terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pinóquio e os deuses do Consílio


Algures na noite, no teatro Don Giovanni, um grupo de “gente” mais ou menos famosa decidia o futuro das personagens da famosa história “O Pinóquio”. Queriam mudar o rumo original das personagens, queriam impressionar o público com uma história conhecida por todos, mas com finais surpreendentes, consciências que não eram gritos, ou gritos sem consciência, madeiras que não falavam ou pessoas de madeira!
Quais deuses do Olimpo reunidos em Consílio, aventuravam-se em decisões mais ou menos extravagantes, finais felizes como os que Marte e Vénus protagonizavam para os portugueses na descoberta do caminho marítimo para a Índia, outros mais do “género Baco”, com ciladas e desfechos mais tenebrosos. “São apenas marionetas! Farão o que nós dissermos e como quisermos”, retorquiram os realizadores do espectáculo, num tom agressivo.
Escondidinho numa das arrecadações deste teatro em Praga, Pinóquio tudo ouvia muito apreensivo. “O quê? Queriam mudar a sua história, o seu destino? E ele? Alguém lhe perguntou o que queria? Não se tinha ele transformado um menino de verdade, com sentimentos e convicções? Querem calar a história já feita de Mário Collodi? “Cale-se de Alexandro e Trajano a fama das vitórias que tiveram(…)” Onde já tinha ouvido isto? No seu teatro, claro!
Pois uma história de gente, que não era de madeira, gente que partiu e lutou pelo o que queria. E que conseguiu! Sim ele lembrava-se, Os Lusíadas, assim se chamava.
Enquanto Pinóquio se debatia na sua inquietude, os mais ou menos endeusados continuavam em Consílio. Mas Pinóquio tinha alma, tinha querer! Libertou-se das cordas que o amarravam e faziam dele uma marioneta, e partiu. Partiu em busca do que acreditava e estava capaz de passar por cabos, medos e Deuses, até que alguém acreditasse nele.
Já era um homem e não uma marioneta que meia dúzia de supostos Deuses iriam manipular!








Joana Ferreira Costa

Nº15 – 12ºH

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