terça-feira, 7 de outubro de 2008

Relatório

Relatório da aula de Português, da turma do 12º E, do dia 23 de Setembro de 2008

O primeiro ponto da aula foi a mudança da data do segundo teste. Este vai passar a realizar-se dia 4 de Dezembro.

Os alunos voltaram a questionar a professora sobre algumas dúvidas em relação às faltas, às quais a professora respondeu e solicitou que novas dúvidas sobre este assunto fossem enviadas para o seu e –mail.


Continuámos a análise do poema contemporâneo iniciada na aula anterior e a sua comparação com Os Lusíadas e a Mensagem. A professora leu pequenos excertos do poema e procedemos à sua análise em conjunto, designadamente foram abordados os seguintes pontos:

“(…) uma rapariga de bata azul com dois olhos bordados no peito (…)”

Comparando com Os Lusíadas, este excerto está relacionado com figuras mitológicas: os marinheiros durante as suas viagens atravessavam inúmeros perigos, enfrentando animais marinhos, por vezes indescritíveis, ou fenómenos que só a natureza poderia explicar. Mais tarde, quando queriam contar o que tinham presenciado a outros, as suas descrições tornavam-se demasiado estranhas, fantásticas… e, deste modo, o imaginário popular enchia-se destas figuras.

“(…) o espaço dentro de si e dentro do espaço (…)”

As três obras poéticas (o trabalho de Paulo Condessa, Os Lusíadas e a Mensagem) têm em comum a abordagem de uma viagem, embora o contexto dessa viagem seja diferente: N’ Os Lusíadas trata-se de uma viagem no espaço; na Mensagem uma viagem no espírito de um povo e, neste poema contemporâneo, uma viagem de descobrimento dentro de nós mesmos.

A professora aproveitou esta frase para nos relembrar duas importantes figuras de estilo:
A antítese, consistindo na utilização de dois conceitos contrários. “o feio e o bonito”: “ o mau e o bom”, o frio e o quente”… e o paradoxo, que apresenta duas realidades que do ponto de vista lógico não podem existir. “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói mas não se sente”. De facto. o espaço é exterior ou interior, parece paradoxal que possa ser as duas coisas ao mesmo tempo, as duas ideias contradizem-se.

“(…) andei a flutuar demasiado tempo acima das cabeças (…)”

Nesta frase estabeleceu-se a relação com a atitude dos heróis que, por vezes, se elevam demasiado, sem darem conta que já estão perdidos.

“(…) muitos iguais a mim não vislumbram esta retina, não (…) com olhos flamejantes”

Esta frase descreve os olhos do herói. Por vezes, quando viajamos dentro de nós mesmos, temos de ser heróis para ter a coragem suficiente de enfrentar os nossos próprios monstros.

“(…) o negro de veludo é constante durante a noite (…)”

Neste ponto o poeta recorreu a figuras de estilo para melhor descrever as sensações que queria transmitir, utilizando a metáfora (comparação entre o negro da noite e o veludo) e a sinestesia (utilização simultânea de dois sentidos diferentes, o tacto e a visão). É como se o escuro da noite nos tocasse e nós o sentíssemos de uma forma física.

“(…) durante o dia as únicas luzes são estrelas que pertencem a constelações inalcançáveis quando a gravidade se ausenta em parte incerta (…)”

A ausência de gravidade faz com que os nossos pés não estejam bem assentes na Terra, cria uma sensação de insegurança. Foi estabelecido o paralelo com a vida a bordo de uma nau, onde não existe a sensação de terreno sólido.

“(…) Tremo e cresço perante o trono universal (…)”

Esta estrofe lembra O Mostrengo de Fernando Pessoa, que pode ser entendido como o Adamastor de Os Lusíadas. Na Mensagem, o poeta escreveu:

“Três vezes ao leme as mãos ergueu,
Três vezes do leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais do que o Mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Embora o marinheiro estivesse com medo do Mostrengo, ao lembrar-se que não estava sozinho, que se encontrava naquele mar a mando do seu Rei, em representação de todo um povo, compreendeu que estava perante uma causa maior que ele próprio e ganhou coragem para enfrentar o monstro.

O “trono universal” tem paralelo com a ideia do 5º Império abordada na Mensagem: Portugal vai implantar no mundo um trono (reino) universal espiritual, isto é, “dar novos mundos ao mundo” no campo das ideias, do aperfeiçoamento espiritual da humanidade.


No final da aula foi-nos pedido que memorizássemos uma estrofe de Os Lusíadas para recitar numa próxima aula e a professora leu-nos um pequeno conto sobre a água . A este propósito os alunos foram informados que lhes seria solicitado, futuramente, um trabalho, sendo a água um dos temas a propor, designadamente, de que forma a água aparece n’ Os Lusíadas e na Mensagem.




Ana Pinto, Nº 2, 12ºE

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