sexta-feira, 17 de outubro de 2008

“Pisando o cristalino céu fermoso”


Verso escolhido: “Pisando o cristalino céu fermoso” – Consílio dos Deuses no Olimpo, 20ª estrofe, 5º verso.


Um dia questionei-me sobre tantos assuntos passados, presentes e futuros que todo o meu pensamento lógico bloqueou. Quis voltar atrás, como se “rebobinasse” o tempo e voltasse ao primeiro instante em que tudo começou para saber o que se tinha passado. Fui por fases: assunto, frases e palavras, desbravando todo o questionamento interior, achando assim que teria uma resposta mais aprofundada e que todo o pensamento lógico iria ser retomado. Era importante para mim não ter dúvidas, saber a razão de questionar as questões e a resposta a essas questões, mas mais importante ainda saber o porquê de ter questionado tantos assuntos ao mesmo tempo e o porquê de todo o meu pensamento lógico ter bloqueado. Será que foi devido aos assuntos ou apenas por serem demasiados para uma só pessoa? Se foi devido aos assuntos, intriga-me o facto de terem provocado tal bloqueio: que importância terão para todo o meu raciocínio lógico a mais do que para mim? Eu tentei pensar neles, esforcei o meu cérebro até me doer, quis ir mais além tentando ultrapassar o bloqueio sempre com uma pergunta presente na minha cabeça “Mas porquê? Eu quero pensar nesses assuntos, por que não me deixas?”. Só me apetecia chorar por não conseguir, rir pelo facto de o meu próprio pensamento ser mais forte que eu, gritar a pedir ajuda com todas as minhas forças, mas mesmo assim… nada.
Finalmente, percebi que pouco poderia fazer, o meu pensamento determina quando, porquê e de quais assuntos ele se ocupa, como se tivesse vida própria, sabes? Como se fosse vida dentro de vida.
Descruzei os braços e as pernas, enterrei os pés na areia, olhei uma última vez para a fina linha onde o mar e o céu se encontram, abandonei todo o assunto e deitei-me na toalha.
Olhei para o azul intenso e sentindo o sol na cara, na barriga e nos joelhos a escaldar, fechei os olhos e pisando o cristalino céu fermoso, como os deuses do Olimpo ao serem convocados por Júpiter para decidirem o futuro dos heróis portugueses, mergulhei nos meus sonhos, tal e qual como os portugueses se deixaram levar, sem oferecer resistência ao sonho de chegarem ao Oriente, dando sentido à longa viagem, e é essa a herança que deixaram em mim, a de não desistir dos meus sonhos e dar sentido a esta minha viagem, que é a vida…


Ana Águas
Nº3
12ºH

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