terça-feira, 28 de outubro de 2008

Kazuaki Tanahashi



O pintor/monge zen que esteve na escola e cujo trabalho de demonstração foi exposto na Galeria Lino António.


em:
http://www.brushmind.net/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A PROSÓDIA: dizer um texto como se fosse música


A PROPÓSITO DO TRABALHO DE RECITAÇÃO DE UMA ESTROFE D'OS LUSÍADAS

Prosódia- (originário do grego προσωδία) é o estudo do ritmo, entoação e demais atributos correlatos na fala. Ela descreve todas as propriedades acústicas da fala que não podem ser preditas pela transcrição ortográfica (ou similar).

Contributo para a preparação e avaliação da recitação da estrofe:

- CORPO: transmite os sentimentos ou as emoções, de forma: inexpressiva, exagerada, adequada?
- ROSTO: transmite os sentimentos ou as emoções, de forma: inexpressiva, exagerada, adequada?
- PROJECÇÃO: O texto é ouvido em qualquer parte da sala? Apenas quem está à frente consegue ouvir?
- DICÇÃO/ARTICULAÇÃO: As palavras são totalmente perceptíveis da primeira à última sílaba ou há sons que são pronunciados para dentro?
- ENTOAÇÃO: monótona, excessivamente expressiva, adequada?

DATAS DE APRESENTAÇÃO (correcção)

Chamo a atenção para uma alteração à data de apresentação dos trabalhos do 12º E; devido ao facto de uma aula (segunda-feira) coincidir com feriados, deverá estender-se até segunda-feira dia 15.

TURMA A:
Trabalhos de grupo:
Segunda-feira 24 de Novembro; Quinta-feira, 4 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quinta-feira, 4 de Dezembro; Quinta-feira, 11 de Dezembro


TURMA E:
Trabalhos de grupo:
Quarta-feira 26 de Novembro; Quarta-feira, 10 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quarta-feira, 10 de Dezembro; Segunda-feira, 15 de Dezembro


TURMA H:
Trabalhos de grupo:
Quinta-feira, 2 de Dezembro; Quinta-feira, 4 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quinta-feira, 4 de Dezembro; Terça-feira, 9 de Dezembro

ATENÇÃO: A ORDEM DA APRESENTAÇÃO SERÁ SORTEADA

domingo, 26 de outubro de 2008

MATRIZ DO 1º TESTE



(Para ver melhor fazer clic sobre a imagem)
- Sobre o III grupo falta acrescentar que para além de reflectir o que leram ou ouviram, deve constituir uma reflexão pessoal.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

“As armas e os barões assinalados...

...
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;”





No meio da confusão, da agitação da cidade, da chuva que escondia a rua……no meio do tudo e no meio do nada.
Vi-te ao longe como numa despedida na ocidental praia Lusitana.
Segui-te com os olhos como quem foge do medo, como quem luta numa guerra, como quem se perde…
Procurei-te como aqueles que em tempos divagaram em mares nunca antes navegados.
E então é assim, como eu disse que seria, na maior parte do tempo…
Não consegui tirar os olhos de ti, mas sem te ver, lutei com o tempo e com o espaço, mais do que prometia a força humana,
E então foi assim, tal como disseste que seria…
Não consegui afastar os pensamentos de ti, mas sentia-te fugir pela ignorância de não saber.
Sabias-me a noite, a dia, a lua, a sol, a vento, a eucalipto, a girassol….e não me sabias a nada.

Finalmente consegui tocar-te, no final duma tarde, no começo de um dia…foi então que…
Vi escuridão e vi luz
- Diz o que tens para me dizer!
Ela disse-me como numa brisa quente, para falar, gritar, mostrar, e entre toda aquela gente remota edificar sonhos e sensações.
Para fechar os olhos e abrir o coração.
E então foi assim como disseste que seria, como sol quente ou como água fria.
Não tirei os olhos de ti como um novo reino, que tantos outros sublimaram
Deitei fora problemas e sombras, e agarrei-te como me disseste.

Não tive medo de continuar, não tive medo de desistir, porque cheguei à conclusão que é melhor dizer muito do que não dizer nada.
Porque não fui eu que corri à tua beira, mas sim tu à minha.
Então gritei-te tão alto, como armas e barões assinalados.

Quando sabes, quando sentes, quando cheiras….é VIDA


Inês Freitas
Nº13 12ºE

Diário do dia 16.10.2008

Na aula anterior, como em todas, a professora começou por ler uma pequena história que me soube tão bem ouvir, que pedi que lesse outra, mas tal não poderia ser, ficando-me prometida a leitura de dois textos na aula seguinte. E assim foi, a professora Risoleta leu um excerto do livro A alma do Índio, que eu achei extremamente interessante, pois não é um tema muito comum, talvez por ser de difícil escrita e desenvolvimento, mas este estava muito bem escrito e sensibilizou-me para esta causa, pois é triste uma pessoa ser “escorraçada” do sitio onde nasceu, que sempre conheceu e onde criou laços. De seguida leu Intimas suculências que nos “encorajou” a fome, confesso que àquela hora foi tortura, visto que nos aproximávamos da hora de almoço! Fiquei super satisfeita, dá-me imenso prazer ouvir este tipo de histórias que me transmitem sabedoria e sensibilidade.
Estou a gostar de estudar novamente Os Lusíadas, sinceramente no nono ano não me entusiasmou muito, mas agora não estou a desgostar, não só por ter um pouco mais de maturidade, dar mais importância à história do meu povo e às minhas raízes, como também ao facto de me dar prazer “esburacar” o texto todo e percebê-lo pormenorizadamente, através das figuras de estilo, da interpretação dos versos e mesmo da caracterização das personagens, dando-me azo à imaginação, possibilitando a construção da imagem de cada um e de cada situação.Talvez seja uma forma de não me cansar tanto e tornar tudo menos maçador, o facto de imaginar um filme na minha cabeça à medida que vamos aprofundando mais a história, cada um arranja maneira de se adaptar ao que lhe vai surgindo pelo caminho, não é verdade?


Ana Águas, nº 3, 12ºH

Diário da aula de 16 de Outubro de 2008.

A aula começou ao meio-dia e quinze minutos. (12h15m)
Entrei na sala, sentei-me ao lado da Paula e tirei o material necessário para a aula.
Como de costume, o aluno que fez o relatório da aula passada foi lê-lo, com vários objectivos: primeiro, resumir e relembrar-nos a matéria dada na aula anterior, segundo, desenvolver a capacidade de escrita, construindo um texto de forma clara para nós, turma, entendermos.
Depois disto, a professora leu um conto “Não há nada de novo” de Histórias de um minuto, vol1.
No fim da leitura a "stora" disse-nos que era o dia da alimentação.
Eu sinceramente até fiquei espantada, não me lembrava que havia este dia, enfim…
Com isto, a "stora" trouxe-nos um livro chamado Íntimas suculências da Laura Esquives, que falava em receitas. Mal a professora começou a ler só ouvia: “Já tou a ficar com fome”; “Ai que apetite!”. Ai, ai, pequenas afirmações desnecessárias numa aula de português.
Por acaso, eu estava com reacções opostas! Não estava com fome nenhuma, para além de que, estava com um pouco de sono para prestar total atenção à história. Sim, é verdade…perdi-me no meio da leitura da professora!
Depois da "stora" acabar de ler as histórias todas, olhei para o relógio e reparei que já tinham passado os primeiros quarenta e cinco minutos de aula.
Avisámos a "stora" e recomeçámos o estudo d’Os Lusíadas.
Aí sim, acordei! Incrível não é? Logo na altura em que a "stora" começa a dar matéria. Normalmente, os alunos adormecem ou basicamente não prestam atenção.
Comecei a entusiasmar-me com a matéria! Claro que no meio disto tudo, há sempre tempo para falar com a colega do lado, ou seja, a Paula.
Contudo, notei que a Paula estava a responder bastante às perguntas da professora. E que eu respondia, mas mais baixo…Ela reparou! Até me disse assim: “(…)Joana fala mais alto, não sejas parva(…)”.
Eu, como boa ouvinte que sou, será que sou? lá vêm as minhas inseguranças... retomando ao assunto, como boa ouvinte que sou, comecei a falar mais alto. Até que dei por mim, por um lado, a “competir” com a Paula, e por outro, notando que fazíamos uma boa equipa. Eu afirmava umas coisas, ela outras, eu começava, ela acabava, …tudo para entendermos a matéria e tirarmos boas notas.
A matéria analisada nesta aula foi a dedicatória e a narração. E, como é óbvio, algumas funções apelativas, emotivas e também algumas figuras de estilo.
Por fim, a "stora" ditou o sumário e nós começámos arrumar os materiais escolares para sairmos para o almoço.




Joana Costa, nº15 – 12ºH

DIÁRIO

Hoje é dia 16 de Outubro, quinta-feira, e entrei na sala, como costume, a horas. Alguns colegas chegaram um pouco atrasados, mas não muito. A aula começou com a leitura do relatório da aula passada feito pelo Filipe, achei um bom relatório, não me pareceu incompleto e era resumido, que é uma qualidade num relatório. Depois, como é hábito das aulas de português, a professora leu um conto, “não há nada de novo” do livro Histórias de 1 minuto de Istvam Orkény, gostei do ambiente surreal do conto, um tanto maluco, mesmo! A história era sobre uma pessoa que ressuscitava, rapidamente vários vivos a cercaram, houve uma breve “conversa” sobre o facto de não haver nada de novo nem nos mortos nem nos vivos. Achei engraçado que no fim a morta volta para a cova, e uma das vivas diz alguma coisa como: “adorei esta conversa”. Um pouco irónico, visto que não houve qualquer novidade. A professora, para meu espanto, tinha mais contos, leu-nos um texto verídico de um chefe índio para o presidente americano, com um texto muito simbólico em relação à terra, ao ar e à água. Gostei muito deste texto, localizei-o culturalmente e temporalmente neste povo que perdeu as suas terras de forma tão extrema, e que hoje vive em reservas. A professora avisou-nos que era o dia mundial da alimentação e leu-nos um conto de Laura Isquivel, que se caracteriza por mencionar comida, pensei que me ia trazer fome ouvir esse conto. O conto tinha 3 tempos:
Uma 1ª fase em que a autora era criança e aprendia na cozinha, ouvia o fogo, conversas, e não lhe deixavam pisar grão de milho, porque supostamente dentro deles estava o deus do milho.
Na 2ª fase a autora fica excessivamente racional, devido à educação escolar , nesta fase vê as mulheres que vivem na cozinha como ignorantes.
E finalmente uma 3ª fase em que já tem uma filha e volta a ensiná-la como foi educada na cozinha pelos seus antepassados e por razões morais e simbólicas. Adorei as transformações da autora, principalmente porque no fundo ela sempre gostou da sua educação inicial e apenas lhe deu valor no fim. Mal fechou o livro, a professora disse que todos os números ímpares tinham de fazer diário desta aula, fiquei revoltado com os números pares , mas pronto, ficam para a próxima..
Voltámos então ao estudo de Os Lusíadas.
Concluímos o estudo da dedicatória onde encontrámos inversões, arcaísmos e aliterações. E continuámos o discurso de Júpiter no consílio dos deuses, foi aí que descobrimos a figura de estilo – metonímia que é quando utilizamos o continente para dizer o conteúdo, o exemplo d'Os Lusíadas era “lenho leve” em vez de navio pequeno. Encontrámos muitas figuras de estilo conhecidas como a perífrase, anáforas e alguns arcaísmos. Terminámos a aula e fui almoçar, sim, porque já eram quase 14:00!

Miguel Martinho
12º H

“Quando os Deuses no Olimpo luminoso…”

Versão Russa do I Canto d´Os Lusíadas
I CANTVS

Оружие и рыцарей отважных,
Что, рассекая волны океана,
Отринув жизни суетной соблазны,
Проплыли морем дальше Тапробаны.
Цвет нации великой и бесстрашной,
Что средь племен неведомых и странных
Могучую державу основала
И тем себе бессмертие снискала,

И королей, достойных вечной славы,
Сражавшихся за истинную веру,
Отстаивавших честь родной державы,
Расширивших империи пределы,
Героями считавшихся по праву,
Явивших миру мужества примеры,
Я воспою, коль хватит мне уменья
И музы мне дадут благословенье.

Забудет мир великие деянья
Ахейцев и героев Илиона,
Забудет Александра и Траяна,
Забудет поступь римских легионов,
Когда начну о Гаме я сказанье,
Родное племя славя неуклонно.
Померкнут песнопенья древней музы
Пред подвигом святым дружины Луза.

О нимфы Тежу, нимфы древних вод,
Мой робкий глас на подвиг укрепите,
Чтоб я воспел любимый мной народ,
Меня водою Тежу напоите.
Пусть Феб к мольбам горячим снизойдет,
И вы его, о девы, упросите,
Чтоб он благословил мой труд смиренный
И сделал Тежу новой Иппокреной.


“Quando os Deuses no Olimpo luminoso…”


A frase escolhida pertence a'Os Lusíadas, Consílio dos Deuses no Olimpo, aonde Júpiter convocou os deuses para decidirem se os portugueses deveriam chegar à Índia.

Primeiro vamos ver onde é que fica esse tal Olimpo – no livro escrito – “ cadeia de montanhas situada entre a Macedónia e a Tessália, que, segundo a fábula, era a morada dos deuses”. Uau!, não sabia isso. Por acaso, quando era criança questionava-me muito sobre onde estaria o Olimpo, por causa da Odisseia, pois gostava muito dessa história. (vi o filme).

Mas pronto, estava a falar de quê? Ah, d’Os Lusíadas! Bem, descobri esta epopeia há 2 anos atrás, no meu primeiro ano em Portugal – sabia que era uma obra que se estudava no 9º ano – “que grande alívio!” – penava eu – “Não preciso estudar isso, ainda bem que a minha mãe me trouxe logo para o 10º ano! “.
E quando no início deste ano soube que íamos estudar Os Lusíadas, pensei – “Oh meu Deus, NÃÃÃO!”. Imaginei logo as horas secantes a estudá-lo. Comigo foi sempre assim – nunca gostei de ler livros que eram obrigatórios na escola – gostava da liberdade de escolha, e mesmo assim li tudo o que era e não era obrigatório-eu gosto de ler. Quando cheguei a Portugal, li as obras que normalmente considerava “uma grande seca”, "pr'aí" num mês ou mais – porque as achei muito interessantes! E adorei. Mas principalmente, porque ninguém me mandou lê-las.

Continuando com Os Lusíadas :O que não gosto mesmo nesta obra é estar escrita de uma maneira muito difícil de perceber. A história até me parece interessante, mas este “português antigo” é que estraga tudo. Por isso, espero bem que para a próxima vez, quando os deuses no Olimpo luminoso se forem reunir, eles pensem em “traduzir” Os Lusíadas para língua mais fácil de entender. Ou que pelo menos algum realizador decida passar esta epopeia para o grande ecrã.

Marishok Balyuk, 12º H

Visita de estudo efectuada hoje ao Padrão dos Descobrimentos


Após uma manhã na visita de GD à exposição sobre a Baixa Pombalina...

... a ida ao Padrão dos Descobrimentos a ver o diaporama "Lisboa Cidade com Alma":


http://www.lisbonexperience.pt/

Recordo os objectivos:

- Contextualizar Épocas/obras/autores do programa de Português do 12º ano no tempo e na História de Lisboa
- Compreender a ligação entre a arte (no caso a literatura, mas não só) e a vida. (Sendo que a arte também é a vida)

Épocas referidas que nos interessam:
. A lenda de Ulisses (Mensagem)

ULISSES

O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá-la decorre.
Embaixo, a vida, metade
De nada, morre.
in Mensagem, de Fernando Pessoa

. Vários momentos e símbolos da História referidos na Mensagem e neste diaporama: heróis, o mar, os padrões, a abertura de Portugal ao Mundo, o V Império implícito nesta ideia de interculturalidade e abertura.

. Descobrimentos (Os Lusíadas e Mensagem)

. Memorial do Convento: Publicado em 1982 a acção decorre nos princípios do século XVIII, durante o reinado de D. João V. Este rei e o seu regime absolutista gozou da enorme quantidade de ouro e diamantes vindos do Brasil; mandou construir o famoso convento na localidade de Mafra, em resultado de uma promessa que fez para ter um herdeiro.
Nesta obra, Saramago retrata a personalidade do rei D. João V e também de um operário da construção, Baltasar, e do seu grande amor por Blimunda, dotada do estranho poder de ver o interior dos homens. Também o padre Bartolomeu de Gusmão (a quem se deve a invenção da passarola) é personagem deste livro.
A Inquisição ocupa-se com a obediência religiosa e moral. As suas vítimas são: cristãos-novos, judeus, hereges, feiticeiros, intelectuais.
Aqui se encontra um narrador relatando criticamente a loucura do poder, quer humano, representado pelo rei, quer divino, representado pela Igreja, mais concretamente pela Inquisição, que buscavam a continuidade de sua ideologia através da superstição, da repressão, do medo e da violência.

. Felizmente Há Luar! A tentativa frustrada de revolta liberal em 1817, supostamente encabeçada por Gomes Freire de Andrade, que em Outubro desse ano levou à prisão e ao enforcamento de Gomes Freire pelo regime de Beresford, com o apoio da Igreja, assim metaforizando o Portugal dos anos 60.

.A época industrial (final de século XIX, princípios do século XX): o Modernismo, o Futurismo, o poeta Fernando Pessoa em especial o heterónimo Álvaro de Campos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Há dias e dias…

(imagem escolhida por Liliana)


Canto X

... tive um daqueles dias em que não sei definir o meu estado de espírito! Não sei se rir melhora o desconforto que esta incerteza me causa, se chorar irá aliviar a dor assente no peito e na alma. Estes dias cinzentos, assim os designo, deixam-me fraca, triste e bastante desanimada.
Sinto-me perdida, mergulhada a metros e metros de profundidade, onde não vislumbro viva alma, dentro de um qualquer oceano em que sou eu que organizo todas as minhas emoções.
Continuo o meu mergulho na ânsia de encontrar a organização de todas estas situações, que de lado algum apareceram. Quero sair deste estado incerto…desatinante. É nesta busca, em que desistir já é quase o próximo recurso a seguir, mas…braçada a braçada, sentindo-me perto de qualquer coisa, Onde sai, do cheiro mais perfeito, a lembrança de tudo aquilo que me dá alento para seguir em frente, para pensar a vida não são dois dias, são as horas mais preciosas que tenho para passar com aqueles que um dia souberam demonstrar-me que por mais cinzento que seja o meu dia, há-de sempre existir um sorriso, uma carícia eternamente guardada para mim!
Sai do cheiro mais perfeito aquele calor humano que torna o meu dia de todas as cores e onde eu percebo que aquele em quem mergulho, aquele de que estava prestes a desistir, valeu, pelo menos pelo sorriso ou pelo beijo que há muito me esperava !!

Liliana, 12º E

se a tanto me ajudar o engenho e a arte


“E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.”

Comprei o bilhete e fui sentar-me no último lugar do autocarro…Olhava para a minha mãe através da janela…aquele pedaço de vidro que já ameaçava uma separação. Quantas vezes desejei que me dissessem o que fazer e no entanto, agradeço por nunca o terem feito. Ninguém poderia saber, melhor do que eu, o que realmente gostava, ansiava e queria para o meu futuro. Era uma decisão que iria moldar a minha vida e só eu a deveria tomar.
Ali estava eu, a sorrir para a minha mãe como se fosse a pessoa mais feliz do mundo e estivesse segura do que estava a fazer, no entanto todos os meus medos me aterrorizavam e as lágrimas ameaçavam aparecer a qualquer momento. Aguentei… aguentei até o autocarro partir e a minha mão se levantar num último adeus. Não podia mostrar-lhe as minhas dúvidas ou receios, ela acreditava em mim, apoiava-me e o meu dever era provar-lhe que iria valer a pena.
Cheguei a Lisboa, senti-me como se estivesse a ver um filme em versão acelerada: as pessoas a correr para não perderem os transportes, as estradas sempre cheias de carros, ouviam-se buzinas e berros dos condutores, como se estes fossem perder o ultimo voo para a lua, o caos… o mar revolto em dia de tempestade.
Alegrei-me ao pensar que a casa da minha madrinha, onde iria ficar, era perto da escola, não teria de viver toda aquela confusão logo pela manhã.
No caminho para a escola o medo deu lugar à ansiedade, afinal iria conhecer uma das melhores escolas de artes do país…a minha escola. Encontrava-me já perto da entrada quando fui atacada por um vendaval tempestuoso, uma onda repleta de monstros marinhos que só abandonaram a minha nau quando esta já se encontrava irreconhecivelmente colorida. Aí, perguntei-me se os meus velhos do Restelo não teriam razão… será que o meu engenho e arte são suficientes para nadar nestes mares tão revoltos? Tantos me disseram que artes era um curso sem futuro… Refugiei-me, então, nas minhas mais belas memórias: o conforto do meu lar e o apoio incondicional da minha família como quem invoca as ninfas do Tejo e arranjei coragem para lançar as minhas velas ao vento e seguir viagem.
Já navego neste mar há dois anos, a minha nau já passou muitos perigos, já conheceu muitos adamastores, quase naufragou… quantas tormentas… mas tal como os portugueses conseguiram, também eu desejo chegar à minha Índia “se a tanto me ajudar o engenho e a arte”

Ana Pinto, 12º E

DIÁRIO

Ora para mim a aula estava a ser uma delícia, a "stora" leu três contos, (ou três excertos)!
Surpreendeu-me bastante aquele sobre o índio, que sabedoria…coitados, mal eles sabiam o que os esperava.
As vezes pergunto-me onde irá a "stora" buscar livros tão engraçados. Gostei imenso do conto “Não há nada de novo” mas também tenho gostado muito dos contos de Ítalo Calvino, são muito, muito interessantes. Fazem parecer momentos normais, momentos surreais. Coisas que nunca acontecem, mas poderiam normalmente acontecer.
Também estou a gostar de estudar Os Lusíadas, mas prefiro as leituras.
Ah, gostei especialmente do excerto do livro da Laura Esquivel, ela é uma das minhas escritoras preferidas. Tem uns livros fantásticos, mistura o real com o imaginário e cria uma acção perfeita.
Após as leituras continuámos com Os Lusíadas e também com o já habitual barulho na sala de aula!

Andreia Guerra, 12º H

Se queres por vitórias ser louvado


Se queres por vitórias ser louvado

É, no final de contas, o sonho de toda a gente, de quem diz e mesmo de quem só guarda o desejo para si próprio. Até o próprio autor, o próprio Camões, sonhava com tal quando escreveu a obra. Sempre foi também o sonho do nosso povo, povo de conquistas.
Na correria do dia-a-dia podemos às vezes esquecer-nos dos nossos propósitos ou objectivos, mas assim que paramos e nos perguntamos: “por que que faço isto?” logo nos vêm à memória sonhos e aspirações, prémios e vitórias. Todos nós queremos ser Louvados. Louvados como os nossos heróis que percorreram o mar enfrentando perigos que lhes trouxeram ainda maior glória. Corajosos, põem de parte o medo, arriscam a vida na aventura e no desejo de alcançar a glória eterna.
A diferença entre os sonhos está no que são para nós as vitórias. Há quem sonhe com uma boa casa, um bom emprego. Há quem sonhe com um grande amor ou uma família. O que é mais engraçado é que passamos a vida a correr para estas vitórias e não sabemos o que nos espera no fim..
Não sei quanto aos outros, mas a mim incomoda-me não saber se de facto o meu esforço vai ser aproveitado para algo mais ou se vai mesmo ser deixado à deriva no universo. Mas sei que o dos nossos heróis não terá o mesmo fim, pois o caminho até à Índia é como o caminho da vida, tem grandes perigos e contratempos, mas eles superaram-nos e por isso são louvados.
Há também quem acredite que se obtiver boas vitórias tem o paraíso à sua espera, outros acham que o vazio é o fim.
Seja lá qual for o fim, as dúvidas ou as vitorias, tudo acaba. A minha vitória vai ser lá chegar (ao fim) e poder dizer:” valeu a pena!” e aí não só vou sair vitoriosa, como a minha vitória vai louvar toda a minha vida (ou não fosse eu filha da mesma gente lusa, de que são filhos os nossos heróis). E mesmo que o fim seja o fim, não faz mal, apenas significa que toda a correria vai ter um descanso, como o prémio final a que os nossos heróis também tiveram direito.

Andreia Guerra, 12º H

Pinóquio e os deuses do Consílio


Algures na noite, no teatro Don Giovanni, um grupo de “gente” mais ou menos famosa decidia o futuro das personagens da famosa história “O Pinóquio”. Queriam mudar o rumo original das personagens, queriam impressionar o público com uma história conhecida por todos, mas com finais surpreendentes, consciências que não eram gritos, ou gritos sem consciência, madeiras que não falavam ou pessoas de madeira!
Quais deuses do Olimpo reunidos em Consílio, aventuravam-se em decisões mais ou menos extravagantes, finais felizes como os que Marte e Vénus protagonizavam para os portugueses na descoberta do caminho marítimo para a Índia, outros mais do “género Baco”, com ciladas e desfechos mais tenebrosos. “São apenas marionetas! Farão o que nós dissermos e como quisermos”, retorquiram os realizadores do espectáculo, num tom agressivo.
Escondidinho numa das arrecadações deste teatro em Praga, Pinóquio tudo ouvia muito apreensivo. “O quê? Queriam mudar a sua história, o seu destino? E ele? Alguém lhe perguntou o que queria? Não se tinha ele transformado um menino de verdade, com sentimentos e convicções? Querem calar a história já feita de Mário Collodi? “Cale-se de Alexandro e Trajano a fama das vitórias que tiveram(…)” Onde já tinha ouvido isto? No seu teatro, claro!
Pois uma história de gente, que não era de madeira, gente que partiu e lutou pelo o que queria. E que conseguiu! Sim ele lembrava-se, Os Lusíadas, assim se chamava.
Enquanto Pinóquio se debatia na sua inquietude, os mais ou menos endeusados continuavam em Consílio. Mas Pinóquio tinha alma, tinha querer! Libertou-se das cordas que o amarravam e faziam dele uma marioneta, e partiu. Partiu em busca do que acreditava e estava capaz de passar por cabos, medos e Deuses, até que alguém acreditasse nele.
Já era um homem e não uma marioneta que meia dúzia de supostos Deuses iriam manipular!








Joana Ferreira Costa

Nº15 – 12ºH

“Naquele engano da alma, ledo e cego”





«Estavas linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a Fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos de Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuito,

Aos montes insinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.»



Os Lusíadas, Canto III





Tinhas o encanto eterno de alguém que nasce para amar. Criavas com as tuas próprias mãos um arco-íris com todas as cores possíveis e imaginárias. Querias ser caçadora de estrelas, segurá-las com as tuas próprias mãos e trazê-las para casa. A Lua embalava-te, sem ela não conseguias adormecer.

Tanta fantasia criada só por ti, fez-te criar um mundo ideal.

Mas esse teu mundo foi destruído e eliminado da tua alma…



Naquele engano da alma, ledo e cego
deixaste-te ir sem pensar. Voaste bem alto de forma a ninguém te poder roubar os sonhos, e planaste com o vento. Enlouqueceste, foste em palavras doces, em romances literários, em poesia lírica, em canções de amor… e perdeste-te naquele engano da alma, ledo e cego.

Sonhaste mais alto que a verdade, e cedo descobriste que os sonhos, tal como as pessoas, mentem e são imperfeitas.

Os teus olhos espelharam a tua alma, e choraram. O teu coração estava apertado e não tinhas ninguém para o apaziguar!

E que é de ti?

Que é de ti, agora que vives num mundo aparte, agora que te impedes de sonhar, mas que não consegues impedir-te de sofrer?

Naquele engano da alma, ledo e cego o teu coração te levou, agora estás presa num labirinto sem qualquer saída, com vários caminhos iguais e com pedrinhas no chão, apenas para te obrigar a caminhar… E para quê?

Por que não levantas voo de novo, para te poderes libertar, voltares a criar um mundo de cores e ilusão como se nunca tivesses sofrido e como se nada nem ninguém tivesse a capacidade de te magoar?

És incapaz de ver a vida como antes. Tentas voar mas há sempre algo que te corta as asas e te impede de seguir ao sabor do vento. Tudo o que antes parecia bom perdeu-se no tempo.

E tu continuas a querer sonhar, mas algo mais forte que tu te impede de seguires os sonhos, porque tens medo de sofrer!

E tudo isto por culpa do teu coração que confiou engano da alma, ledo e cego a quem alguém, um dia, ousou chamar “amor”.

Inês Antunes, 12º E

Aos peitos os filhinhos apertaram.

(foto escolhida por Margarida)


Deu sinal a trombeta Castelhana,
Horrendo, fero, ingente e temeroso;
Ouviu-o o monte Artabro, e Guadiana
Atrás se tornou as ondas de medroso.
Ouviu-o o Douro e a terra Transtagana;
Correu ao mar o Tejo duvidoso;
E as mães, que o som terribil escuitaram,
Aos peitos os filhinhos apertaram.



Dia 20 de Fevereiro de 1995; o meu pai levantava-me de manhãzinha. A sua cara brilhava de tanta alegria; nem se conseguia conter. Pegava em mim e beijava-me. Vestiu-me.
No carro, apenas o silêncio se ouvia. Íamos depressa, não conhecia o destino. Comecei a ficar nervosa com toda a excitação que via no meu pai.
Cheguei ao destino. Parecia um hospital… e eu que odeio hospitais! O meu pai puxava-me, levemente, pelo braço.
Depois da pequena viagem pelo elevador, o meu pai abraça-me, encosta a minha cabeça contra o seu peito;
Aos peitos os filhinhos apertaram.
Num imenso e estranho corredor viam-se inúmeras portas. Parámos em frente ao número 206. Empurrei e lá estava: a minha mãe, mais bonita que nunca. Os seus olhos tinham um brilho especial. O que tem ela ao colo? – Pensei eu. Parecia uma das minhas bonecas, aliás, era igualzinha à minha boneca Joana.
A minha mãe pegava nela com muito cuidado. A cabecinha da boneca estava encostada ao seu peito; Ao peito os seus filhinhos apertaram, como no momento em que se ouvia a trombeta Castelhana, como narrado n'Os Lusíadas, as mães agarravam os filhos com medo que algum mal lhes acontecesse. Aqui estamos na mesma situação.
Aproximei-me para ver melhor. Tive de passar pelo meu pai, que pegava a minha boneca fervorosamente. Eu bem pedia: - Deixem-me pegar, deixem-me pegar na boneca. Como criança de três anos pensava que já era uma senhora. Queria ver a boneca e tratar da boneca. A minha mãe pegou gentilmente naquela coisinha tão pequenina e entregou-ma. Era tão bonita. E mexia-se. Estava tão entusiasmada, e ainda fiquei mais entusiasmada quando me apercebi que aquela coisinha era um bebé verdadeiro. Os meus pais, todos babados, observavam-nos. A Martinha ria-se e eu ainda me ria mais de tão contente que estava. Encostei-a a mim e prometi nunca mais a largar, a não ser se os meus pais me obrigassem, o que acabou por acontecer; Aos peitos os filhinhos apertaram.
Horas depois, eu e o meu pai voltámos para casa. Íamos todos entusiasmados. Eu só queria contar aos meus amigos que tinha uma boneca real, chamada Marta, só para mim. Ao olhar para aqueles olhinhos prometi a mim mesma e à Marta, que nada lhe ia acontecer enquanto eu estivesse ao pé dela pois iria protegê-la para sempre.

Ao peito os seus filhos apertaram.


Margarida, 12º A

Mais do que prometia a força humana





“As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;”





Os Lusíadas é a maior narração feita da maior viagem alguma vez acabada. É a maior pormenorização daquele acto heróico que não tem menos valor por ter sido um grupo de heróis e não apenas um a consegui-lo. “Mais do que prometia a força humana”: é este o verso que nos explica como conseguiram, este verso faz-nos uma descrição dos nossos heróis. A coragem, a força e a devoção pela pátria e pelo Rei. Talvez seja isto que falta às pessoas que têm por “obrigação” ensinar Os Lusíadas a crianças, a miúdos que tudo o que querem na vida é estar com os amigos e fazer aquilo de mais gostam: surfar, sair, conviver, etc. Talvez mais devoção à obra e ao “rei” Camões, fosse o essencial para inspirar aos jovens o gosto e paixão pela leitura, mais especificamente em relação a esta obra. Não gosto da palavra obrigação, mas neste momento o estudo desta obra não passa disso. Detesto que interpretem a obra por mim, que me façam imaginar na minha cabeça o que eles querem que eu imagine, que me repreendam quando dou a minha opinião sobre alguma passagem e que a tomem de princípio como errada. É minha, e talvez seja melhor não a partilhar com ninguém. Tudo na vida tem sempre algo de positivo, muitas vezes perde essa positividade quando tornada indispensável e obrigatória… “Mais do que prometia a força humana”, será que estão a ser feitos todos os esforços por tornar esta grandiosa obra um marco positivo nas nossas vidas? Será que está a ser utilizada mais do que a força humana promete para isso? Penso que não…


Vasco Nunes, 12º A

Orientações gerais...

... para apresentação dos trabalhos de grupo:



- Máximo de 10 minutos por grupo
- Intervenção oral de todos os elementos do grupo, obrigatória
- Possibilidade de recurso a suportes electrónicos ou materiais, o que implica (sobretudo no primeiro caso), testar previamente os mesmos a fim de não ultrapassar o tempo atribuído


... para recitação da estrofe d'Os Lusíadas escolhida:





- Recitação individual, embora possa pedir a um colega um reforço para obter algum efeito especial com as vozes (neste caso a avaliação incidirá apenas sobre o aluno em causa e este deverá dizer toda a estrofe).
A estrofe deve ser memorizada e trabalhada ao nível da clareza da articulação, do ritmo e expressividade poética das palavras

DATAS DE APRESENTAÇÃO

TURMA A:
Trabalhos de grupo:
Segunda-feira 24 de Novembro; Quinta-feira, 4 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quinta-feira, 4 de Dezembro; Quinta-feira, 11 de Dezembro


TURMA E:

Trabalhos de grupo:
Quarta-feira 26 de Novembro; Quarta-feira, 3 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quarta-feira, 3 de Dezembro; Quarta-feira, 10 de Dezembro


TURMA H:

Trabalhos de grupo:
Quinta-feira, 2 de Dezembro; Quinta-feira, 4 de Dezembro

Recitação de estrofes d'Os Lusíadas:
Quinta-feira, 4 de Dezembro; Terça-feira, 9 de Dezembro

ATENÇÃO: A ORDEM DA APRESENTAÇÃO SERÁ SORTEADA

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

“Que da Ocidental praia Lusitana”



Verso escolhido: “Que, da Ocidental praia Lusitana” – Proposição, 1ª estrofe, 2º verso




Enquanto percorria a curta distância entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, olhava para o Tejo, recordava as grandes glórias do povo Português e tentava perceber qual a importância da existência de tais monumentos, decidi sentar-me à beira rio e olhar a longínqua linha imaginária que separa os homens dos deuses. Sem perceber à primeira que era para mim, ouvi uma voz jovem e meiga que com alguma arrogância me perguntou se tinha lume. Não respondendo, olhei-o nos olhos e percebi que aquele pobre rapazinho precisava de alguém; alguém que lhe explicasse que a vida tem sentido e pedi-lhe que se sentasse por dois segundos.
Sentou-se, mas ficou calado a cada pergunta que lhe fazia, a única resposta que me deu foi que já não gostava da escola e que ninguém lhe dava valor.
Fiquei calado por momentos, mas rapidamente esse bloqueio me passou, decidi que era a minha oportunidade de perceber qual a importância daqueles monumentos. Foi então que lhe disse: que, da Ocidental praia Lusitana se tinham lançado ao desconhecido bravos marinheiros como ele. Gente que ultrapassou perigos e guerras esforçadas, sempre com a confiança de que iriam alcançar o ainda indefinido caminho marítimo para a Índia. Que os marinheiros acreditaram na mitologia, mas que acima de tudo a verdadeira coragem estava dentro deles, dentro daquele bravo povo que dentro das naus de Leiria rumou para o incerto com a vontade e a garra de honrar a pátria. Disse-lhe que várias almas foram perdidas, mas que tudo tinha um propósito, um objectivo traçado ao qual a única resposta possível era a vitória.
Estranhamente o rapaz, deu-me um abraço e sussurrou um tímido obrigado no meu ouvido; levantou-se e com convicção lançou o cigarro que segurava entre os dedos para o Tejo. Correu até eu o perder de vista.
Não percebi ao certo se o rapaz tinha percebido o que lhe quis explicar com toda aquela conversa “estranha”, mas fiquei tranquilo por tê-lo feito ver que o seu caminho não era o correcto...



Miguel Afonso Martins Rosa
Nº18
12ºH

Luís


“As armas e os barões assinalados”
Os Lusíadas, canto I, est. 1


Trata bem do teu nome, Luís, porque nele estão escondidas as histórias de todos os outros Luises que te compõem mesmo sem tu saberes, de Luises anteriores mas importantes e antigos, que foram à guerra e cruzaram oceanos para voltar atrás, Luises que se enamoraram cantando, Luises de ontem, de um passado a preto e branco sem saber o que os esperava do outro lado do oceano, cujas molduras velhas agora estão perduradas. Luises de hoje, generosos e optimistas, orgulho fraterno e vontade de abraços, e até de Luises que não foram nunca, que ficaram pelo caminho antes de ser.
Tem o teu nome, Luís, a importância dos que estão chamados a ser eternos, porque nele está guardado o eco dos heróis da nossa família, do povo lusitano, lendas que vão passando como tesouros à hora da sobremesa, relíquias de copo vazio e cinzeiro cheio. Ai povo lusitano, quantos de teu nome existiriam nas naus que no largo Oceano navegavam? Lembra-te que a nós não nos interessam contos inúteis, mas sim saber a razão das coisas, dos nomes que nos compõem, tão importantes como as ousadias que nos sustentam ao sermos considerados povo lusitano.
O teu nome, Luís, é exclusivo, único, mesmo que se vá repetindo de geração em geração, como uma estrofe d' Os Lusíadas, que todos devemos aprender para não morrer sem saber o que somos, de onde viemos, o que queremos que digam de nós. Luís, que inveja têm os outros do teu nome e dos amores que representam. Não deixes, Luís, não permitas que a vida te afaste do que és, da herança do teu nome, da raiz do que cada um de nós é feito, como o feito das marítimas aguas consagradas. Não tenhas medo filho, porque aprenderás a corrigir-te, a corrigir-nos, a corrigir os erros de todos os Luises, que como tu, vieram para ser recordados e recordar as memórias gloriosas, para pertencer, para ser amados sem tempo como “As armas e os barões assinalados”.

Márcia Dias, 12º E

Algumas considerações dos alunos sobre o Renascimento...


... e as suas repercussões nos dias de hoje:

O Renascimento, como o próprio nome indica, é um renascer, não só na sociedade, mas na arquitectura, na medicina, no pensamento filosófico, no pensamento científico, na literatura. Foi posto em causa o teocentrismo, mas curiosamente recuou-se no tempo para buscar inspiração na antiguidade clássica.

O gosto pelo acessório e uma certa extroversão está mais associada ao Barroco, o gosto das regras e um sentido do equilíbrio tem mais características do Renascimento.

A presença do Renascimento observa-se através da vontade de inventar, de descobrir e de voltar a reinventar . Hoje recupera-se dessa época o conceito de harmonia e o de equilíbrio nas nossas atitudes e valores, reflectindo-se no nosso trabalho e na nossa relação com o mundo e os outros.

Na actualidade, e nomeadamente na literatura, revemo-lo através de obras gradualmente mais pessoais, que reflectem o homem como ser espiritual, perfeito e harmonioso. Também na consciencialização dos problemas ecológicos e na procura da sua resolução. Sai-se de um período destrutivo para se entrar numa fase reconstrutiva e inovadora.

Na actualidade continua a encontrar-se a busca da harmonia, da racionalidade dos espaços e da escrita. O Renascimento pode ser entendido como o poder de controlar com a razão algo que hoje se continua a perseguir.

Foi um períodomartístico marcante na História mundial, o primeiro momento do classicismo. Teve como princípios ir “beber” algumas ideias ao período clássico antigo renovando-os assim contribuindo para uma evolução da estética.
A Itália foi o seu berço. Actualmente, como antigamente, está ligado a todas as artes, ele é o renascer das artes.

Ressalta também neste momento, o enaltecer do Homem e da sua experiência pessoal.

Foi uma importante fase para o que a arte é hoje em dia, não apenas uma forma de expressão, mas uma ligação entre muitos aspectos do quotidiano.

A sua presença na actualidade vê-se nas descobertas científicas, na valorização da natureza e das artes.

O regresso ao passado representado pelo Renascimento também traduz uma necessidade de regresso à simplicidade.

A sua presença hoje vê-se não apenas nas artes mas também no modo de pensar, a mudança das mentalidades.

Em determinada altura das nossas vidas todos nós vivemos um “renascimento”, quando começamos a querer descobrir quem realmente somos e a experimentar quem poderemos vir a ser.

Do Renascimento hoje, permanece o Homem no centro do Mundo, no cimo de todas as cadeias. As artes continuam a ser apreciadas, mas já não são tão apoiadas.

Se os artistas do Renascimento não tivessem despertado um novo olhar no mundo viveríamos pensando que outros seres existentes seriam monstros e na ilusão de pensar que que a diferença era aberração.
Portanto, toda a forma de encarar a realidade que hoje é tão nítida para nós, ou seja, não sermos únicos, termos relevância enquanto seres, sabermos que fazemos parte integrante da natureza, conhecermos algumas doenças e curas, sabermos que a Terra é redonda e que além dela existe uma imensidão de átomos que nos rodeiam e unem, tudo isso devemos àqueles seres do Renascimento, artistas ou não, que visionaram o mundo actual.
O conceito de beleza e a preocupação em segui-lo a todo o custo é outra das heranças que recebemos desse tempo.
A partir do Renascimento o Homem e a sua evolução tornaram-se o centro do mundo.
Deveríamos manter o espírito de aventura e ingenuidade que guiou os nossos antepassados na descoberta dos oceanos e de novas terras.

(excertos de textos de vários alunos)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Os olhos lhe ocupou o sono aceito


Os olhos lhe ocupou o sono aceito

Canto IV
Estando já deitado no áureo leito,
Onde imaginações mais certas são,
Revolvendo contino no conceito
De seu oficio e sangue a obrigação,
Os olhos lhe ocupou o sono aceito,
Sem lhe desocupar o coração;
Porque, tanto que lasso se adormece,
Morfeu em várias formas lhe aparece.


Estou no carro a caminho de casa, pela frente tenho uma viagem de uma hora e meia, se tudo correr pelo melhor.
É de noite. Comigo, além dos objectos, vai a angústia de deixar as pessoas e o local de que tanto gosto, que posso fazer?! Olhar para as estrelas? “Os olhos lhe ocupou o sono aceito”! Opto por olhar para as estrelas, como habitualmente costumo fazer, pois esta noite estão milhares delas no céu e cada uma é mais bonita que a outra, pela cabeça milhares de pensamentos se misturam e cada um tenta captar a minha atenção, ser o eleito, dos milhares apenas um se sobressaí, porque “sem lhe desocupar o coração” este tem a sua importância e sentimentos.
É o chegar ao largo e por entre as árvores do jardim ver a porta da taberna aberta e sei que estou ansiosa por entrar por elas e encontrar o meu avô Lino atrás do balcão e abraçá-lo, sentir o seu cheiro, o seu próprio cheiro misturado com um ligeiro cheiro a suor nada incomodativo, até pelo contrário, com o cheiro da espuma de barbear, ouvir o seu rir enquanto lhe beijava as bochechas já magras, sentir o tremer do seu corpo enquanto me abraça, ver o seu sorriso “trident” por mim apelidado. “Os olhos lhe ocupou o sono aceito”! Tão maravilhosa lembrança, tal como Vasco da Gama durante a sua viagem também ele mil pensamentos tinha, e “os olhos lhe ocupou o sono aceito”.
A imagem que nunca irei esquecer é o seu sorriso e a maneira como ele soava enquanto me contava as anedotas ou de quando jogava ao “trinta e um” comigo e o meu irmão na taberna, a maneira como me olhava e se ria quando eu "palermamente" desfilava com roupas sobrepostas enquanto ele jantava. E ouvir a sua voz juntamente com os amigos, que iam a noite à taberna e cantavam “Às quatro da madrugada o passarinho cantou, cantando lindas cantigas à porta da sua amada…”; o seu último Natal e o meu melhor Natal acompanhada pelos meus avós, primos, pais e tios, nesse Natal rimos e falámos durante toda a noite.
O mais doloroso delas foi ver o seu último sorriso feito com toda a sua força só para as suas duas netas, na última vez que nos via e na manhã seguinte ouvir chorar e descobrir que os seus “ olhos lhe ocupou o sono aceito” para nunca mais desocupar, sentir a pele fria quando lhe toquei pela última vez e só ouvir ecoar o seu riso na minha cabeça.
Agora estão a chamar-me, as imagens estão a desvanecer-se, estou a acordar e ainda vou a meio caminho está na hora de fazer uma pausa para esticar as pernas, porque a próxima vez que sair do carro é para me encaminhar para casa e esperar pela próxima viagem.
Como Vasco da Gama também eu imagens e recordações tenho na minha cabeça. Os olhos lhe ocupou o sono aceito” ... “sem lhe desocupar o coração”.

Maria Rocha nº12-12ºA

O ORGULHO PORTUGUÊS


Um tpc desafiante: escrever uma crónica acerca d'Os Lusíadas



O ORGULHO PORTUGUÊS


Os Lusíadas, 3ª estrofe, verso 21 –“Que eu canto o peito ilustre Lusitano”

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa Antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta





Acabado de acordar, nada me fazia prever que os acontecimentos daquele dia me iriam possibilitar o simples facto de escrever esta crónica.
Tal como em qualquer outro dia, automaticamente, ainda sem abrir os olhos e sem pensar no assunto, dirigi-me para o duche.
Com um movimento ainda lento de braço, abri mais do que sou capaz de imaginar milhares de anos de história, de mitos, de lendas, a verdade, a mentira, a bravura e a cobardia tudo condensado num repuxo de um liquido que mesmo àquela hora da manhã me parecia tudo menos simples água.
Depois da “chuveirada“ de humanidade, fui direito ao quarto e já bem acordado, caí em mim, pois em cima da minha cama não estavam as habituais jeans e uma t-shirt que normalmente uso, mas em vez disso estava um género de equipamento de combate; não era um dia normal.
Não tenho qualquer tipo de interesse em ser fanfarrão nem convencido, mas naquela altura fiquei ansioso por ganhar, desta vez era diferente, era mais que o normal, desta vez sentia que não o estava a fazer só por mim.
Sabia que estava atrasado, mas como por divina solução, ou não, estavam em cima da mesa da sala todos os mantimentos de que precisava para a minha demanda.
Depois de dois minutos de um sossego aparente, ouvi ao fundo um som que parecia um pato desafinado; embora me tenha soado estranho, eu sabia o que era, e com um tom lívido no rosto levantei-me, e comecei a correr em direcção à porta, mas não sem antes me dar conta de todo o aparente sossego da casa. Quando saí tive a primeira verdadeira sensação de que tinha deixado tudo para trás, o que a musa antiga canta.
Saí daquilo que normalmente as pessoas chamam casa, do meu lado direito tinha a força e do lado esquerdo o destino , olhei para o lado direito com a representação de uns gloriosos passados da gente lusitana, inspirei uma e duas vezes, e segui em direcção ao meu destino.
Esbocei um sorriso. No meu caminho estava aquilo que tinha feito o barulho parecido com o pato desafinado, qual Nau atracada em Belém: à porta de minha casa estava uma Volkswagen Pão de forma, azul-bebé, muito velhinha a que me pareceu extremamente familiar.
Ainda desconfiado, subi para a minha Nau e comecei a minha grande navegação, mas sempre deixando-me levar, a meu lado estavam duas pessoas que sempre foram uma inspiração para mim, na verdade foram o meu suporte e talvez sem eles nada disto fosse possível, no entanto sempre soube que tinha algo mais para dar, porque sei de onde venho e tenho objectivos definidos.
Este pensamento foi levado pelo solavanco do início da viagem, eram apenas cinco horas de viagem, mas para mim, na minha Nau pareceram três anos.
Embora a viagem fosse longa e com tempo para reflectir, era constantemente assombrada com a ideia do fracasso.
Chegado ao local de desembarque, deixei para trás e desta vez com certeza dos meus actos, o grego e o troiano
Saí da minha pão de forma e entrei num mundo que me enchia de um medo completamente irrisório e ao mesmo tempo fundamentado.
E se não conseguir?
Suportando esse peso no ombro esquerdo, avancei.
Depois de uma espera ainda mais angustiante que a da Nau, lá fui eu chamado.
Tudo culminava naquele momento, e depois de incontáveis vitórias apoiadas no meu braço direito e depois de perigos e guerras esforçadas, mas do que prometia a força humana, triunfámos sobre todos, e naquele momento em que até Neptuno e Marte nos obedeceram apercebi-me que não me sentia superior pela vitória, mas senti-me orgulhoso por pertencer a um povo que agradeço ser tão bravo e de fé. O maior orgulho que sinto é em ser Português … SABEM PORQUÊ?


“Que eu canto o peito ilustre LUSITANO"



Ricardo João Coelho Luís nº18 12ªA

“O nome que no peito escrito tinhas.”


(foto escolhida por Mariana Silva)

“O nome que no peito escrito tinhas.”

“Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.”


Lembras-te de quando eras pequenina? Caías, e choravas; doía-te a barriga, e choravas; magoavas-te, e choravas. Eu, apesar de sentir dor maior que a tua por te ver assim, corria para ti para te acudir e acalmar. Depois dizia-te “já passou”.
Adorava ter-te nos meus braços, coisinha pequenina. Mimar-te e dar beijinhos numa pelezinha macia, de veludo. Sentia que se te mantivesse ali, nada nem ninguém te poderia fazer mal algum.
Quando foste para a escola pensei “mais um passo na(s) tua (nossas) vida(s)”... Apesar de não chorar, pensava que, com o avançar do tempo, mais cedo ou mais tarde, te veria partir um dia, como aquelas mães que viram partir seus filhos para mares nunca antes navegados.
“Coragem” dizia eu para comigo mesma. E via-te crescer... Cada vez menos conseguindo proteger-te.
Na ilha dos amores entraste, e, mais uma vez, lá estava eu para te amparar. Choraste, umas vezes de zangada, outras de magoada. Consolei-te, de novo. Mas desta vez, fazendo-te ver que há algo mais importante e superior a isso, “o nome que no peito escrito tinhas”.
Mas nem sempre temos forças para lutar contra a corrente. Camões nadou com um só braço para proteger Os Lusíadas. E, por vezes, também nós temos de seguir-lhe o exemplo no rio da vida.
Sei que tens saudades daqueles tempos de criança inocente que não vê mal em coisa alguma, que diz e faz o que pensa sem ter medo das consequências. Sem amores nem desamores.
Sofreste bastante, e eu, desesperada por te aliviar a dor, querendo partilhá-la contigo. Mas era impossível, é impossível. Tu, que amavas, não ouvias, não escutavas, não vias... apenas sentias, “o nome que no peito escrito tinhas”.
Tornaste-te uma mulher. Continuaste a contar-me as tuas mágoas e eu a ouvi-las. Dei-te conselhos, acalmei-te e fiz-te ver o lado bom das coisas. Mas “o nome que no peito escrito tinhas”, esse, permanece inalterável...

Mariana Silva, 12º A

“Pisando o cristalino céu fermoso”


Verso escolhido: “Pisando o cristalino céu fermoso” – Consílio dos Deuses no Olimpo, 20ª estrofe, 5º verso.


Um dia questionei-me sobre tantos assuntos passados, presentes e futuros que todo o meu pensamento lógico bloqueou. Quis voltar atrás, como se “rebobinasse” o tempo e voltasse ao primeiro instante em que tudo começou para saber o que se tinha passado. Fui por fases: assunto, frases e palavras, desbravando todo o questionamento interior, achando assim que teria uma resposta mais aprofundada e que todo o pensamento lógico iria ser retomado. Era importante para mim não ter dúvidas, saber a razão de questionar as questões e a resposta a essas questões, mas mais importante ainda saber o porquê de ter questionado tantos assuntos ao mesmo tempo e o porquê de todo o meu pensamento lógico ter bloqueado. Será que foi devido aos assuntos ou apenas por serem demasiados para uma só pessoa? Se foi devido aos assuntos, intriga-me o facto de terem provocado tal bloqueio: que importância terão para todo o meu raciocínio lógico a mais do que para mim? Eu tentei pensar neles, esforcei o meu cérebro até me doer, quis ir mais além tentando ultrapassar o bloqueio sempre com uma pergunta presente na minha cabeça “Mas porquê? Eu quero pensar nesses assuntos, por que não me deixas?”. Só me apetecia chorar por não conseguir, rir pelo facto de o meu próprio pensamento ser mais forte que eu, gritar a pedir ajuda com todas as minhas forças, mas mesmo assim… nada.
Finalmente, percebi que pouco poderia fazer, o meu pensamento determina quando, porquê e de quais assuntos ele se ocupa, como se tivesse vida própria, sabes? Como se fosse vida dentro de vida.
Descruzei os braços e as pernas, enterrei os pés na areia, olhei uma última vez para a fina linha onde o mar e o céu se encontram, abandonei todo o assunto e deitei-me na toalha.
Olhei para o azul intenso e sentindo o sol na cara, na barriga e nos joelhos a escaldar, fechei os olhos e pisando o cristalino céu fermoso, como os deuses do Olimpo ao serem convocados por Júpiter para decidirem o futuro dos heróis portugueses, mergulhei nos meus sonhos, tal e qual como os portugueses se deixaram levar, sem oferecer resistência ao sonho de chegarem ao Oriente, dando sentido à longa viagem, e é essa a herança que deixaram em mim, a de não desistir dos meus sonhos e dar sentido a esta minha viagem, que é a vida…


Ana Águas
Nº3
12ºH

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

«O céu, a terra e as ondas atroando;»: UM TPC DESAFIANTE: ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO



«O céu, a terra e as ondas atroando;» Canto Segundo, estância 90, quarto verso


O céu, a terra e as ondas atroando
, abrindo alas ao fogo português que tudo enfrenta e alcança, com humildade e perseverança. Atravessam mares, guiando-se pelo céu, conquistando terras longínquas e desconhecidas, umas mais a sul, outras mais a ocidente e ainda outras mais a oriente da grande nação. Devagar, mas com confiança, vai-se formando o vasto Império português, onde reina a história, o exotismo, a riqueza e, assim se espera, a cristandade. E mesmo que por inveja o céu, a terra e as ondas [vão] atroando, o coração lusitano resiste, continuando a sua viagem, com coragem.
Mitos, fenómenos, perigos e obstáculos vão desbravando e até os Deuses se vêem forçados a vergar perante tais proezas!
E Camões relata, numa gloriosa epopeia, estes feitos deste povo, o português, numa rima perfeita. Versa o passado, o presente e o futuro, todos conjugados numa obra harmoniosa, os nossos Lusíadas, a nossa história.
Camões e a sua epopeia chega-nos hoje, já lida, analisada, adaptada, ilustrada, até às aulas de Português, onde pequenos grandes portugueses a escutam e estudam.
Há quem veja Os Lusíadas como um livro com cantos, estâncias, versos decassilábicos e rimas, outros como a cópia das grandes epopeias clássicas, outros vêem-nos como mais uma obra que têm de estudar, enfim! Eu vejo Os Lusíadas assim:
Imaginem uma trama, que é um entrelaçado de fios, sendo que cada fio é a vida de um português. Vários fios se juntam e cruzam, formando a trama que se estende e estende até ao dia em que não existirão mais fios para a compor. Essa trama é Portugal.
Os fios da nossa trama vão-se entrelaçando harmoniosamente, desfazendo os nós do destino ao ritmo musical d’Os Lusíadas. Por vezes, os nós são intrincados, outras vezes o fio com que se tece a trama não é tão bom, mas ainda assim o desenho que dela se descobre é um desenho cheio, coeso e interminável. O desenho que Os Lusíadas descrevem e onde os próprios Lusíadas e Camões se encontram.
E Portugal assim se vai compondo. Cheio. Coeso. Interminável… Mesmo quando o céu, a terra e as ondas [vão] atroando.

Madalena, 12º A

UM TPC DESAFIANTE: ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO


Os Lusíadas

“Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas,”
In Os Lusíadas, canto I, est. 19



Tudo começa como uma lenda onde há sempre uma parte que consideramos verdadeira, outra simplesmente fictícia e ainda uma outra onde prevalece um mistério de como acabará.
A minha primeira impressão antes de ler Os Lusíadas era um completo mistério criado essencialmente por opiniões antagónicas de pessoas que já tinham lido a obra: “a lenda é terrivelmente aborrecida” ou “misteriosamente interessante”. Nesta altura a minha cabeça era como um enorme livro em branco à excepção da primeira página carregada de sins, nãos, aborrecimentos, maravilhas, obra esplendorosa, entre muitas outras expressões ouvidas ao longo dos anos. A certeza, porém, de que ao iniciar a leitura todo o mistério e a incerteza desapareceriam e a minha opinião poderia prevalecer, qual D. Sebastião voltando de uma conquista em África.
A leitura começou. No fundo, dentro de mim, revia as opiniões, agora fundadas, no verso do poeta – “Já no largo Oceano navegavam,” – e, provavelmente, por entre “As inquietas ondas apartando;”. Agora, à luz do conhecimento de causa diria que “Os ventos brandamente respiravam,” no bom caminho para afastar os “preconceitos” às vezes tão infundados. Agora aquela primeira página de palavras, opiniões, expressões, incertezas, começava a desvanecer-se desse meu livro em branco. Encetava a pouco e pouco tudo de novo, agora, porém com a força para começar uma nova história de ideias que “Já no largo Oceano navegavam” e que se inspiravam nas de tão notável poeta. Agora sim, essa página começava a fazer sentido, a ter a sua ordem bem definida.
E “Já no largo Oceano navegavam” páginas e páginas dactilografadas, “Onde os ventos brandamente respiravam” e tudo se tornava cada vez mais apaixonante e (na minha opinião) mais interessante do que qualquer outra página que alguma vez lera.

Diana Mascoli, 12º A

“Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”: UM TPC DESAFIANTE; ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO


Os Lusíadas, Proposição, 2ª estrofe, verso 8 – “Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”

Tinha cinco anos de idade. A dança já fazia parte de mim e como tal era uma menina do ballet da escola Alfa – Beta. Quase todos os dias o ritual de vestir o maillot cor-de-rosa e despir a roupinha escolhida pela mamã, fazia parte da minha rotina e eu adorava.
Uma manhã, a mamã calçou-me umas botas castanhas de cano alto, lindas. Calçou…E atou os meus atacadores (aqueles atacadores!).
No meu ritual de vestir e despir nunca me sentira tão atrapalhada! Os meus atacadores tinham um nó! Era uma missão impossível perceber como o iria desembaraçar.
Já choramingava, quando uma menina mais velha pega nos atacadores e diz: “posso ajudar?”. Eu sorri.
O mesmo se passou com Os Lusíadas, que nó! Ao início não entendia quase nada! Era um enigma para mim decifrar aqueles versos. Mas pensei: vou conseguir (“se a tanto me ajudar o engenho e a arte”) – estuda!
Assim foi: persistência, objectivo, uma missão, uma vitória.
Assim foi: Vasco da Gama e os navegadores que atingiram o objecto da sua demanda: a Índia. Camões “pára” a narração e glorifica uma vitória, um povo, que apesar de pequeno investiu numa missão transcendente, impossível: um Império, o novo Mundo!
“ Se a tanto me ajudar o engenho e a arte” irei orgulhar-me do que aprendi, do que estudei para “desatar aquele nó”. Tal como o pequeno povo que se pode orgulhar por ter desempenhado uma missão tão singular, insubstituível.

Sara Alves

terça-feira, 14 de outubro de 2008

UM TPC DESAFIANTE; ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO

Chamo a atenção para o facto de que o que se pretende com este trabalho é:
- seleccionar um verso d'Os Lusíadas
- a partir de uma realidade exterior ao nosso texto épico escrever sobre ele (Os Lusíadas) integrando no texto o verso seleccionado.
Isto nem sempre está a acontecer.

Com doce voz está subindo ao céu


Canto X
Com doce voz está subindo ao céu
Altos varões que estão por vir ao mundo,
Cujas claras ideias viu Proteu
Num globo vão, diáfano, rotundo,
Que Júpiter em dom lho concedeu
Em sonhos, e despois no reino fundo,
Vaticinando, o disse, e a memória
Recolheu logo a Ninfa a clara história.


Tinha quatro anos. Estava sentada no sofá, provavelmente até estava à bulha com a minha irmã, quando deu no telejornal a apresentação dum bailado russo, que, chamou a minha atenção, a atenção que tinha para as barbies, nenucos, barriguitas, toda essa atenção se centrou naquele momento nas bailarinas que apareciam na televisão, deslizando em cima de sapatilhas de ponta, como uma estrela que com doce voz está subindo ao céu! Corri para a cozinha para junto da minha mãe, pedi-lhe ou talvez supliquei para me inscrever nas aulas de ballet. Assim ficou prometido. No dia a seguir fomos ao ginásio aqui da zona e assim fiquei inscrita nas aulas de ballet. Estava feliz. Ia experimentar algo diferente, algo que cativou a minha atenção, a atenção de uma criança de quatro anos.
Já tinham passado 4 anos desde que eu estava no ballet, estava agora a acabar a escola primária. As provas de aferição já tinham decorrido e agora eu ia entrar para o 5º ano, mas sempre com o meu grande sonho de ser bailarina a acompanhar-me. A minha mãe teve a ideia de me inscrever na Escola Nacional de Dança do Conservatório Nacional. Teria que fazer uma audição para entrar no conservatório. Estava com um pouco de receio, por um lado só me apetecia ir a correr para o conservatório para deslizar em cima das sapatilhas de ponta, das mesmas sapatilhas de ponta que tinha visto na televisão há quatro anos, mas por outro lado não queria deixar os meus colegas de turma. Chegou o dia da audição, tremia dos pés à cabeça. Ia muito bem penteada, com um maillot cor de rosa a condizer com as meias pelo tornozelo, acompanhadas com umas sapatilhas de meia-ponta. Ouvi o meu nome, corri escada acima para o estúdio. Assim que entrei deparei-me com um júri constituído por quatro pessoas e umas dez meninas que tinham a mesma cara de aflição e ansiedade que eu. O pianista tocou delicadamente com os seus dedos nas teclas do piano e começou a tocar uma música tão bonita e mágica, que toda a minha ansiedade, todo o meu nervosismo voou para bem longe daquele estúdio, daquele prédio no Bairro Alto, e me deixou a mim, só, com umas sapatilhas e uma música à espera de ser dançada. Comecei a dançar, leve, solta, tão encantada com aquele piano, aquele pianista, que nem se ouvia o barulho do meu corpo a cair em cima do estrado do estúdio, não se ouvia o cair do meu peso depois de uma salto, era como se de repente a lagarta se tivesse transformado em borboleta que com doce voz está subindo ao céu. A música parou. Parei de dançar. A audição tinha acabado, e dali a uma semana sairiam os resultados. Corri para abraçar a minha mãe e dizer-lhe que tinha corrido tudo muito bem, até podia ter sido péssimo, que só a magia daquela música tinha tornado tudo perfeito!
Uma semana mais tarde, estava eu ainda na preguiça na minha cama, quando a minha mãe ligou a dar a noticia que tinha entrado no conservatório! Saltei da cama aos berros, tudo me veio à cabeça, a imagem das bailarinas naquele telejornal, as sapatilhas de ponta, as meninas no estúdio, o júri e sobretudo aquela música! Estava feliz, mais que feliz, o sonho tinha-se tornado realidade. Ia ser uma bailarina a sério.
Chegou o primeiro dia de aulas no conservatório. Levava as minhas primeiras sapatilhas de ponta na mala, muito bem protegidas, como se fosse um pote de ouro no fim do arco-íris que com doce voz está subindo ao céu. Passaram-se já sete anos desde o meu primeiro ano no conservatório. Neste momento estou a fazer algo que gosto muito, a estudar para arquitectura. O ballet foi um grande apoio na minha vida, mas há momentos na nossa vida que ou é mesmo aquilo ou então tem que deixar de ser. E foi isso que aconteceu comigo. Tive que deixar o ballet para prosseguir estudos, porque apesar do sonho da minha vida é ser bailarina, em Portugal não é possível, infelizmente. Hoje vejo o ballet como um refúgio. Quando estou triste, desanimada, à beira de desistir de muita coisa, basta olhar para as minhas primeiras sapatilhas de ponta, para os meus tutus cor de rosa e brancos guardados na gaveta, agora sem uso, para que aquela criança de quatro anos voltar a estar dentro de mim, voltar a dar luz à minha alma que com doce voz está subindo ao céu!!

Nadine de Rocha Vitorino, nº16 12ºA



Canto X
Com doce voz está subindo ao céu
Altos varões que estão por vir ao mundo,
Cujas claras ideias viu Proteu
Num globo vão, diáfano, rotundo,
Que Júpiter em dom lho concedeu
Em sonhos, e despois no reino fundo,
Vaticinando, o disse, e a memória
Recolheu logo a Ninfa a clara história.

Este interpreta mais que sutilmente



Verso escolhido:
“Este interpreta mais que sutilmente.”– Canto Oitavo, estrofe 99

A minha paixão é o cinema. Não me refiro ao local cheio de cadeiras apertadas umas contra as outras onde nos tratam como surdos e onde nos desconcentramos de minuto a minuto devido à conversa de alguém que não quer verdadeiramente estar naquela sala ou com o ruído crocante das pipocas entre os dentes. Refiro-me sim, à verdadeira definição de cinema que encontramos no dicionário: “arte de fazer filmes para projecção”. A melhor palavra que existe para descrever o cinema: ARTE! Todos os dias gosto de ver um filme, desde que tenha tempo para isso. De todos os que já vi, apenas me enchem de sensações esquisitas os filmes realizados por Tim Burton. A primeira obra que vi da sua autoria foi o Eduardo Mãos de Tesoura, e utilizo um “o” antes do Eduardo porque é como se ele existisse, não figuradamente com as suas mãos de tesoura, mas na nossa aspiração de ser, como pessoa... O actor que teve esse papel chama-se Johnny Depp, uma pessoa que aparenta ser excêntrica devido à sua maneira de vestir, mas “Este interpreta mais que sutilmente” os melhores papéis que já vi.... Sem exageros, sem nos encher de esperanças ao primeiro minuto, ele consegue ser a personagem e deixar-nos curiosos e atentos no decorrer do filme. E o Tim Burton, o grande Tim Burton... “Este interpreta mais que sutilmente” qualquer ideia que lhe passe pela cabeça, qualquer som, para uma imagem ou música que todos possamos ver e ouvir. A quantidade de vezes que eu penso em coisas maravilhosas que poderiam acontecer... mas fazer os outros entender realmente o que estou a “ver”... essa é a tarefa mais difícil que existe, mas não para Tim Burton que consegue transpor os seus pensamentos para o ecrã de maneira a que todos visionem o mesmo que ele visionou no seu pensamento. E dando o devido mérito a Johnny Depp, que consegue comportar-se como Tim Burton imagina... fazendo de todos nós o próprio Tim Burton enquanto vemos o filme. Quem me dera que algum dia alguém dissesse: a Vera? Esta interpreta mais que sutilmente... e o resto deixo para o que quiserem. Não me imagino cineasta nem actriz, mas imagino-me qualquer coisa. E espero que algum dia possa vir a fazer os outros verem e sentirem essa qualquer coisa que eu fizer. Qualquer coisa que mais tarde deixará de ser qualquer mas passará a ser A Coisa.

Vera, 12ºA

Tu, só tu, puro Amor, com força crua… UM TPC DESAFIANTE; ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO


“Tu, só tu, puro Amor, com força crua…”

«Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.»


Intercalo o meu olhar entre números e letras, o lugar e a partida; entre as pessoas e o deserto azul do céu. Com um simples casaco de malha, depois disto inútil até ao meu regresso, repenso nos porquês e motivos de querer lá voltar uma segunda vez. Encontro o vazio, um passado mais que terminado, umas férias quase como esquecidas, mas que incompreensivelmente me fazem lá regressar.
Oiço aquela voz novamente, aquela que tem o poder de levantar multidões, multidões que nem sabem quem lhes fala. “Informamos os senhores passageiros que a porta de embarque do voo VR602, com destino ao Sal, já se encontra aberta”.
Começas a vibrar intensamente, até à mais ínfima artéria que o faz bater, como se fosses Tu, só tu, puro Amor, com força crua…
Em pleno Atlântico, lembro-me da nossa viagem, a honrada Viagem de Vasco da Gama. E igualmente ao que é dito no nosso histórico poema Os Lusíadas, peço ajuda, força e coragem a todos os Deuses no Olimpo para enfrentar a Minha Viagem.
Com o simples casaco de malha já na cintura, com a borracha dura dos meus chinelos sobre a arenosa terra salgada, sinto calor, a inexistente humidade no ar, o amargo perfume do mel, como se aqui pertencesse. Envolta de pessoas agora descontraídas, de risos, de simpatia, de “morabeza”, perco-me no luar, cheio, luminoso, frígido e rígido para quem não te tem… Tu, só tu, puro Amor, com força crua…
Abafado, quente, com cores bem garridas, um presságio de como seriam esses próximos vinte dias, assim é o meu quarto. Completamente sem forças, prometo cumprir o desejo das minhas amigas: festejar a chegada na mais típica discoteca da simples e calma vila de Santa Maria.
Uma, duas, três, quatro, milhares de gotas geladas me invadem, conhecem cada poro do meu suado corpo. De repente um cheiro frutado, fresco, vibrante contagia a minha pele suave, o meu liso e comprido cabelo. Apenas com um branco e áspero turco junto a mim, oiço música, intensa, sensual, com o ritmo mais atrevido que alguma vez cada tímpano meu ousou sentir.
Enquanto vejo cada degrau de mármore ficar para trás ao meu andar, encontro o jardim exótico e penetrante do hotel, onde depois de tantos passos encontramos finalmente a saída. Viramos à direita, e inevitavelmente esbarramos logo com a porta da discoteca. Nunca pensei relembrar-me em plenas férias das aulas maçudas de Português, mas tenho de admitir que só me senti assim, gelidamente a arder, electricamente estagnada, completamente na expectativa, quando Lhe toquei. Com capa grossa acastanhada, “O livro” que antes de ler já sabia que me ia filtrar, impressionar. Tal como neste momento reconto como o conheci, quando se reconta a história de Portugal, como só Ele teve coragem de o fazer como fez, é preciso arte, dedicação, entrega e uma enorme paixão.
À porta percebo que não sou bem recebida, que aqui não é sítio onde deva estar. Tal como no passado século XV, Vasco da Gama à vista de muitos “Velhos do Restelo” não devesse estar em pleno Oceano Índico; agora em pleno século XXI há também barreiras para não estarmos onde por vezes queremos estar. Aqui é proibida a entrada de menores de dezoito anos, mas honrando o meu país, a determinação que caracteriza o meu povo, decidi tentar entrar. Pois tal como Vasco da Gama sabia que algo de bom ia conseguir, eu sabia que algo de importante ia conhecer.
Ah, estou sem ar, não quero querer que aqui estou. O sítio mais fantástico onde alguma vez estive, infelizmente com um leve e breve, fino e arrogante cheiro a tabaco, completamente banal vivendo o que estou a viver.
Sendo esta a segunda vez que venho a esta terra, já tenho aqui muitos amigos. Contudo, estou com aquela minha amiga que conhece meio mundo a cada movimento que o ponteiro dos segundos faz. Sinto uma mão larga agarrar a minha, num toque tranquilo, respeitoso. Olho para trás e vejo um rapaz, um belo rapaz, mas bem mais velho que uma rapariga de catorze anos, de certeza. Aceito a dança, não posso perder um único movimento do relógio, tenho de aproveitar esta óptima dança.
Agora que já acabou o refrão, Ela que se dizia minha amiga, veio abordar-me e terminar com o meu deslizar de ancas que os meus pés tanto adoram acompanhar. E com um grito, que pareceu um sussurro, disse: - “tenho de te apresentar uma pessoa, alguém que já conhecia e que parece doido para te conhecer”.
Abarquei friamente nas areias douradas de Calcute, a minha nau estremeceu da proa à popa, os meus olhos foram os primeiros a renderem-se, o meu corpo sentiu tudo isto, tal como Vasco da Gama deve ter sentido quando A viu. Ele amou a Índia e eu que há um olhar o conheço, O amo. Enquanto supostamente ouvíamos as apresentações, juramos… Tu, só tu, puro Amor, com força crua…
O toque, a suavidade da pele, a respiração, a força e o amor que nos juntava fez com que a nossa dança mexesse com o sentir de qualquer um…
A partir do meio da Minha Viagem, tal como Vasco da Gama com o apoio de Portugal, eu com o apoio do meu desconhecido amado, vivemos naufrágios e mortes, cabos e tormentas…
Nesta Viagem o Atlântico e Índico ainda não se encontraram, apesar de Tu, só tu, puro Amor, com força crua…
Intercalo o meu olhar entre números e letras, o lugar e a partida; entre as pessoas e o deserto azul do céu. Com um simples casaco de malha, depois disto inútil até ao meu regresso, repenso nos porquês e motivos de querer lá voltar uma terceira vez. Encontro a razão, um passado mais que incompleto, umas férias inesquecíveis, e que compreensivelmente me fazem lá regressar.
Oiço aquela voz novamente, aquela que tem o poder de levantar multidões, multidões que nem sabem quem lhes fala. “Informamos os senhores passageiros que a porta de embarque do voo VR602, com destino ao Sal, já se encontra aberta”.
Começas a vibrar intensamente, até à mais ínfima artéria, como se fosses Tu, só tu, puro Amor, com força crua…



Bruna Rafaela, nº4 – 12ºA

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Plano de segurança da escola

INSTRUÇÕES GERAIS

ALUNOS

• Ler as plantas informativas expostas pela escola elucidando sobre os percursos a seguir em caso de evacuação.
• Após ter sido dado o sinal de alarme, e ter sido dada ordem pelo professor de abandonar a sala, deverão dirigir-se à porta de saída assinalada na planta.
• Os alunos serão encaminhados pelo aluno Chefe de Fila
• Os alunos deverão sair em fila indiana
• Nunca levar nenhum material escolar.
• Seguir as setas que indicam o ponto de encontro.
• Nunca correr mas sim caminhar.
• Nunca parar para apanhar sapatos, valores, etc.
• Nas portas ou saídas nunca empurrar.
• Manter o máximo silêncio.
• Chegados ao ponto de encontro manter a máxima disciplina a fim de apurar quem falta.
• Nos pontos de encontro, deverão agrupar-se junto do professor com quem estavam a ter aulas.
• Os alunos que não estiverem a ter aulas, dirigem-se para o ponto de encontro mais próximo e agrupam-se por turma.
• Ninguém deve abandonar ponto de encontro até indicação do chefe de segurança.
• Em caso de sismo lembra-te sempre das três palavras chave:
AGACHAR, PROTEGER e AGARRAR

sábado, 11 de outubro de 2008

Introdução a Os Lusíadas



Exercício:
Relacionar palavras ou excertos de um poema do livro O Céu dentro da Boca, de Paulo Condessa, com a matéria em estudo, nomeadamente com Os Lusíadas, de Camões, e com o Renascimento.

Trabalho de comparação entre um poema contemporâneo de O Céu dentro da Boca de Paulo Condessa e Os Lusíadas:
Alguns dos excertos do poema contemporâneo seleccionados pelos alunos, que de algum modo possam ter algo a ver com Os Lusíadas :

"Entre dois andares da alma"
"Vazio redondo no lugar do coração"
"Sinto o estômago a dividir-se em quatro"
"Pergunto-me o que faço aqui no meio da praça"
"Uma verdade escrita em todas as portas"
"Sentir o doce aroma da planície universal"
"Até ao coração interior do tempo dentro das veias"
"Um mito com pernas e focinho pontiagudo"
"Para mim não há dúvida possível, este é o planeta impossível"
"Não me posso dar ao luxo das ilusões"
"O que é certo é o incerto, pensei"
"A ti e a vós que iluminas os ares que me fecundam"
"São estes os registos do encontro dos olhos com a cara, do cabelo com a franja"
"Água que não molha, fogo que não queima"
- "O que é certo é incerto"
" (...) O que é que eu estou aqui a fazer? (...) "

" (...) tremo e cresço perante o trono do Universo (...) "

" (...) a minha missão é impronunciável (...) "

" (...) é a ti que me dirijo (...) "

" (...) o desencontro do encontro dos olhos (...) "

“nova nave”, “planície universal”, “água que não molha” e “os andares da minha alma”.
"Se for bem sucedido..."
"Oh se tenho ainda tanto para escalar..."
"Planeta Impossível"
"Dois andares da alma"
"Meio coração na mão e outra metade de coração na outra."
"Dois olhos bordados no peito"
"Durante o dia a única luz é a das "
"Tecidos orgânicos da galeria"
"deslaçar da realidade"
"absolutamente concreto"
"tamanho natural"
"universal"
"estruturas matemáticas"
"realidade sensível"



“Viagem na nave” que remete para os descobrimentos


E algumas conclusões:

A maior semelhança entre o excerto que lemos na aula e Os Lusíadas é que em ambos é retratada uma viagem pelo desconhecido, uma busca pelo novo e inexplorado.
Tanto num como no outro são visíveis um conjunto de emoções parecidas e até iguais: o medo, a ansiedade, a curiosidade, etc...



«Desconhecida» no que toca aos ‘novos mundos’ dos descobrimentos
«Parar entre dois andares da alma» - o humanismo e com o confronto de novas realidades, ideologias, que nos perturbam e nos deixam inquietos e indecisos.
«Pergunto-me o que faço aqui». Está relacionado com o desconhecido. Em relação a Os Lusíadas penso que se enquadra nas viagens descritas na obra, para terras longínquas, alcançadas após travessias perigosas. Penso que seria o que um marinheiro diria a si próprio durante as viagens.
«Não há nada que caiba no colo de qualquer língua conhecida» isto é, há coisas que transcendem línguas e culturas, não há obstáculos para a comunicação e ligação de povos (exemplo: portugueses e indígenas)
«O que é certo é o incerto». Era o que se vivia na altura. O Homem despertou para o mundo e para si próprio, para a dúvida e para o desconhecido. Muitas verdades absolutas da Idade Média perderam o seu valor, o que provocou uma enorme mudança a vários níveis. Vivia-se num clima em que não havia limites, nem certezas, o que levou à inovação e evolução.

Autores: vários alunos