segunda-feira, 20 de outubro de 2008

“Que da Ocidental praia Lusitana”



Verso escolhido: “Que, da Ocidental praia Lusitana” – Proposição, 1ª estrofe, 2º verso




Enquanto percorria a curta distância entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, olhava para o Tejo, recordava as grandes glórias do povo Português e tentava perceber qual a importância da existência de tais monumentos, decidi sentar-me à beira rio e olhar a longínqua linha imaginária que separa os homens dos deuses. Sem perceber à primeira que era para mim, ouvi uma voz jovem e meiga que com alguma arrogância me perguntou se tinha lume. Não respondendo, olhei-o nos olhos e percebi que aquele pobre rapazinho precisava de alguém; alguém que lhe explicasse que a vida tem sentido e pedi-lhe que se sentasse por dois segundos.
Sentou-se, mas ficou calado a cada pergunta que lhe fazia, a única resposta que me deu foi que já não gostava da escola e que ninguém lhe dava valor.
Fiquei calado por momentos, mas rapidamente esse bloqueio me passou, decidi que era a minha oportunidade de perceber qual a importância daqueles monumentos. Foi então que lhe disse: que, da Ocidental praia Lusitana se tinham lançado ao desconhecido bravos marinheiros como ele. Gente que ultrapassou perigos e guerras esforçadas, sempre com a confiança de que iriam alcançar o ainda indefinido caminho marítimo para a Índia. Que os marinheiros acreditaram na mitologia, mas que acima de tudo a verdadeira coragem estava dentro deles, dentro daquele bravo povo que dentro das naus de Leiria rumou para o incerto com a vontade e a garra de honrar a pátria. Disse-lhe que várias almas foram perdidas, mas que tudo tinha um propósito, um objectivo traçado ao qual a única resposta possível era a vitória.
Estranhamente o rapaz, deu-me um abraço e sussurrou um tímido obrigado no meu ouvido; levantou-se e com convicção lançou o cigarro que segurava entre os dedos para o Tejo. Correu até eu o perder de vista.
Não percebi ao certo se o rapaz tinha percebido o que lhe quis explicar com toda aquela conversa “estranha”, mas fiquei tranquilo por tê-lo feito ver que o seu caminho não era o correcto...



Miguel Afonso Martins Rosa
Nº18
12ºH

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