quarta-feira, 15 de outubro de 2008

UM TPC DESAFIANTE: ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO


Os Lusíadas

“Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas,”
In Os Lusíadas, canto I, est. 19



Tudo começa como uma lenda onde há sempre uma parte que consideramos verdadeira, outra simplesmente fictícia e ainda uma outra onde prevalece um mistério de como acabará.
A minha primeira impressão antes de ler Os Lusíadas era um completo mistério criado essencialmente por opiniões antagónicas de pessoas que já tinham lido a obra: “a lenda é terrivelmente aborrecida” ou “misteriosamente interessante”. Nesta altura a minha cabeça era como um enorme livro em branco à excepção da primeira página carregada de sins, nãos, aborrecimentos, maravilhas, obra esplendorosa, entre muitas outras expressões ouvidas ao longo dos anos. A certeza, porém, de que ao iniciar a leitura todo o mistério e a incerteza desapareceriam e a minha opinião poderia prevalecer, qual D. Sebastião voltando de uma conquista em África.
A leitura começou. No fundo, dentro de mim, revia as opiniões, agora fundadas, no verso do poeta – “Já no largo Oceano navegavam,” – e, provavelmente, por entre “As inquietas ondas apartando;”. Agora, à luz do conhecimento de causa diria que “Os ventos brandamente respiravam,” no bom caminho para afastar os “preconceitos” às vezes tão infundados. Agora aquela primeira página de palavras, opiniões, expressões, incertezas, começava a desvanecer-se desse meu livro em branco. Encetava a pouco e pouco tudo de novo, agora, porém com a força para começar uma nova história de ideias que “Já no largo Oceano navegavam” e que se inspiravam nas de tão notável poeta. Agora sim, essa página começava a fazer sentido, a ter a sua ordem bem definida.
E “Já no largo Oceano navegavam” páginas e páginas dactilografadas, “Onde os ventos brandamente respiravam” e tudo se tornava cada vez mais apaixonante e (na minha opinião) mais interessante do que qualquer outra página que alguma vez lera.

Diana Mascoli, 12º A

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