para os homens e para as cousas - uma designação igualmente indiferente na algebra do mistério.

Mas há mais alguma cousa... Nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma sensação minha e uma cousa externa, que não está em meu poder alterar. Ah, quantas vezes os meus próprios sonhos se me erguem em cousas, não para me substituirem a realidade, mas pare se me confessarem seus pares em eu os não querer, em me surgirem de fora, como o eléctrico que dá a volta na curva extrema da rua, ou a voz do apregoador nocturno, de não sei que cousa, que se destaca, toda arabe, como um repuxo subito, da monotonia do entardecer!

Passam casaes futuros, passam os pares das costureiras, passam rapazes com pressa de prazer, fumam no seu passeio de sempre os reformados de tudo, a uma ou outra porta reparam em pouco os vadios parados que são donas das lojas. Lentos, fortes e fracos, os recrutas sonanbulizam em molhas ora muito ruidosos, [?] ora mais que ruidosos. Gente normal surge de vez em quando. Os automoveis ali a esta hora não são muito frequentes; [...] No meu coração há uma paz de angústia, e o meu sossego é feito de resignação.

Passa tudo isso, e nada de tudo isso me diz nada, tudo é alheio ao meu sentir, [...] quando o acaso deita pedras, echos de vozes incógnitas - salada colectiva da vida.

O cansaço de todas as ilusões e de tudo o que há nas ilusões - a perda d'elas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perde-las, a mágoa de as ter tido, a vetonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.

A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligencia. Há inteligências inconscientes... brilhos do espírito, correntos do entendimento, vozes [...] e philosophias que tem o mesmo entendimento que os reflexos corporeos, que a gesão que o fígado e os rins fazem de suas secreções.

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Maria de Lourdes Abreu de Oliveira
Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora - CES/JF

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Carta de Fernando pessoa ao seu amigo Mário Beirão:

"Estou actualmente atravessando uma daquelas crises a que, quando se dão na agricultura, se costuma chamar "crise de abundância".

Tenho a alma num estado de rapidez ideativa tão intenso que preciso fazer da minha atenção um caderno de apontamentos, e, ainda assim, tantas são as folhas que tenho a encher que algumas se perdem, por elas serem tantas, e outras se não podem ler depois, por com mais que muita pressa escritas. As ideias que perco causam-me uma tortura imensa, sobrevivem-se nessa tortura escuramente outras. V. dificilmente imaginará que a Rua do Arsenal, em matéria de movimento, tem sido a minha pobre cabeça. Versos ingleses, portugueses, raciocínios, temas, projectos, fragmentos de coisas que não sei o que são, cartas que não sei como começam ou acabam, relâmpagos de críticas, murmúrios de metafísicas... toda uma literatura, meu caro Mário, que vai da bruma - para a bruma - pela bruma...

Destaco de coisas psíquicas de que tenho sido o lugar o seguinte fenômeno que julgo curioso. V. sabe, creio, que de várias fobias que tive guardo unicamente a assaz infantil mas terrivelmente torturadora fobia das trovoadas. O outro dia o céu ameaçava chuva e eu ia a caminho de casa e por tarde não havia carros. Afinal não houve trovoada, mas esteve iminente e começou a chover — aqueles pingos graves, quentes e espaçados — ia eu ainda a meio caminho entre a Baixa e minha casa. Atirei-me para casa com o andar mais próximo do correr que pude achar, com a tortura mental que V. calcula, perturbadíssimo, confrangido eu todo. E neste estado de espírito encontro-me a compor um soneto[1] — acabei-o uns passos antes de chegar ao portão de minha casa —, a compor um soneto de uma tristeza suave, calma, que parece escrito por um crepúsculo de céu limpo. E o soneto é não só calmo, mas também mais ligado e conexo que algumas coisas que eu tenho escrito. O fenômeno curioso do desdobramento é a coisa que habitualmente tenho, mas nunca o tinha sentido neste grau de intensidade... "

Fernando Pessoa, 1 de Fevereiro de 1913

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Uma só coisa me maravilha mais do que a estupidez com que a maioria dos homens vive a sua vida: é a inteligência que há nessa estupidez.

A monotonia das vidas vulgares é, aparentemente, pavorosa. Estou almoçando neste restaurante vulgar, e olho, para além do balcão, para a figura do cozinheiro, e, aqui ao pé de mim, para o criado já velho que me serve, como há trinta anos, creio, serve nesta casa. Que vidas são as destes homens? Há quarenta anos que aquela figura de homem vive quase todo o dia numa cozinha; tem umas breves folgas; dorme relativamente poucas horas; vai de vez em quando à terra, de onde volta sem hesitação e sem pena; armazena lentamente dinheiro lento, que se não propõe gastar; adoeceria se tivesse que retirar-se da sua cozinha (definitivamente) para os campos que comprou na Galiza; está em Lisboa há quarenta anos e nunca foi sequer à Rotunda, nem a um teatro, e há um só dia de Coliseu — palhaços nos vestígios interiores da sua vida. Casou não sei como nem porquê, tem quatro filhos e uma filha, e o seu sorriso, ao debruçar-se de lá do balcão em direcção a onde eu estou, exprime uma grande, uma solene, uma contente felicidade. E ele não disfarça, nem que razão para que disfarce. Se a sente é porque verdadeiramente a tem.

E o criado velho que me serve, e que acaba de depor ante mim o que deve ser o milionésimo café da sua deposição de café em mesas? Tem a mesma vida que a do cozinheiro, apenas com a diferença de quatro ou cinco metros — os que distam da localização de um na cozinha para a localização do outro na parte de fora da casa de pasto. No resto, tem dois filhos apenas, vai mais vezes à Galiza, já viu mais Lisboa que o outro, e conhece o Porto, onde esteve quatro anos, e é igualmente feliz.

Revejo, com um pasmo assustado, o panorama destas vidas, e descubro, ao ir ter horror, pena, revolta delas, que quem não tem nem horror, nem pena, nem revolta, são os próprios que teriam direito a tê-las, são os mesmos que vivem essas vidas. E o erro central da imaginação literária: supor que os outros são nós e que devem sentir como nós. Mas, felizmente para a humanidade, cada homem é só quem é, sendo dado ao génio, apenas, o ser mais alguns outros.

Tudo, afinal, é dado em relação àquilo em que é dado. Um pequeno incidente de rua, que chama à porta o cozinheiro desta casa, entretem-no mais que me entretem a mim a contemplação da ideia mais original, a leitura do melhor livro, o mais grato dos sonhos inúteis. E, se a vida é essencialmente monotonia, o facto é que ele escapou à monotonia mais do que eu. E escapa à monotonia mais facilmente do que eu. A verdade não está com ele nem comigo, porque não está com ninguém; mas a felicidade está com ele deveras.

Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão Para o meu cozinheiro monótono uma cena de bofetadas na rua tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto. Quem nunca saiu de Lisboa viaja no infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte. O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, porque encontra só coisas novas; outra vez a novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas.

Um homem pode, se tiver a verdadeira sabedoria, gozar o espectáculo inteiro do mundo numa cadeira, sem saber ler, sem falar com alguém, só com o uso dos sentidos e a alma não saber ser triste.

Monotonizar a existência, para que ela não seja monótona. Tornar anódino o quotidiano, para que a mais pequena coisa seja uma distracção. No meio do meu trabalho de todos os dias, baço, igual e inútil, surgem-me visões de fuga, vestígios sonhados de ilhas longínquas, festas em áleas de parques de outras eras, outras paisagens, outros sentimentos, outro eu. Mas reconheço, entre dois lançamentos, que se tivesse tudo isso, nada disso seria meu. Mais vale, na verdade, o patrão Vasques que os Reis de Sonho; mais vale, na verdade, o escritório da Rua dos Douradores do que as grandes áleas dos parques impossíveis. Tendo o patrão Vasques, posso gozar o sonho dos Reis de Sonho; tendo o escritório da Rua dos Douradores, posso gozar a visão interior das paisagens que não existem. Mas se tivesse os Reis de Sonho, que me ficaria para sonhar? Se tivesse as paisagens impossíveis, que me restaria de impossível?

A monotonia, a igualdade baça dos dias mesmos, a nenhuma diferença de hoje para ontem — isto me fique sempre, com a alma desperta para gozar da mosca que me distrai, passando casual ante meus olhos, da gargalhada que se ergue volúvel da rua incerta, a vasta libertação de serem horas de fechar o escritório, o repouso infinito de um dia feriado.

Posso imaginar-me tudo, porque não sou nada. Se fosse alguma coisa, não poderia imaginar. O ajudante de guarda-livros pode sonhar-se imperador romano; o Rei de Inglaterra não o pode fazer, porque o Rei de Inglaterra está privado de ser, em sonhos, outro rei que não o rei que é. A sua realidade não o deixa sentir.

Livro do Desassossego


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Disse Amiel que uma paisagem é um estado de alma, mas a frase é uma felicidade frouxa de sonhador débil. Desde que a paisagem é paisagem, deixa de ser um estado de alma. Objectivar é criar, e ninguém diz que um poema feito é um estado de estar pensando em fazê-lo. Ver é talvez sonhar, mas se lhe chamamos ver em vez de lhe chamarmos sonhar, é que distinguimos sonhar de ver.

De resto, de que servem estas especulações de psicologia verbal? Independentemente de mim, cresce erva, chove na erva que cresce, e o sol doira a extensão da erva que cresceu ou vai crescer; erguem-se os montes de muito antigamente, e o vento passa com o mesmo modo com que Homero, ainda que não existisse, o ouviu. Mais certa era dizer que um estado da alma é uma paisagem; haveria na frase a vantagem de não conter a mentira de uma teoria, mas tão-somente a verdade de uma metáfora.

Estas palavras casuais foram-me ditadas pela grande extensão da cidade, vista à luz universal do sol, desde o alto de S. Pedro de Alcântara. Cada vez que assim contemplo uma extensão larga, e me abandono do metro e setenta de altura, e sessenta e um quilos de peso, em que fisicamente consisto, tenho um sorriso grandemente metafísico para os que sonham que o sonho é sonho, e amo a verdade do exterior absoluto com urna virtude nobre do entendimento.

O Tejo ao fundo é um lago azul, e os montes da Outra Banda são de uma Suíça achatada. Sai um navio pequeno - vapor de carga preto - dos lados do Poço do Bispo para a barra que não vejo. Que os Deuses todos me conservem, até à hora em que cesse este meu aspecto de mim, a noção clara e solar da realidade externa, o instinto da minha inimportância, o conforto de ser pequeno e de poder pensar em ser feliz.


Livro do Desassossego