«Estavas linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos de Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.»
Os Lusíadas, Canto III
Tinhas o encanto eterno de alguém que nasce para amar. Criavas com as tuas próprias mãos um arco-íris com todas as cores possíveis e imaginárias. Querias ser caçadora de estrelas, segurá-las com as tuas próprias mãos e trazê-las para casa. A Lua embalava-te, sem ela não conseguias adormecer.
Tanta fantasia criada só por ti, fez-te criar um mundo ideal.
Mas esse teu mundo foi destruído e eliminado da tua alma…
Naquele engano da alma, ledo e cego deixaste-te ir sem pensar. Voaste bem alto de forma a ninguém te poder roubar os sonhos, e planaste com o vento. Enlouqueceste, foste em palavras doces, em romances literários, em poesia lírica, em canções de amor… e perdeste-te
naquele engano da alma, ledo e cego.
Sonhaste mais alto que a verdade, e cedo descobriste que os sonhos, tal como as pessoas, mentem e são imperfeitas.
Os teus olhos espelharam a tua alma, e choraram. O teu coração estava apertado e não tinhas ninguém para o apaziguar!
E que é de ti?
Que é de ti, agora que vives num mundo aparte, agora que te impedes de sonhar, mas que não consegues impedir-te de sofrer?
Naquele engano da alma, ledo e cego o teu coração te levou, agora estás presa num labirinto sem qualquer saída, com vários caminhos iguais e com pedrinhas no chão, apenas para te obrigar a caminhar… E para quê?
Por que não levantas voo de novo, para te poderes libertar, voltares a criar um mundo de cores e ilusão como se nunca tivesses sofrido e como se nada nem ninguém tivesse a capacidade de te magoar?
És incapaz de ver a vida como antes. Tentas voar mas há sempre algo que te corta as asas e te impede de seguir ao sabor do vento. Tudo o que antes parecia bom perdeu-se no tempo.
E tu continuas a querer sonhar, mas algo mais forte que tu te impede de seguires os sonhos, porque tens medo de sofrer!
E tudo isto por culpa do teu coração que confiou
engano da alma, ledo e cego a quem alguém, um dia, ousou chamar “amor”.
Inês Antunes, 12º E
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