quarta-feira, 15 de outubro de 2008

«O céu, a terra e as ondas atroando;»: UM TPC DESAFIANTE: ESCREVER UMA CRÓNICA SOBRE OS LUSÍADAS A PARTIR DE UM VERSO DESTE POEMA ÉPICO



«O céu, a terra e as ondas atroando;» Canto Segundo, estância 90, quarto verso


O céu, a terra e as ondas atroando
, abrindo alas ao fogo português que tudo enfrenta e alcança, com humildade e perseverança. Atravessam mares, guiando-se pelo céu, conquistando terras longínquas e desconhecidas, umas mais a sul, outras mais a ocidente e ainda outras mais a oriente da grande nação. Devagar, mas com confiança, vai-se formando o vasto Império português, onde reina a história, o exotismo, a riqueza e, assim se espera, a cristandade. E mesmo que por inveja o céu, a terra e as ondas [vão] atroando, o coração lusitano resiste, continuando a sua viagem, com coragem.
Mitos, fenómenos, perigos e obstáculos vão desbravando e até os Deuses se vêem forçados a vergar perante tais proezas!
E Camões relata, numa gloriosa epopeia, estes feitos deste povo, o português, numa rima perfeita. Versa o passado, o presente e o futuro, todos conjugados numa obra harmoniosa, os nossos Lusíadas, a nossa história.
Camões e a sua epopeia chega-nos hoje, já lida, analisada, adaptada, ilustrada, até às aulas de Português, onde pequenos grandes portugueses a escutam e estudam.
Há quem veja Os Lusíadas como um livro com cantos, estâncias, versos decassilábicos e rimas, outros como a cópia das grandes epopeias clássicas, outros vêem-nos como mais uma obra que têm de estudar, enfim! Eu vejo Os Lusíadas assim:
Imaginem uma trama, que é um entrelaçado de fios, sendo que cada fio é a vida de um português. Vários fios se juntam e cruzam, formando a trama que se estende e estende até ao dia em que não existirão mais fios para a compor. Essa trama é Portugal.
Os fios da nossa trama vão-se entrelaçando harmoniosamente, desfazendo os nós do destino ao ritmo musical d’Os Lusíadas. Por vezes, os nós são intrincados, outras vezes o fio com que se tece a trama não é tão bom, mas ainda assim o desenho que dela se descobre é um desenho cheio, coeso e interminável. O desenho que Os Lusíadas descrevem e onde os próprios Lusíadas e Camões se encontram.
E Portugal assim se vai compondo. Cheio. Coeso. Interminável… Mesmo quando o céu, a terra e as ondas [vão] atroando.

Madalena, 12º A

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