sexta-feira, 17 de outubro de 2008

“O nome que no peito escrito tinhas.”


(foto escolhida por Mariana Silva)

“O nome que no peito escrito tinhas.”

“Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.”


Lembras-te de quando eras pequenina? Caías, e choravas; doía-te a barriga, e choravas; magoavas-te, e choravas. Eu, apesar de sentir dor maior que a tua por te ver assim, corria para ti para te acudir e acalmar. Depois dizia-te “já passou”.
Adorava ter-te nos meus braços, coisinha pequenina. Mimar-te e dar beijinhos numa pelezinha macia, de veludo. Sentia que se te mantivesse ali, nada nem ninguém te poderia fazer mal algum.
Quando foste para a escola pensei “mais um passo na(s) tua (nossas) vida(s)”... Apesar de não chorar, pensava que, com o avançar do tempo, mais cedo ou mais tarde, te veria partir um dia, como aquelas mães que viram partir seus filhos para mares nunca antes navegados.
“Coragem” dizia eu para comigo mesma. E via-te crescer... Cada vez menos conseguindo proteger-te.
Na ilha dos amores entraste, e, mais uma vez, lá estava eu para te amparar. Choraste, umas vezes de zangada, outras de magoada. Consolei-te, de novo. Mas desta vez, fazendo-te ver que há algo mais importante e superior a isso, “o nome que no peito escrito tinhas”.
Mas nem sempre temos forças para lutar contra a corrente. Camões nadou com um só braço para proteger Os Lusíadas. E, por vezes, também nós temos de seguir-lhe o exemplo no rio da vida.
Sei que tens saudades daqueles tempos de criança inocente que não vê mal em coisa alguma, que diz e faz o que pensa sem ter medo das consequências. Sem amores nem desamores.
Sofreste bastante, e eu, desesperada por te aliviar a dor, querendo partilhá-la contigo. Mas era impossível, é impossível. Tu, que amavas, não ouvias, não escutavas, não vias... apenas sentias, “o nome que no peito escrito tinhas”.
Tornaste-te uma mulher. Continuaste a contar-me as tuas mágoas e eu a ouvi-las. Dei-te conselhos, acalmei-te e fiz-te ver o lado bom das coisas. Mas “o nome que no peito escrito tinhas”, esse, permanece inalterável...

Mariana Silva, 12º A

Um comentário:

Anônimo disse...

Um bom trabalho, continua a fazer mais =D