terça-feira, 26 de maio de 2009

Relatório de Português: Uma aula sobre Jazz e música barroca pelo crítico de Jazz Leonel Santos, pai do Afonso


Relatório de Português

Iniciámos a aula do dia quinze de Maio de 2009 sem a habitual leitura do diário de Saramago seguida por um pequeno conto, foi uma aula especial em que tivemos o prazer de receber um crítico de Jazz, Leonel Santos (pai do Afonso, nº1) que veio com o objectivo de nos explicar um pouco sobre a relação entre o Jazz e a música barroca. E como era uma aula aberta também tivemos a presença da nossa professora e DT Rita Bastos e do presidente do conselho executivo da escola, professor José Paiva e ainda outra professora da escola e uma aluna de outra turma.

A aula começou com a apresentação do nosso crítico de Jazz feita pelo Afonso Botelho (seu filho). Ele começou por nos apresentar o tema que o nosso convidado nos iria transmitir, a música barroca e o jazz. De seguida descreveu-nos resumidamente a vida jazzistica de Leonel Santos. Nascido a 7 de Abril de 1955 é um dos críticos de jazz em Portugal, trabalha na área de informática e é licenciado em Antropologia.

Ouviu jazz pela primeira vez com 16 anos e desde então não parou de encher com jazz os ouvidos dos que o rodeavam . Em 1986 e 1987 alarga o seu auditório com um programa de rádio pirata denominado de “Jazzirico” na Rádio Imprevisto. Em 1988 participa em“Impróprio para Consumo”, programa de divulgação de músicas mais ou menos marginais com uma hora de jazz a seu cargo, na Rádio Saturno (Loures). Em 1991 escreveu no Diário de Notícias na área do jazz, foi colaborador da Revista da Música e da revista Áudio. Em 2002 funda aquilo que viria a ser a primeira revista do jazz em português, a Alljazz como director de redacção, em 2005 é colaborador da revista Jazz.pt e em 2007 da Jazzlogical

Apôs esta breve apresentação da vida de Leonel Santos pelo Afonso Botelho nº1, o nosso crítico agradeceu e retomou a palavra começando por nos contar as origens do Jazz. Contou-nos que o jazz nasceu por volta de 1900, princípios do século XX, na mesma época em que se deu fim à escravatura. Pensa-se que o Jazz teve início no Mississipi passando depois para Chicago e pela costa leste. Foi criado por netos de ex escravos, músicos de guerra. No fim da guerra estes músicos voltaram para as suas casas com os seus instrumentos usados durante a guerra e começaram a exprimir-se pela música. Passaram a ser requisitados para tocarem em festas, formavam bandas compostas só por instrumentos de metais e passaram de bandas militares para bandas de rua.

A cultura europeia escrevia as músicas, transmitia o seu sentimento por escrito e a cultura africana transmitia o seu sentimento na música pelo improviso. E foi com a mistura destas duas culturas que nasceu o jazz, uma música híbrida.

O Jazz é um tipo de música em constante evolução, nunca estará ultrapassado porque absorve todas as características e formas musicais diferentes. Está sempre em renovação buscando o rock, a música cigana e outros tantos estilos.

Leonel Santos falou-nos também na característica essencial do Jazz: a improvisação. E é essencial porque é o contributo “negro”, a base do jazz.

Para ficarmos mais esclarecidos falou-nos de um filme sobre jazz onde se vê como as plateias eram compostas só por “brancos” e o palco só por “pretos” para dar um exemplo de como eram as orquestras nos anos vinte. Como o jazz passou a ser uma música popular, no início era tocado em cabarés e lugares mal frequentados, mas depois passou a ser música para festas em família.

Na primeira metade do século XX as músicas das orquestras de jazz passaram a ser mais escritas do que improvisadas, mas um grande músico conseguiu cruzar os dois elementos.

O nosso crítico depois falou-nos do jazz no sul dos Estados Unidos durante a guerra mundial. Falou-nos da rápida divulgação do jazz, que passou a ter lugar nos bailes e na música popular do país, o jazz era tocado por todos e o orgulho do negro americano tinha-se dissolvido pois o jazz já não passava o sentimento pretendido. Revoltados com essa situação os negros criaram o bebop, um novo estilo de jazz. Era um jazz de clube que só os melhores conseguiam tocar, conseguindo o título de artistas e passando a ser reconhecidos por toda a sociedade.

O Jazz nunca parou de evoluir, como nos conta Leonel Santos passou por vários estilos como o “cool jazz”, “rock jazz” e também foi buscar influências a músicas indianas, barrocas e outras.

A seguir às explicações sobre o percurso do jazz Leonel Santos pôs-nos a ouvir Miles Davis «Time After Time» do CD You´re Under Arrest, Sony, 1985 e durante a música contou-nos que foi a primeira música de Jazz que ouviu ao vivo e que o fascinou completamente. Ouvimos depois
- Uri Caine «Turkish Rondo from Piano Sonata in A Major» do CD Uri
Caine Plays Mozart
Winter & Winter, 2006 que cruza o Jazz com música barroca e por fim ouvimos Mário Laginha «Fuga em lá maior» do CD Canções e Fugas, Universal, 2006. No meio da música tocou para a saída, mas como estávamos todos concentrados a ouvir Jazz ficámos até ao fim e só quando a música terminou demos por encerrada a nossa aula.

Minouche Martins nº15, 12ºA

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sumários da semana de 25 de Maio

Leituras expressivas pelos alunos.
Apresentação do trabalho da última aula (conclusão): Perguntas e respostas sobre Memorial do Convento.
Revisão de alguns aspectos: linguagem e narrador.

Conversa com os alunos sobre os acontecimentos da última sexta-feira.
Apresentação da matriz do teste.
Revisão: Personagens, espaço e tempo.

A matriz do teste.
Revisões sobre a dimensão simbólica, crítica e o estilo. Narrador, espaço e tempo.
Audição de um solo de guitarra por um aluno.

Leituras do Dicionário da Origem das Palavras e dos Cadernos de Lanzarote.
Esclarecimentos de dúvidas sobre a matéria do teste.

Leitura expressiva pelos alunos.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Avaliação do 3º período, 2º teste

I Parte: (80)

Conteúdos: Excerto de Memorial do Convento, perguntas de interpretação e sobre categorias da narrativa ( Acção, narrador, espaço, tempo, personagens)
Objectivos: Compreender o texto, relacioná-lo com a obra, identificar diferentes aspectos das categorias da narrativa.

II Parte: (70)
Conteúdos: Texto de outro autor relacionado com a temática do excerto do I grupo
- Afirmações verdadeiras e falsas
- Enunciados com interpretação e análise estilística e da linguagem, em duas colunas, para fazer corresponder um lado ao outro.
Objectivos: Analisar, interpretar, compreender os processos de construção do texto, relacionar e distinguir o certo do errado.

III Parte: (50)

Conteúdos: Texto de reflexão à volta de um dos seguintes temas possíveis:
- A dimensão simbólica e mítica e a condição humana
- Relação: título e conteúdo
- O sagrado,o profano, o religioso, o mágico.
- O papel da História
- O povo e o convento
- A dimensão crítica do romance
Objectivos: Conhecer as temáticas inerentes a esta obra, criar um texto com reflexão própria e original, estruturá-lo de forma coerente, criativa e gramaticalmente correcta.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Música Barroca – texto de reflexão

Ao ouvir música barroca, fecho os olhos e tento perceber a mensagem que me transmite. Talvez luxo, bailes, festas…a corte, sim a corte! Poderá ser isso, mas de repente, uma outra música barroca já me transmite algo diferente.
Ah!...as vozes! O mistério, os graves, os agudos, já é o oposto da primeira (penso eu). Recordo-me das características que qualificam o estilo, em especial o “contraditório”.
A música continua a tocar. Tento decifrar o enigma que ela própria é. Por momentos o silêncio, o início de outra música. Agora uma sinfonia de Bach e um piano. Mestre! É a primeira palavra que me vem à cabeça, no instante ao ouvir as primeiras notas tocadas naquele magnífico instrumento.
Nesta, sinto uma personalidade, uma atitude irreverente que tenta exaltar-se a cada nota tocada. Em oposição, a melodia remonta, tal como a primeira, aos bailes luxuosos de uma noite na corte. No entanto, sinto na perfeição o enquadramento no desejo de alguém com ambição de sair de uma bolha isolante, mas sem coragem suficiente para o fazer. São dois solitários, a música fazendo companhia ao seu criador, que a faz crescer a cada tecla do piano, numa sala ampla, ornamentada, dramatizada.
Ela [a música] é uma criança em crescimento. Um dia sossegada e calma, noutro, espalha alegria e energia. Um dia questiona-se sobre as verdades universais, noutro aceita não ter conclusões. Pode sentir-se capaz de tudo e no momento seguinte só deseja fugir aos confrontos, enfim, muitas atitudes diferentes numa pessoa só.
Continuo de olhos fechados, a música a tocar…
Sinto-me, por momentos, num dos bailes, a dançar com alguém. Oiço a música e sigo o que me diz, faço-o. Movimentos, passos, uma atitude serena e harmoniosa. Volto a mim, dou comigo a cambalear a cabeça…continuo com os olhos fechados.
Acabaram-se as músicas. Terei chegado a alguma conclusão? Sim, talvez… não tenho a certeza. É um estilo de música um pouco antagónico pois encontramos diferenças de umas para outras.
É luxuosa e exuberante? Sim!
É solitária e reflexiva? Também!
É uma criança a correr alegre e um velho a reflectir sobre a vida!
É a antítese e o paradoxo!
É a razão e a liberdade!
É a vida e a morte!
É a alegria e a tristeza!
É a companhia e a solidão!
É …

Poderia continuar a tentar perceber a música barroca, mas abro os olhos e sinto-me bem. Durante aqueles momentos, enquanto viajava e vivia o desafio de encontrar significado e efeito da música em mim, vivi emoções, várias vidas, mas quanto a uma conclusão certa, não.
Talvez não precise de ser percebida mas sim simplesmente sentida.

Diana, 12A

terça-feira, 19 de maio de 2009

Música. Bach. Cravo...

Música. Bach. Cravo...
O cravo faz-me imaginar um palácio com grandes janelas que vêm desde o tecto até ao chão. Ouve-se o som do cravo e muitos pares estão envolvidos numa valsa contínua por toda a sala. Vestidos elaborados, teatralidade no ambiente, decoração pormenorizada... Já estiveram dentro de Palácio de Inverno de Catarina II? É uma dessas salas recheadas de gente fina, bem vestida, com perucas, decotes e demasiada base nos rostos.
Música. Bach. Cravo...
A música do Bach transformada em jazz? É uma ideia muito inovadora. Mas não aprecio muito. Bach é Bach. É não é jazz. Para além disso não gosto de jazz. Aprecio muito mais a polifonia, trios e variações do Sr. Johann, do que ritmos melancólicos do jazz.
Música. Bach. Cravo...
Música clássica? Eu estou ligada a ela durante a minha vida toda. Faço trabalhos de casa ao som de Beethoven, Mozart, Poulenc, Doppler e Chaikovski, entre outros, que vem do quarto da minha mãe. Ouvi dizer que a música clássica e o canto gregoriano desenvolvem muitas capacidades nas pessoas que os ouvem. Não sei se isso é verdade, mas eu sinto-me mais concentrada com esse tipo da música como fundo nos meus estudos.

Marishka

O barroco

"O barroco revela a busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, tudo decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística.”
“A arte do conflito” causa uma mudança no homem. Desde a literatura à música, passando pelas artes plásticas, as obras são carregadas de poesia, de uma linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo: a estética barroca.
Qual a ponte entre estes palcos? Qual a ponte entre as páginas de um livro, e os sons produzidos pelos instrumentos musicais, em harmonia, ou numa pura confusão organizada?
“Conceptismo: marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista e que utiliza uma retórica aprimorada. Os conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objectos, procurando saber o que são, assim, a inteligência, lógica e raciocínio ocupam o lugar dos sentidos. “ A minha resposta… O desdobramento em temas e variações, o rebuscado organizado, os significados.

A literatura barroca é caracterizada pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero. Trabalhada ao extremo, recorre a muitos recursos estilísticos. Já a música barroca confunde-se com o nascimento da ópera. Em torno da personagem soberana da ópera, girava uma corte de arquitectos e maquinistas para auxiliar no suporte técnico, à encenação. Pode-se dizer que o barroco musical uniu a música ao espectáculo, ao teatro.
Ao recriar uma escrita barroca, Saramago recria os caminhos do Fantástico, da imaginação e do sonho (características plenas do Barroco).
Mafra torna-se um símbolo de Portugal, na sua obra Memorial do Convento. O tempo de D. João V coincide com a monumentalidade das obras de arte, uma expressiva teatralidade de atitudes e gestos. Dos materiais à decoração, aos rituais da coroa portuguesa, tudo é exposto no seu livro e, consequentemente, críticado.

Sara Alves, n.º20, 12ºA

Estética Barroca

Ao ouvir a música barroca, o pensamento que mais me ocorreu foi que vou ter saudades do ballet (este vai ser o meu último ano de dança clássica) e fez-me lembrar os grandes musicais antigos onde era chique e ficava bem apreciar ballet.
Trouxe-me também muito à memória as encenações a que assisti (durante anos, pelo menos uma vez por ano) no palácio de Queluz, onde nos mascarávamos de elementos da corte e representávamos. Era um retrato muito fiel à época (dentro do possível), pelo menos a mim parecia que os senhores tinham mesmo vivido na época onde tudo era assim.
Quando leio no Memorial do Convento as partes referentes ao rei, vejo-o mesmo como a personagem que Saramago descreve e parece perfeitamente real que tudo seja uma grande brincadeira, como uma encenação no palácio de Queluz.
Passávamos pelo menos umas 2 ou 3 horas a arranjar-nos para depois nos pavonearmos pelo salão, a ouvir a música e histórias e se não me engano, também tínhamos um banquete... Por um dia entrávamos na vida dos reis e brincávamos à realidade deles. E no fundo o rei de Saramago parece-me tão real quanto as minhas brincadeiras, parece até que poderia ter entrado nelas comigo.

Andreia Guerra 12H

Barroco na literatura e na música. Como é possível encontrar essa estética da literatura na música?

A estética Barroca busca novidade e surpresa e um gosto especial pela dificuldade, deixando saltar à vista a ideia de que nada é estável e que tudo tem de ser decifrado. Esta estética tem tendência para o artifício e o engenho. A literatura Barroca caracteriza-se pelo uso da linguagem dramática, expressando exagero na sua linguagem, usando hipérboles, metáforas e antíteses. Esta literatura tem tendência a invocar temas muito religiosos usando uma linguagem específica.
À medida que as músicas entoavam pela sala enchendo os meus ouvidos de bom som, o que mais senti na música Barroca, foi a variação entre agudos e graves, um ritmo variado no decorrer da música, chegando a ter momentos de grande exaltação e momentos de profunda calma. Senti também compassos alternados e senti a presença de um género de "dégradé" musical.
Uma das principais características da música Barroca é a homofonia, que surgiu através da Ópera onde era utilizado o canto homófono, ou seja, o solo vocal, com baixo contínuo – acompanhamento realizado a partir de indicações abreviadas na partitura, cuja realização era confiada à perícia do executante. Assim, a homofonia tornou-se num ponto-chave da revolução da estética musical Barroca.
Na minha opinião, é muito difícil encontrarmos relação entre a literatura e a música, porque são ambas tão distintas (isto, a meu ver). Há muitas coisas em que um livro me faz pensar completamente diferentes daquelas em que penso quando oiço música. Mesmo assim é possível encontrar alguma relação entre a música e a literatura Barrocas, através das mudanças repentinas de linguagem, ou seja, na literatura tanto podemos ter uma linguagem bastante complexa e religiosa como podemos ter uma linguagem popular e na música tanto sentimos momentos de grande fúria como de profunda calma ou paz interior, e penso que é através dessa mudança repentina que podemos relacionar estas duas artes bastante diferentes uma da outra, pois foi o que mais senti ao ouvir as músicas colocadas na aula: a mudança repentina de ritmos e de notas musicais tal como sinto na literatura.

Nadine de Rocha Vitorino nº16 12ºA

Amanhã traz um livro e lê



OUVIR O SILÊNCIO A LER
O CP aprovou recentemente uma proposta que só não é inédita porque já foi experimentada com muito sucesso numa escola, e que temos esperança que depois da nossa possa ter continuidade em outras. Trata-se de, durante 45 minutos (entre as 10.30 e as 11.15 do dia 20 de Maio, quarta-feira) toda a escola (mas toda mesmo: alunos, professores, nas aulas, no centro de recursos, conselho executivo, sala de professores, funcionários de acção educativa, secretaria, bar, papelaria, refeitório, jardim) fazer uma pausa para leitura (em silêncio). Cada um traz um livro e lê. Onde estiver. A única pessoa que não vai estar a ler será alguém dos audiovisuais que andará pelo meio do silêncio a gravá-lo. Por isso pedimos aos professores que durante esses 45 minutos mantenham as portas das salas abertas, para que o silêncio entre, se instale a ler e possa circular com o ar.
Tipo de colaboração que pedimos aos professores:
- Que os directores de turma façam o favor de divulgar e motivar para a iniciativa: os alunos, professores das suas turmas e especificamente o professor que estiver a dar aula à turma nesse dia.
Que convidem os encarregados de educação que puderem e quiserem juntar-se-nos.
- Que todos os professores e especialmente os de Português estimulem os alunos, com alguma antecedência, e os vão lembrando, a trazerem um livro para lerem nesse dia.
Que convidem, se quiserem, personalidades de fora da escola (artistas, criadores de qualquer área, ex-alunos, a juntarem-se a nós)
- Que os colegas que estiverem em aula nesse segmento façam o favor de deixar as portas das salas abertas a fim de deixar o silêncio circular contagiando toda a escola e para se poder registar o momento pelo sector dos audiovisuais.
- Que tragam todos um livro para ler.
- A todos, apenas se lhes pede que estejam na escola a ler o que lhes apetecer. Na sala de aula, para quem for o caso disso, ou nos outros espaços.
- Que quem puder traga, para além do que vai ler, mais livros (de leitura que considere cativante e agradável) e que não tenha pena de perder, e os deixe nos dias anteriores no CR para nesse dia se poder distribuir com facilidade sem a burocracia demorada da requisição, aos eventuais esquecidos. Também podem deixar os livros nesse dia pelos vários espaços da escola para serem recolhidos por quem quiser/necessitar, eventualmente também por funcionários.

Neste dia, durante estes quarenta e cinco minutos, vamos esquecer os programas, os testes, os aborrecimentos, as mágoas, as zangas, os medos, o passado e o futuro, os ruídos e os deveres e…vamos ler. Em silêncio. Fora e dentro de nós. A ver o que acontece.

Sumários da semana de 18 de Maio.

Síntese de alguns aspectos estudados: A ironia e a caricatura, estilo, registos de língua, campos lexicais, verdade e verosimilhança, os mitos e os símbolos, o amor místico, moral e transgressão, o tempo, sagrado e profano, religião, magia, crendice e fanatismo.

As personagens: O poder, heróis individuais e herói colectivo. Características.
O picaresco.

12H:
Sessão de esclarecimento da Escola de Castelo Branco.
Exercícios de leitura e articulação.


Espaço social e simbólico, tempo do discurso e tempo da história.
Exercício de perguntas e respostas mútuas sobre o Memorial do Convento, por escrito e oralmente.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sumários da semana de 11 de Maio

Memorial do Convento: A dimensão simbólica.
Leituras da obra e de textos adjacentes, nomeadamente "Perguntas de um operário letrado", de Bertolt Brecht.
Análise de texto. A escrita barroca, os paradoxos, o intertexto.

Os planos narrativos.
Quadros da época.

Síntese de alguns aspectos estudados: A ironia e a caricatura, estilo, registos de língua, campos lexicais, verdade e verosimilhança, os mitos, o amor místico, moral e transgressão, o tempo, sagrado e profano, religião, magia, crendice e fanatismo.

12A:
Aula aberta: Conferência informal/demonstração com o crítico de jazz Leonel Santos. Jazz e música barroca. Audição de excertos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ouvindo música de Scarlatti

Ornamentação ou desornamentação?

Confusão, confusão, acelera, quase pára e volta, acelera de novo, mistura, mistura, ora entra voz fina ora entra grave, entra pelos ouvidos cantado em contratenor, falam italiano. Entram instrumentos, ora um ora outro, agora tudo ao mesmo tempo, um por cima do outro, imprevistos, imprevistos, por fim e melodioso e agradável.
Escreve, escreve sem pausas, a personagem começa a falar mal aparece a maiúscula e rompesse os cânones. Fala, fala, contamos histórias, ironiza, ironiza, analepses, prolepses e repete. Critica, critica, dá valor a quem o mereceu.

Ana Fidalgo

Excerto do relatório da aula de 30 de Abril do 12A:

"[...]
Finalizámos a aula com um género de debate, em que o que estava em discussão era uma questão que surgira durante a leitura de uma pádina dos Cadernos de Lanzarote de José Saramago: existe realmente relação entre autor e narrador? A esta questão surgiram bastantes ideias, respostas, outras questões, etc. Uns contra, outros a favor, as opiniões foram variadas:

“Como se sustenta uma história sem narrador.” – Diana

“Ao invés da escrita, a pintura não precisa de intermediários.” – Minouche

“Um livro também pode transmitir sensações (tal como a pintura).” – Nadine

“Há narrador em ambas, mas na escrita o autor pode ser o narrador. Enquanto que na pintura, o pintor assume o narrador como sendo o observador.” – Afonso (concordando também a Diana)

“Tanto o escritor como o pintor podem criar heterónimos e escrever/pintar como esse heterónimo escreveria/pintaria.” – Ricardo

De entre várias opiniões, a professora problematizou se na pintura também pode existir história (como exemplo da própria: um “borrão” tem história?) e se “Existe história sempre na excrita e nunca na pintura?”

Foi também dado o exemplo da Guernica de Picasso, em que o próprio pintor é autor e narrador, de pontos de vista diferentes. Sendo que é autor porque pintou o quadro e é narrador porque conta os acontecimentos segundo aquilo que sabia e viu. Houve ainda outra opinião:

“Existe, da parte do homem, uma necessidade de contar uma história. Quer através de escrita quer da pintura.” – Afonso

No fim da aula, a professora levantou uma questão importante (visto que fomos mais além do esperado) para a qual todas as opiniões convergem e nos remetem:

“O que é uma história?”





Mariana Silva 12ºA

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dois Excertos de Odes, Álvaro de Campos

(A propósito de uma passagem do livro Memorial do Convento: "noite e antiquíssima e idêntica, vem").

Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lentejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter connosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, xintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde — quem sabe? — Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso é inútil.

Vem, Noite silenciosa e estática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como uma brisa na tarde leve,
Tranquilamente com um gesto materno afagando.
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua máscara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem.

A lua começa a ser real.

Sumários da semana de 11 de Maio

Felizmente há Luar: A dimensão simbólica.
Leituras da obra e de textos adjacentes, nomeadamente "Perguntas de um operário letrado", de Bertolt Brecht.

Análise de texto. A escrita barroca, os paradoxos, o intertexto.

OUVIR O SILÊNCIO A LER


(Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0yntD27Lu8FsyEwjPYTrM3lDBu1nOH1kljOtoyAfyVTZh47ee3HkcG-jtR4mrVLvlO_yCaS0VBgrUL2n-LPExcvgY2rm52wOEEpmeJkDUshto3POHsOGA6A3-oyhkU0XboJIrDgrtyTVc/s400/metro+paris.jpg)
O CP aprovou recentemente uma proposta que só não é inédita porque já foi experimentada com muito sucesso noutras escolas, e que temos esperança que depois da nossa possa ter continuidade em outras. Trata-se de, durante 45 minutos (entre as 10.30 e as 11.15 do dia 20 de Maio, quarta-feira) toda a escola (mas toda mesmo: alunos, professores, nas aulas, no centro de recursos, conselho executivo, sala de professores, funcionários de acção educativa, secretaria, bar, papelaria, refeitório, jardim) fazer uma pausa para leitura (em silêncio). Cada um traz um livro e lê. Onde estiver. A única pessoa que não vai estar a ler será alguém dos audiovisuais que andará pelo meio do silêncio a gravá-lo. Por isso pedimos aos professores que durante esses 45 minutos mantenham as portas das salas abertas, para que o silêncio entre, se instale a ler e possa circular com o ar.


São bem vindos todos os encarregados de educação que puderem e quiserem juntar-se-nos.


Que convidem, se quiserem, personalidades de fora da escola (artistas, criadores de qualquer área, ex-alunos, a juntarem-se a nós)

- Que os professores que estiverem em aula nesse segmento façam o favor de deixar as portas das salas abertas a fim de deixar o silêncio circular contagiando toda a escola e para se poder registar o momento pelo sector dos audiovisuais.

- Que tragam todos um livro para ler.

- A todos, apenas se lhes pede que estejam na escola a ler o que lhes apetecer. Na sala de aula, para quem for o caso disso, ou nos outros espaços.

- Que quem puder traga, para além do que vai ler, mais livros (de leitura que considere cativante e agradável) e que não tenha pena de perder, e os deixe nos dias anteriores no CR para nesse dia se poder distribuir com facilidade sem a burocracia demorada da requisição, aos eventuais esquecidos. Também podem deixar os livros nesse dia pelos vários espaços da escola para serem recolhidos por quem quiser/necessitar, eventualmente também por funcionários.



Neste dia, durante estes quarenta e cinco minutos, vamos esquecer os programas, os testes, os aborrecimentos, as mágoas, as zangas, os medos, o passado e o futuro, os ruídos e os deveres e…vamos ler. Em silêncio. Fora e dentro de nós. A ver o que acontece.



No segmento seguinte haverá um debate/mesa-redonda no Centro de Recursos sobre “Silêncio e criação” com os convidados e algumas turmas (porque, infelizmente, não cabem todas)

sábado, 9 de maio de 2009

TPC (para os que faltaram à aula sobre a estética barroca)...

... a propósito da obra Memorial do Convento:


Construção de um texto pessoal a partir da audição de música barroca (nas ligações à direita neste blogue, que incluem excertos de música de Domenico Scarlatti, o compositor que esteve na corte de D. João V), ancorado (mas não reproduzindo) em conhecimentos já assimilados sobre o barroco em geral, na literatura, na música e tendo em conta que a própria escrita de Saramago no Memorial... possui características barrocas.
O texto pode ser de reflexão, poético, narrativo ou em diálogo, mas sempre reflectindo o efeito em ti produzido pela música característica desta estética.

Texto de apoio:

ALGUNS TÓPICOS SOBRE O BARROCO NA VIDA, NA LITERATURA, NA MÚSICA:

- Estética de formas aparentes, luxuosa, de fausto e esplendor.
- Preocupação com a salvação da alma, mas também com os prazeres materiais da ostentação, do luxo que o poder confere, assim criando uma tensão permanente.
- A busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, pregando a ideia de que se nada é estável, tudo deve ser decifrado.
- Tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística.
- A literatura barroca caracteriza-se pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero.
- O barroco é conhecido como "a arte do conflito", pois (por causa do Renascimento) o homem estava dividido entre dois valores (o teocentrismo e o antropocentrismo). Por isso, o barroco pode ter uma vertente pessimista e outra luminosa. Por causa dessa mudança na mentalidade, o homem entra numa grande depressão dado que já não pode recorrer a Deus. Este conflito vai reflectir-se nas artes da época: relevo na arquitetura, movimento na escultura, luz e sombra na pintura, contraponto e ornamentação na música e antíteses e paradoxos, hipérboles, metáforas e antíteses na literatura.
- A esta angústia não são estranhos fenómenos como as pestes, com a constante ameaça de morte e a Inquisição, pela mesma razão. Esses aspectos são visíveis no Memorial do Convento
- O homem encontra-se dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu. Conflito existencial gerado pelo dilema da divisão entre o prazer pagão e a fé religiosa.
- A extravagância e o exagero nos detalhes.
- Contradição- é a arte do contraditório, onde é comum a idéia de opostos: bem ou mal, pecado ou perdão, homem ou Deus. Linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras de estilo para melhor expressarem a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna.
- Regido por duas filosofias: Cultismo e Conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas e excesso de figuras de estilo. Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visavam melhor explicar o conflito dos opostos numa verdadeira arquitectura de ideias, tal como fomos referindo durantes as aulas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sumários da semana de 4 de Maio

O barroco na música e na literatura. Tema e variações.
Ornamentação e desdobramento. Em Memorial do Convento, no Barroco e no Jazz.
Tema e variações: Audição de música de Scarlatti, de música de Bach e de música de jazz a partir de temas de Bach.
Criação de um texto com uma reflexão sobre a estética barroca na música, na literatura e no livro Memorial do Convento.

Memorial do Convento:
Leituras.
Os novos heróis.
A repressão.